A que salvou o rei - Gab Machado

Capítulo 22 - parte 2

Quando a fogueira foi acesa e a tenda era montada, Caillen caminhou para se sentar perto do fogo com a jovem ainda desacordada nos braços.

– Podemos chegar até o castelo dos Murray antes do sol se pôr totalmente se formos a cavalo. – Graham sentou perto dele.

– Iremos para lá. Só que antes precisamos do curandeiro tanto para ver a perna de Niall quanto para ver a moça. – Graham concordou com ele

Caillen observou o rosto da moça novamente e sentiu o quanto estava gelada.

– Lorde! – Um dos homens gritou – Já está montada!

– Vou levá-la – Caillen se levantou de novo.

– Pelo que me lembro seu nome é Bella e ela é parente dos Wanzeller – Graham disse já preocupado com a reação séria que seu irmão teve ao ver a moça.

Caillen apenas acenou que entendeu e entrou na tenda com ela. Os homens ficaram atentos a tenda enquanto o curandeiro não chegava vindo do castelo.
Ele a colocou deitada nas mantas e a moça se encolheu mostrando que ele estava certo, a jovem agora apenas dormia. Devagar ele quis tirar a capa que estava molhada mas quando abriu veio a surpresa, a garota estava com um vestido de noiva rasgado quase reduzido a farrapos, sujo de sangue e barro.
No instante que viu aquilo, Caillen xingou alto. A moça gemeu se encolhendo, seus dedos quase todos congelados e a pele estavam esquentando rápido trazendo dor para ela.
Ele pegou outra manta e a enrolou antes de sair da tenda, foi direto até seus irmãos e os poucos homens que estavam ali sentados sem fazer nada vigiando a fogueira.

– Esqueçam o que eu disse antes! Alistair venha comigo e mais quatro homens, iremos agora mesmo para o castelo dos Murray. Graham, você e os outros podem desfazer tudo e ir com mais calma. – Ele disse e já foi na direção dos cavalos para pegar um deles. Graham correu e segurou no ombro dele

– irmão, o que ouve? Por que essa mudança?

– Ela está vestida de noiva e tem sangue. – Ele disse levando o cavalo para perto da tenda.

– Pegue a moça e a erga para mim – ele disse para o homem que estava perto.

O homem foi rápido pegando a moça enrolada nas mantas e levando para seu Lorde. Ele a ergueu e Caillen a ajeitou na sua frente junto a cela no cavalo. Alistair já tinha chamado os homens que iam com eles e todos estavam montados já.
Eles saíram imediatamente e cavalgaram cerca de meia hora ou mais com toda a velocidade que os cavalos aguentavam até chegarem no castelo dos Murray onde o Lorde saia para o lado de fora falando com Storm que Caillen tinha mandado antes com mais homens para busca de um curandeiro.

– Lorde McLauchlan! – Paul Murray exclamou em saudação ao vê-lo.

Caillen pulou do cavalo já entrando no castelo falando com o Lorde Murray

– Desculpe chegar a essa hora mas um problema nos encontrou – Ele disse andando rápido.

– Sem problema, sabe que minhas portas estão sempre abertas para você e sua família. – Paul olhou o rosto feminino embalada nos braços de Caillen – Belo problema.

A velha curandeira Dominica rapidamente entrou no quarto já chamando algumas mulheres para lhe auxiliar quando o Lorde McLauchlan entrou.

– Ela tem algum parentesco com o senhor? – Ela questionou Caillen enquanto as mulheres expulsavam os homens curiosos.

– Mais ou menos... Eu não sei – Caillen se viu confuso – Mas ficarei aqui. Tem algo complicado em relação a ela e preciso ficar com todo respeito.

– Então está bem, não costumo permitir coisas do tipo mas conhecendo seu caráter permitirei – a curandeira franziu a testa já dirigindo sua atenção a moça.

Uma das mulheres que estavam ali para auxiliar tirou a manta e quando a outra tirou-lhe a capa a curandeira arregalou os olhos, antes que de todos ali perceberem ela tampou novamente

– Saiam todas. Nos deixem a sós aqui. Lorde McLauchlan irá me auxiliar. – Todas saíram sem reclamar, nenhuma delas realmente queria ficar ali a noite ajudando a velha.

Dominica primeiro checou e constatou que o sangue não era dela.

– Lorde Caillen alimente a lareira, esse quarto deve ficar bem quente pela próxima hora. – Ele obedeceu.

Enquanto ele jogava mais lenha no fogo virou olhando atentamente a curandeira tirar o vestido arruinado da jovem e revelar os grandes hematomas roxos desde a clavícula até às coxas.

– Céus, ela deve ter apanhado feio – Dominica franziu a testa e começou a fazer seu trabalho.

Não demorou muito e ela foi até o homem que estava sentado na cadeira no canto do quarto.

- Lorde, ela vai ter febre em breve, deve leva-la para seu castelo se não quiser passar o resto do inverno conosco aqui, está vindo uma grande nevasca em alguns dias. – Caillen se levantou concordando.

- Iremos agora mesmo – Ele olhou para a moça deitada na cama

- Irei pedir ao Lorde Murray reabastecer as provisões de água que irão precisar pelo caminho. Um dia de viagem pode ser reduzido pela metade se forem rápidos.

– Certo, eu agradeço muito a sua ajuda.

– Quem deverá agradecer é estar jovem ao senhor, não sei quem ela é ou que ela fez mas algo bom não foi. Até seu cabelo foi destruído e está num estado tão ruim que acredito que tenham usado a força para isso também. – Caillen confirmou e a curandeira saiu do quarto deixando a porta aberta.

Ele se sentou na beirada da cama e passou a mão pela testa dela, de fato ela estava começando a dar sinais febre.
Pegou os restos do vestido do chão e a bolsa que estavam com ela, Graham tinha lhe entregue minutos antes quando o resto dos homens finalmente tinham chegado.
Caillen abriu a bolsa e jogou tudo o que tinha na cama. Várias belas joias e pedras da realeza. Além daquilo nada chamava muita atenção menos um colar simples que estava entre os farrapos que sobraram do vestido. Ele pegou e observou era uma pedra muito bonita e diferente das demais, virando ele viu algo que perturbou sua mente. Ali tinha gravado o brasão da família real de Neakail. O lord olhou para a moça e guardou consigo para checar aquilo depois.

– Será você então a mulher daquela noite? – Ele disse alto seus pensamentos se lembrando da noite que estivera no palácio de Rikiblár, não tinha enxergado muito bem mas com a mesma quantidade de luz do terraço do palácio conseguia ver bem as semelhanças.