Suspeito

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Ela acordou após quase três horas inteiras dormindo.

_ Eu não acredito que dormi _ disse esfregando os olhos. _ Aposto que é culpa daquele comprimidinho amarelo _ e sorriu.

_ Está tudo bem _ respondi tocando seu rosto de leve.

Ainda não tinha ideia se conseguiria dizer tudo de novo. Ela parecia tão em paz, tão serena que mordi a língua para conter o impulso de contar qualquer coisa.

Sim eu era um covarde.

_ As meninas devem estar desesperadas, procurando por mim _ disse se endireitando.

_ Eu imagino que sim _ respondi ainda em um grande conflito interno.

Contar a ela era o certo,  mas as palavras lutavam para ficar guardadas.  Elas não queriam sair. Ou eu era egoísta demais para permiti-las.

_ Promete vir me ver amanhã? _ perguntou colando seu rosto ao meu. _ Pode estacionar aqui de novo, eu vou vir com outro disfarce _ Pausou. _ Acho que as meninas e o Josh me viram saindo com esse.

_ Josh? _ perguntei franzindo a testa. _ O mesmo que foi atrás de você no estúdio?

_ Sim! Meu ex _ disse após um bocejo. _ Ele foi levado junto conosco para o distrito, queriam saber de todos que estavam lá se tinham visto algo suspeito,  mas no final das contas, não encontraram nada relevante e acabaram por liberar todos nós.

Apenas concordei pensativo, ainda não entendia como todas aquelas coisas aconteceram.

Tentei me lembrar dos detalhes, mas precisaria estar longe da Amanda para conseguir pensar com clareza.

A nossa proximidade tirava minha concentração completamente.

Ela me beijou novamente e depois saiu do carro em direção ao seu prédio. Fiquei acompanhando cada passo, até que ela desapareceu.

Arranquei o carro ainda pesaroso por minha covardia. Eu não tinha conseguido contar a ela a verdade.

Parecia tão fácil dizer quando ela não estava por perto. A coragem e o senso de fazer o que era certo estavam presentes,  mas perto dela as palavras se escondiam.

Eu tinha conseguido reunir todas as minhas forças para contar, mas quando me ouvi,  tudo parecia tão incoerente e suspeito que talvez nem mesmo eu acreditaria naquela história.

Mas ela não tinha escutado nada e não sabia como dizer novamente. Não conseguia. Porem, pelo menos dessa vez tentaria me redimir.

Não descansaria até  encontrar o maldito assassino que estava atrás dela.

Dirigi até em casa, mas quando estava abrindo a porta, me deparei com uma mulher alta e loira. Ela estava de saída e não pareceu muito confortável ao me ver.

Encontrei meu pai tenso, ele tentou disfarçar ao me ver, mas não obteve muito sucesso.

_ Encontrou a Amélia?  _ perguntou tentando tirar  o foco de si.

_Sim _ me limitei a dizer. _ Quem era ela? _ perguntei inclinando minha cabeça para a porta.

_ Era apenas uma amiga _ respondeu com um meio sorriso.

Aproveitei o desconforto dele para ir para o meu quarto. Precisava achar um padrão. Algo que me ligasse aos crimes, algo que fizesse alguém querer me incriminar.

O Ex namorado estava no topo da minha lista.  Ele poderia ter seguido a Amanda e por ciúmes tentado me incriminar.

Ele também estava no estúdio quando a outra garota desapareceu. Tudo levava as minhas suspeitas até ele.

Mas com toda certeza ele sabia quem eu era.
Então, por que não me entregou quando teve a chance?

Ainda havia tantos buracos nessa história que eu sabia que precisaria de muito mais para poder ter algo consistente e plausível. 

Peguei o notebook do meu pai que ainda estava no quarto e criei uma pasta com tudo que eu sabia sobre os crimes e sobre o que tinha acontecido comigo.

Mas enquanto digitava, percebi algo básico.  Eu precisava das informações que o FBI tinha sobre o acaso e pensei que talvez eu devesse conhecer um pouco melhor os amigos do meu pai.

Talvez encontrasse alguém bom o suficiente para me ajudar. Nunca pensei em me envolver em nada desse tipo, mas precisava desesperadamente de um hacker.

O Colecionador de Borboletasजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें