Capítulo 4

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Após medicada com calmantes por causa do choque repentino, acordou no outro dia ainda baqueada pelas informações. Não via a hora de estar sozinha com o médico e se sentia envergonhada demais para perguntar algo para Fiorella.

Apenas no final da tarde, quase no momento de troca de plantão, foi que a oportunidade de continuar a conversa anterior surgiu quando Dr.Leonardo adentrou no quarto acompanhado da enfermeira. Bárbara encarava o médico, ainda incapaz de acreditar em suas palavras, entretanto, ele parecia ignorá-la, transparecendo que de modo algum gostaria de voltar àquele assunto. Mas Bárbara ainda estava cheia de indagações que, ao longo do dia, surgiram com mais força em sua mente.

Tão logo quando se viu sozinha com o médico, foi direta:

— Está me ignorando propositalmente com medo de perguntas?

O médico, que verificava a posição do gesso em sua perna, olhou e suspirou de modo longo e profundo.

— Como seu médico, eu achei que estava preparada para ouvir algumas revelações, mas pelo que percebi, seu nível de estresse mental ainda não permite isso. Perceba que, eu não quero sobrecarregá-la, Bárbara.

— Ontem eu estava cansada, confesso, mas hoje me sinto mais preparada e pronta para receber todas as informações que você tem para me dizer.

O médico a olhou por cima dos óculos e se dando por vencido, disse:

— Se sentir sensação de desmaio, me avise, sim?

Abriu um leve sorriso para ele e assentiu em concordância, enquanto ele colocava a prancheta de lado e lhe dava atenção.

— Explique-me mais sobre Thiago e....e os filhos.

Sua mente, por enquanto, ainda estava em negação. Era difícil acreditar no que ouvira, e no que eco de sua mente propagava.

— Júlia e Pedro são gêmeos — Ele afirmou tendo mais cuidado com as palavras. — Você é mãe deles, e esposa de Thiago. Pode acreditar, Bárbara.

Mesmo depois de algumas horas absorvendo tudo aquilo, com pensamento direcionados sobre toda aquela situação, ainda assim, o choque da confirmação tornou a mexer com ela e a causar-lhe uma certa reviravolta no estômago.

— Então quer dizer... — ela disse, enojada e em choque.— Que peguei as crianças e desapareci com elas há três anos... E ainda por cima, desconfiam que foi com outro homem?! — O doutor fez que sim com um gesto de cabeça, muito atento às reações dela. — Está me dizendo que durante três anos inteiros nem ao menos tentei informar meu marido se as crianças estavam bem?

— Isso mesmo, Bárbara.

— E, ao retornar, de onde quer que seja, só tinha a menina comigo? Não estava com o menino... Pedro?

— Exatamente. Ninguém sabe onde está Pedro. Ninguém sabe onde você esteve. Ninguém sabe de onde você vinha. A única informação concreta é que você comprou as passagens no Brasil, mas segundo seu passaporte, ficou no Brasil apenas um dia só para pegar o avião. — As palavras calmas soaram no quarto com extrema clareza.

— Mas que tipo de mulher eu sou afinal? Como pude fazer uma coisa assim tão horrível?

— Não sei ao certo que tipo de mulher você é, Bárbara — A boca do médico se contorceu. — Mas conseguiu uma reputação e tanto durante o ano que passou aqui... Os componentes da famiglia jamais aceitaram seu comportamento e não estão muito felizes com sua volta.

O médico olhou-a, avaliando se ela seria capaz de suportar a informação que estava a ponto de revelar. Mas calou-se. Bárbara o encarava, o rosto ferido cheio de marcas roxas, vermelhas, marrom-esverdeadas, toda machucada. O médico sacudiu a cabeça e virou-se para sair.

A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Onde as histórias ganham vida. Descobre agora