Sequestro

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Assim que começou a segunda parte da entrevista e eu tive que falar sobre meus medos, fiquei pensativa. Eu tinha milhares de medos, mas antes que as palavras fluíssem, olhei para frente e lá estava o James.

Pensei que ele era uma miragem, porém estava feliz por ter pelo menos a capacidade de vê-lo na minha mente, mas daí caiu a ficha que miragens não sorriem e nem acenam com a cabeça.

Me concentrei no rosto dele e falei usando todo o meu coração naquela resposta. As pessoas no estúdio pareciam mais amistosas depois disso. E assim que as câmaras foram desligadas eu não aguentei e fui o mais rápido que consegui com aqueles saltos em sua direção, mas antes que conseguisse, Josh apareceu entre nós. Ele tentou demonstrar remorso, mas seus olhos não condiziam com suas palavras. Era como como um mal dublador. Consegui dispensá-lo para enfim chegar ao o único destino que me interessava: James.

Ele me conteve com um olhar, e me fez perceber que havia muito mais que nós dois naquele momento. Mas os gritos de Fabricia me deixaram em alerta. Fran tinha desaparecido. Ter seu celular ficado para trás só poderia indicar que ela não tinha saído por livre e espontânea vontade.

Foi impossível nao pensar que aquele psicopata estava atrás de mim. E se ele queria me assustar, tinha alcançado seu objetivo com sucesso.

Quando voltamos para o estúdio não vi James. Pensei em procurá-lo, mas ao olhar ao meu redor percebi que não poderia inclui-lo naquela bagunça. Nao poderia fazer que suspeitassem dele.

O agente Clark, foi como sempre um verdadeiro cavalheiro. Nos levou em seu carro para o distrito policial, mas infelizmente foi o agente Drayke que nos interrogou. Começaram falando com a Fabricia e me deixaram por último. Sabia que o Hanniexter não perderia a oportunidade de importunar.

- Tem certeza que prefere que todas as suas amigas morram para nos contar toda a verdade? - disse assim que entrei na sala.

- Eu disse tudo - respondi tentando demonstrar confiança.

- Nós dois sabemos que isso nao é verdade - continuou com um sorriso irritante.

- Se sabe tanto, estamos perdendo tempo com essa conversa - respondi devolvendo o sorriso.

Por fora confiante, mas por dentro estava gritando.

- Você não tem a menor ideia do que está acontecendo - disse como se eu não estivesse no olho do furacão. - Pessoas morreram, sua amiga foi sequestrada e mesmo assim você se mantém na defensiva.

- Imagino que esteja traçando meu perfil também, mas antes que termine, lembre-se que enquanto estiverem puramente centrados em mim, não vão conseguir nada - disse olhando nos olhos dele. - Eu não estou mentindo, nem escondendo uma historia mirabolante, eu simplesmente quero me sentir segura e isso você está muito longe de me oferecer.

Terminei de falar e fui em direção a porta. Ele não me impediu, mas senti como se tivesse pelo menos o feito pensar a respeito.

Estava cansada de ser a suspeita. Eu era tão vitima quanto as garotas mortas.

Vi as meninas e as abracei. Fabricia estava desconsolada. E quando me trouxeram água percebi o quanto tudo aquilo estava me afetando.

- Você precisa de um calmante também Amanda - disse Carol me entregando um comprimidinho amarelo. - Sempre trago os meus na bolsa.

Tomei o remédio com resto da água que sobrara do meu copo. E me sentei do lado de Fabricia. Ela repetia sem parar usando sua língua mãe coisas que eu mal conseguia entender, mas sabia que falava sobre Fran, sobre o quanto a queria de volta.

Eu não tinha irmãos, não poderia nem dizer o que ela estava sentindo, mas eu tinha a Cris e agora tinha o James e se algo acontecesse a eles , eu não sabia como reagiria.

Cris era mais que a minha amiga, ela era minha família. Alguém que sabia que nunca me deixaria em apuros e o James era meu ponto de equilíbrio e ao mesmo tempo minha instabilidade. Ele conseguia me tirar o fôlego e ao mesmo tempo me trazer toda paz que passei a vida tentando encontrar.

- Vou levar vocês em casa - disse o agente Clark nos conduzindo até seu carro.

- Já descobriram quem levou a Fran? - perguntou Carol.

- Quem fez isso apagou os vídeos das câmaras de segurança, ainda não temos nada - e se virou para olhar para Fabricia. - Mas logo a encontraremos.

Me senti melhor sabendo que não iríamos embora com um estranho. O agente Clark era meu aliado. Tinha me provado por muitas vezes ser de confiança. Sua risada ainda ressoava em meus ouvidos sempre que olhava para ele.

Assim que chegamos ao prédio eu avistei o carro do James. Esfreguei os olhos por medo do remédio está começando a fazer efeito. Mas o carro continuou no mesmo lugar.

Ajudei Carol a levar Fabricia para o quarto e fui me arrumar de Amélia. Saí na ponta dos pés para que elas não percebessem.

Estava preocupada com a Fran, mas eu não conseguiria ficar em casa, sabendo que James estava la em baixo.

Desci de elevador, mas estava tão cansada. Caminhei lentamente até a saída e ao ver o carro tentei ir o mais rápido possível.

Assim que entrei no carro o abracei. Eu não queria ouvir nada naquele momento. Eu apenas precisava da segurança de seus braços.

Infelizmente o remédio falou mais
alto e acabei dormindo. Porém ao acordar eu não senti medo. Senti seu toque e o gosto dos seus lábios e sentir isso levava toda tensão para longe de mim.

O fiz prometer que voltaria. Eu sabia que não poderia passar por tudo aquilo sem ele.

Voltei para casa. Tirei o disfarce e ainda c a luz apagada fui ao quarto de cada uma delas, queria ter certeza que elas não tinham percebido nada.

Quando deitei na cama, senti a presença de alguém no quarto, mas estava tão escuro que era impossível ver alguma coisa.

Estava com tanto medo que minha voz não saía e eu só conseguia pensar que talvez não sobreviveria para ver o James e a Cris de novo.

O Colecionador de BorboletasWhere stories live. Discover now