Capítulo 3

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Assim que Thiago adentrou, em um gesto instintivo de proteção, Bárbara levou a mão até o rosto e rezou para que ele não se aproximasse dela.

— Calma, chefe! — disse Leonardo, colocando-se protetoramente entre os dois enquanto levava as mãos para frente do corpo.

A risada rude de Thiago encheu o quarto e ele respondeu com escárnio.

— Acha que se eu quisesse fazer alguma coisa com essa vagabunda eu já não teria feito, Nanderitti?  Mas para a sorte dela, não sinto a mínima vontade de tocá-la. Nem mesmo com luvas.

Empurrando o médico para o lado, caminhou na direção de Bárbara, que não desviava os olhos dele. De perto, Thiago percebeu que ela mantinha os lábios apertados de tanta tensão.

— Senhor! Ela ainda está se recuperando! — A enfermeira, que até então se mantinha quieta, disse em voz baixa e temerosa.

— De repente, você me torna a aparecer aqui, derruba um carro na ribanceira colocando a vida da minha filha em risco, e ainda diz que houve um engano... —  sentiu uma dor terrível lhe atravessar quando Thiago levou a mão pesada sobre o ferimento de sua perna e apertou.  Sem conseguir respirar tamanho pânico, reprimiu o grito que veio e, sem desviar os olhos dele, temeu por si. — É claro que isto faz parte de algum plano, não é Bárbara?

— Não sei do que você está falando — Rebateu tão baixinho que mal soube se havia sido escutada ou não. 

— O que planejava alguma coisa trazendo Júlia para cá?  — Soou a voz forte de acusação. — Você estava junto com mais alguém no carro, e algo me diz que vocês dois estavam o tempo todo esperando o momento certo de aparecer, não estavam, sua desgraçada ?!

Thiago se inclinou sobre ela e com os olhos fuzilando-a maldosamente, agarrou-lhe um punhado de cabelos trazendo-a para bem perto de seu rosto.

— Onde está meu filho, Bárbara? — O ódio vibrava no murmúrio áspero.

Bárbara olhou para o médico em busca de ajuda, mas ele parecia tão refém quanto ela. Sentia os membros tremerem diante da fúria de Thiago Guerra, mas não conseguia entender porque ele estava tão perturbado.

Filho? Será que esse filho era a terceira pessoa no carro? —As perguntas surgiam em sua mente como relâmpagos, mas ela não conseguia dizer uma só palavra. Apenas abria os lábios, mas som algum saía.

— Vou ter meu filho de volta, Bárbara! E não adianta fingir amnésia. Eu quero meu filho novamente! Nem que eu tenha que passar por cima de você para descobrir o paradeiro de Pedro!

Thiago estava visivelmente possuído pela raiva, enlouquecido. Seu rosto se contorcia de ódio quando em um  movimento súbito, a largou com brusquidão e saiu do quarto. Bárbara, jazia pálida e abalada em sua cama, olhando a porta vazia por onde ele saíra. A dor do local puxado ardia e latejava, entretanto o que mais lhe incomodava perante tudo era o sentimento de humilhação.

O primeiro a se mexer foi o Dr. Nanderitti, que tomou sua mão e segurou fortemente, a segunda foi Fiorella, que nervosa, saiu em disparada. Sem conseguir aguentar, Bárbara controlou um soluço de choro. Sentia-se horrível, confusa e deprimida. Sua mente indagava perguntas que ela mesma não saberia responder, e saber que o médico e a enfermeira haviam presenciado aquela forma de abuso e não tinham feito nada, não ajudava. Mas como julgar aquela gente? Eles pareciam temer Thiago tanto quanto ela agora!

Levantou a cabeça em direção ao médico, com os olhos cheios de água, denunciando o emocional abalado.

— Ele... esse homem, Thiago... ele me assusta! E... por que vocês não fizeram nada? Chamaram a polícia?

A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Onde as histórias ganham vida. Descobre agora