Esperança?

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Continuei gritando, pois no fundo ainda tinha esperança que alguém estaria procurando por mim. Queria que o James me perdoasse por ter desconfiado dele, por ter imaginado que ele era um assassino. Queria que ele estivesse procurando por mim.

Como eu pude ser tão burra?

Me sentei de costa para a porta e de olhos fechados eu orei por ajuda. Queria ser salva, queria viver! Percebi o quanto era ingrata, o quanto todas as minhas dores se transformavam em nada em meio aquela sensação. Desejei ver até mesmo a minha mãe. Me lembrei do cheiro dela e dos nossos raros momentos sinceros. Eu quase conseguia ouvir a Cris praguejando o caso de isso ser um engano de novo. Eu conseguia sentir o James, seu toque e seus braços protetores em volta de mim. Queria tanto que ele não desistisse, que me salvasse como tinha feito tantas vezes desde que nos conhecemos.

Me arrastei até o buraco na parede que me permitia ver a Fran e tentei abri-lo um pouco mais, queria poder falar com ela, queria que fugíssemos dali.

- Fran, Francielly, você consegue me ouvir? - Perguntei fazendo seus olhos se voltarem para mim.

Ela murmurou alguma coisa, mas não conseguia entender, então comecei a procurar algo no quarto que pudesse me ajudar a abrir aquele buraco, eu precisava ajudá-la antes que ele voltasse. Olhei todas as gavetas, no guarda-roupas e pelo chão. Não havia nada.

Eu quase conseguia escutar o tic tac do tempo. Precisava fugir dali, mas como faria?

Ouvi novamente a porta se abrir e me encolhi contra a parede.

- Não fique no chão Amanda! - falou me ajudando a levantar. - Está frio demais, venha sente-se aqui - e me conduziu de volta para cama. - Eu trouxe nosso jantar! - e sorriu enquanto voltava para porta para pegar uma bandeja.

Durante o curto período que a porta ficou aberta, eu conseguia ver uma escada na lateral esquerda. Aqueles degraus eram a subida para minha liberdade, mas como passaria por ele? Como conseguiria tirar a Fran de lá sem que ele percebesse.

Ele trouxe lamen. Ainda estava fumegando no copo. Me entregou o copo e ficou soprando para mim, me incentivando a comer com o olhar.

Eu estava faminta que quase queimei a língua.

- Calma Amanda! Não tenha pressa - e sorriu daquele jeito calmo e assustador. - Ainda temos muito tempo.

- Temos? - perguntei fingindo entrar na paranoia dele. - Estou me sentindo sufocada aqui! Me deixe sair!

- Falta pouco querida - beijou o alto da minha cabeça. - E logo estaremos livres.

A ideia dele de liberdade era a morte. Era assustadora, mas me fazia lembrar que aquela ideia também já tinha sido minha. Conhecer o James tinha mudado tudo, mas do que adiantava pensar nele? Lembrar dele? Se eu não o veria nunca mais?

O agente Clarck ficou me observando comer como se fosse um dia comum, como se eu não fosse sua prisioneira.

- Levou comida para a Fran? - perguntei colocando o copo vazio no chão.

- Ela não precisa comer - respondeu se levantando da cama. - É mais fácil controlá-la enquanto está fraca

- Por favor! - respondi tentando não pensar no que ele queria dizer com aquilo. - Me deixaria feliz.

- O que a senhora acha? - perguntou olhando para atrás como se alguém estivesse lá. - Hum... pensei o mesmo. - respondeu alguns segundos depois.

- Posso pelo menos ir ao banheiro? - eu precisava sair dali. - Estou muito apertada.

- Banheiro? - e olhou novamente para trás como se voltasse a consultar o nada.

- Com quem está falando? - perguntei sem entender o que estava acontecendo.

O Colecionador de BorboletasWhere stories live. Discover now