De volta

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   Terminamos a dança com um beijo. E depois disso como eu poderia querer ir embora?

   _ Vai ficar tudo bem Amanda _ disse ele roçando sua boca na minha.

_ Ele invadiu meu quarto... Tocou em mim _ disse sentindo o medo voltar com uma intensidade assustadora. _ E eu não fiz nada, não consegui ter nenhuma reação.

_ O assassino tocou em você?  _ disse me abraçando forte. _ Ele machucou você!  O que aconteceu Amanda?

_ Não... Não aconteceu nada, ele fugiu pela janela da mesma forma que entrou,  mas agora a polícia está acampada na minha casa e eu estou me sentindo uma prisioneira _ sentei de volta no banco colocando as duas mãos no rosto.

_ Eu não posso permitir que você volte para lá! _ respondeu se ajoelhando de frente para mim.

_ Não há  nada que possamos fazer  James! Ele está com a Fran e eu não posso fugir e abandonar as meninas... Elas precisam de mim _  Tracei seu rosto com meus dedos. _ Eu só queria que ele fosse preso logo porque aí nós não precisaríamos nos esconder.

   _ É meu maior desejo também  _ disse ele segurando minhas mãos e dando beijos em cada uma.

  _ Eu preciso voltar agora _ disse me levantando _ Antes que eles pensem que fui levada como a Fran foi.

_ Eu vou com você! _ disse segurando minha mão e caminhando ao meu lado.

_ É... Eu acho que seria muito bom.

Caminhamos abraçados até o carro dele e de lá ele dirigiu até meu prédio. Não consegui dizer nada durante a viagem, só queria aproveitar cada segundo exalando seu cheiro protetor e sentindo seu braço em volta de mim.

Ao chegarmos, eu o abracei forte e o beijei. Um beijo carregado pelo medo de deixá-lo, medo do que poderia vir aseguir.

Desci do carro e entrei no prédio sem chamar atenção,  mas encontrei Brisa no elevador. Havia tanto tempo que eu não a via que foi estranho.

Ela estava com o cabelo mais comprido do que eu me lembrava e ainda mais cacheado, porém sua enganosa expressão gentil estava lá.  Ela sorriu para mim e tentou puxar assunto, mas eu ainda não tinha conseguido perdoá-la. Então a ignorei.

Descemos juntas no oitavo andar e caminhamos para a mesma porta. Ela olhou para mim com o cenho franzido, como se tentasse entender.

_ Amanda? _ perguntou tentando ver além do disfarce.

_ Olá _ respondi tentando ser indiferente.

_ O que está fazendo aqui fora, sem proteção?

_ Oh! Me esqueci do quanto sou importante para você!  _ respondi com um sorriso irônico.

_ Amanda eu sei que eu errei, me deixei levar pela conversinha do Josh, mas eu nunca quis magoar você _ disse se aproximando mais.

_ Eu não confio mais em você.

Um policial abriu a porta e nos deixou entrar após fazer um interrogatório. Brisa foi logo liberada, mas eu não tinha muitas informações para dar sobre a personagem que tinha criado, então  as meninas vieram com Brisa me libertar, dizendo que éramos todas amigas.

_ Onde está a Amanda afinal? _ perguntei tentando desviar a atenção.

_ Em um banho relaxante e eterno _ disse um dos policiais, o qual foi logo repreendido por outro.

Ainda não sabia como faria para voltar para o banheiro sem chamar atenção.

Carol fingiu um desmaio, atraindo todos os policiais para seu redor e Brisa com um grampo de cabelo abriu a porta para nós duas. Entramos e a trancamos novamente. Retirei o disfarce e enfiei tudo dentro da bolsa e enrolei uma toalha no cabelo.

_ E vai sair com essa maquiagem de Eleven? _ perguntou ficando entre a porta e eu.

Só então percebi que no desespero para voltar a ser a Amanda que eu nem tinha retirado maquiagem punk.

Ela me ajudou a retirar tudo e por alguns instantes, nada tinha mudado. Ela era minha velha amiga. A mesma que tinha compartilhado comigo os primeiros anos naquele lugar.

_ Vamos Amanda _ disse abrindo a porta do banheiro.

Saímos juntas e mesmo sob os olhares confusos dos policiais nos reunimos com as outras garotas no meu quarto.

_ O que foi isso Amanda?  _ perguntou Carol.

_ Eu só precisava tomar um ar _ respondi tentando esconder o quanto estava tensa com aquela conversa.

_ É sério? Minha irmã está por ai desaparecida e você é que precisa tomar um ar?  _ disse Fabricia elevando a voz.

_ Shiiiii! _ disse Brisa. _ Há policiais bem  atrás dessa porta, então é melhor nos contermos.

_ E você se conteve muito quando ficou com o Josh não é? _ replicou Fabricia sentando-se novamente.

_ Eu errei feio e não me orgulho, mas estou aqui por vocês e não importo se tiver que ouvir esse tipo de coisa _ disse olhando para cada uma de nós.  _ Eu apenas queria entender isso direito.

_ Não há o que entender! Só podemos torcer para que esse louco seja preso _ disse Carol apasiguando a situação.

_ Ou podiamos entregar a Amanda para ele! _ disse Fabricia. _ E não me olhem assim, todas vocês sabem que tudo isso é culpa dela.

Ouvir aquelas palavras doeu ainda mais forte do que quando vinham apenas da midia, apenas de estranhos.

_ Vai saber se ela não estava com ele! _ continuou Fabricia.

_ Talvez você tenha razão e talvez eu devesse me entregar para ele, mas por ora gostaria que vocês saíssem do meu quarto.

O silêncio dominou o ambiente enquanto uma a uma deixavam o quarto.

Tranquei a porta e me joguei em cima da cama, mas dessa vez não para chorar. Dessa vez eu iria a fundo nessa história.  Eu iria descobrir quem 'ele' era.

O Colecionador de BorboletasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt