Relaxou, só percebendo depois que Thiago olhava sem cerimônia alguma para o par de coxas expostas, enfurecida, tampou-as. Porém, à medida que ele teve a visão das pernas tampadas, subiu o olhar descaradamente por todo o corpo de Bárbara e estudou cada parte do corpo feminino a seu lado. Completamente constrangida por ele sequer disfarçar que olhava seu corpo parecendo a procura de algo, Bárbara, virou-se um pouco e olhou pela janela. 

O trajeto do hospital até a mansão demorava mais do que ela se lembrava. No caminho, ela reconheceu o ponto onde o então marido havia parado para pressioná-la a recobrar a memória que ele mesmo julgou ser recuperável. Deu tempo de ver também a ribanceira do qual ela e Júlia haviam caído. Arrepiou-se. Era um milagre estarem vivas.

Lembrar-se do local do acidente, a fez automaticamente lembrar-se de Júlia. Sentia vontade de perguntar sobre a filha, mas continha a curiosidade longe de Thiago, limitando-se ao silêncio e ignorando a presença dele com todas as forças possíveis. Entretanto, algo parecia emanar da consciente presença faustuosa dele, fazendo com que essa se tornasse uma tarefa difícil para ela.

 Entretanto, algo parecia emanar da consciente presença faustuosa dele, fazendo com que essa se tornasse uma tarefa difícil para ela

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Júlia a saudou com uma explosão de felicidade assim que a viu romper pela porta. Surpreendentemente, começou a falar, em frases curtas.

— Ela não disse nada antes! — Gabriela contou completamente encantada. — Eu nem sabia que ela já falava...Talvez ela esteja feliz agora.

— Talvez. — Bárbara murmurou enfatizando a palavra.

Thiago apenas observava tudo, olhando de modo austero e ao mesmo tempo intrigado com a menininha demasiadamente feliz.

— Colo, mamãe! — a menina pediu, estendendo os bracinhos.

Bárbara buscou um assento próximo e dirigiu-se até lá com a menina em seu encalço. Com cuidado, sentou-se e se ajeitou para ficar confortável, enquanto a menininha encarava a muleta e as talas um pouco assustada, porém, logo esqueceu do que via quando Bárbara a chamou para perto e a tomou no colo.

Thiago estudava tudo de semblante frio, achando ser aquela uma grande armação de cena, quando por fim, retirou-se para o escritório, sem antes dar ordens em alto e bom tom a um soldado para vigiá-la. Aquilo, novamente a deixou completamente inervada e desconfortável.

Será que ele desconfiava mesmo que ela poderia fugir estando agora usando muletas?

Buscando o autocontrole decidiu ignorar e dar completa atenção à filha. Beijou-a e a mimou diversas vezes. Fez-lhe cócegas com o dedo, fazendo-a rir gostosamente alto, a colocava no colo a todo instante, como se certificar de que finalmente a filinha estava ali, em seus braços. Brincaram juntas durante várias horas ali no sofá, quando um pouco mais tarde, Gabriela apareceu com a bandeja de almoço Júlia, que naturalmente quis que a mãe a alimentasse.

Com muito esforço, usando o lado da mão pouco costumeiro, Bárbara alimentou a filha, sentindo grande prazer nisso. Depois, quando Júlia já havia dormido em seu colo, Gabriela apareceu novamente e a levou para o sono da tarde. A criança parecia perfeitamente feliz.

Às três da tarde, Bárbara sentia-se cansada e desejava subir para tomar banho e descansar antes do jantar. Pouco receosa, pegou a muleta encostada e dirigiu se devagar para a saída da sala, rumando para a escada. O soldado que até então a vigiava dentro da sala, veio em seu encalço, vigiando-a de perto. Bárbara travou os dentes de raiva.

Presa em seu esforço, escutou passos vindos atrás de si, e viu Irma acompanhar um homem alto e grande com chapéu de cowboy, pareciam se dirigir justamente para o escritório de Thiago. Ao passarem por ela, Irma deu um pequeno e discreto aceno, já o homem, pareceu de início não notar a presença de Bárbara, que observava curiosa, mas logo tratou de se concentrar em subir as escadas.

O desconhecido, porém, notando que Irma olhava em direção a escada olhou também e viu Bárbara, que teimosa, insistia com o soldado ao dizer que não precisava de ajuda para subir. A cena fez com que um leve abrilhantar surgisse nos olhos do cowboy.

— Que bom vê-la de volta, Bárbara! — Sem entender quem falava com ela, Bárbara levantou os olhos, vendo o homem que entrara com Irina vir até ela. — Deixe que eu te ajudo.

Pavor e apreensão tomou-lhe os sentidos quando o homem levou uma mão até sua cintura e a outra desceu em seu braço. Havia um certo comportamento e tom de intimidade excessiva nele que instintivamente, Bárbara, recuou, sem perceber que Thiago observava tudo de longe.

— Obrigada. — falou se desvencilhando do toque. —  Mas eu não necessito de ajuda. — De modo lento, mas preciso, voltou-se e subiu cada degrau com dificuldade.

Enquanto se esforçava, sua mente estava concentrada na atitude daquele homem, ela ainda podia sentir o olhar dele queimar em sua pele, e isso causava-lhe vergonha, angústia e certa timidez. Entretanto, o alívio por Thiago não ter visto aquilo era enorme!

O que durou pouco. De repente, seu corpo foi erguido, fazendo-a ter um leve sobressalto. Assustada, viu que era Thiago quem a carregava escada acima. Perto demais do rosto másculo, viu que ele mantinha o semblante fechado e carregado, o que a fez se sentir confusa, mas ao mesmo tempo com medo. Com vergonha, desviou o olhar, ao ser pega fitando-o.

Novamente eles estavam indo para o quarto no fim do corredor. O mesmo que dividiu com ele quando esteve ali nos outros dias e, inevitavelmente, sentiu um frio na barriga.

Quando Thiago a depositou em cima da cama, Bárbara sentiu que "obrigada" não era bem uma palavra que combinava, apesar de ser instruída o suficiente para ser educada. Mas era como se a gentileza entre eles pesasse. Vendo-o parado a sua frente, somente encarando-a sem dizer nada, disse a primeira coisa que veio em sua mente:

— Quem é aquele homem com Irma lá embaixo? — 

— Um treinador de cavalos, Bárbara. O melhor de toda Calábria. E eu odiaria perdê-lo.

Rapidamente captou a ameaça velada.

— E... Por acaso... Ele é alguém que eu já conhecia antes?

— Sim. Soube que tentou seduzi-lo, antes de conseguir ajuda de Don Lang... Lógico que você só queria nele um álibi para fugir.

Bárbara abriu a boca, mas não saiu som algum. Tudo era um choque e nada fazia sentido.

— Portanto, caso haja outra tentativa de contato com Roger, ou se você for vista com ele uma só vez sequer, eu o mato e açoito você.

Lágrimas queimavam os olhos de Bárbara e um nó em sua garganta se formou com o esforço em reter o choro, mas em nenhum momento acovardou-se perante o olhar maligno e cheio de maldade que ele lançava. Aquele era um lembrete vivo do trauma que tinha adquirido. Thiago era um homem de palavras e ainda por cima muito perigoso. Se existia algo que ele poderia fazer era sem dúvidas matá-la, e agora, mais do que nunca, ela sabia disso.

— Você não terá a mesma chance de antes, porque não sairá de perto das minhas vistas. E ainda que saia, eu saberei exatamente o que está fazendo, quando e o quê estará fazendo. E, é bom que você não se esqueça disso.

Um silêncio longo e pesado caiu entre eles.

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Até Breve! ♥️

A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Where stories live. Discover now