T-byte

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Fechei o notebook e fui para sala me encontrar com o meu pai. Ele estava no celular, mas encerrou a conversa quando percebeu que eu o estava esperando.

_ Precisa de alguma coisa filho?

_ Eu quero trabalhar com você! _ disse para sua surpresa.

_ Isso está fora de questão!

_ Eu não vou me meter em confusão,  apenas quero entender direito esse minha nova realidade.

_ Sua realidade é o emprego que consegui para você como biólogo na reserva Myst.

_ Biólogo? _ perguntei surpreso.

_ Sim! É nessa carreira que você deve se concentrar e não em se envolver com o que eu faço _ disse e respirou fundo.  _ Não é o que eu desejo para você.

_ Tem razão!  _ disse e me sentei no sofá.

_ Vou preparar um lanche para nós.

Acenti com a cabeça e assim que ele foi para cozinha, peguei seu celular e fiz uma busca em sua agenda para tentar encontrar algum nome que pudesse sugerir um hacker.

Encontrei T-byte.

Anotei o número na minha mão e fui para a cozinha para que ele não percebesse nada. Lanchamos juntos e depois do meu pedido senti que ele olhava para mim com preocupação. Com certeza não queria que eu me envolvesse com as pessoas que ele se relacionava.  Talvez na tentativa de me proteger.

Voltei para o meu quarto, peguei a carteira e fui até uma loja comprar um celular descartável. Disquei o número e a pessoa do outro lado atendeu mas ficou em silêncio.

_ T-byte, você não me conhece, mas sou...

_ Filho do senhor Homero e está em frente ao McDonald's. _ respondeu como se pudesse me ver

_ Você é realmente muito boa _ sorri

_ A melhor _ concluiu

_ Preciso da sua ajuda!

_ Hum... Dando um zoom aqui, você parece até bonitinho... talvez eu possa te ajudar.

_ Onde encontro você?

_ Eu encontro você! _ e desligou.

Se ela fosse tão boa quanto aparentava ser, eu estaria mais perto de descobrir toda a verdade.

Caminhei de volta para o carro, mas ao entrar tive uma grande surpresa. A porta estava destravada. Abri com cuidado. Sabia que estava na mira de um louco e todo cuidado parecia pouco. Já imaginava o carro explodindo, ou ser em fim atacado por alguém armado.

Não havia nada de diferente no carro, então comecei a perceber o quanto tudo aquilo estava mexendo com a minha cabeça. Provavelmente eu mesmo tinha esquecido de trancar. Eram tantas preocupações.  Amanda ainda corria perigo e eu não tinha contado a verdade a ela. Uma verdade que poderia colocar tudo a perder.

Me sentei e liguei o carro.

_ Além de bonito queria saber se beijava bem _ disse uma maluca após pular do banco de trás para o meu colo, me surpreendendo com um beijo.

_ T-byte? _ perguntei ainda surpreso.

_ A única _ respondeu com um sorriso debochado enquanto sentava no banco do carona.

_ Você é louca?

_ Louca, linda e a melhor hacker do pedaço _ e gargalhou. _ E ah eu não saio beijando estranhos... _ pausou para me analisar.  _ Só os bonitinhos.

_ Eu preciso de ajuda _ disse tentando fazer com que ela mantivesse o foco.

_ Eu sei... Foi acusado de assassinato no Brasil, crime esse muito parecido com a série de assassinatos que tem deixado o FBI maluco.

_ Como sabe tanto sobre mim?

_ Quando seu pai disse que te traria para morar com ele, quem você acha que ajeitou tudo? _ perguntou colocando os pés no painel do carro, enquanto tentava achar uma música
boa.

Ela era só uma adolescente, devia ter no máximo 18 anos. Tinha cabelo cacheado e comprido. Um estilo bagunçado, completado por um oculos de grau moderno.

_ Eu sei tudo sobre você, só não tinha permissão de me aproximar _ disse aumentando o som em uma música maluca que eu nunca tinha ouvido.

_ Meu pai mantém o trabalho bem longe de mim.

_ Sim, ele gosta de proteger você,  mas como conseguiu meu número?  _ perguntou curiosa.

_ Achei seu nome sugestivo e precisava de uma hacker.

_ Seu pai salvou meu número como T-byte? Sério? _ e gargalhou. _ E eu preocupada com o FBI.

_ Vai me ajudar?

_ Claro! _ disse se aproximando de novo. _ Você é inofensivo e estou entendida essa semana.

_ Preciso encontrar o assassino e descobrir, o porquê ele me envolveu nisso.

Ela continuou cantando como se nem estivesse me ouvindo.  Parecia uma maluca, mas era minha melhor opção.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora