Capítulo 8

7.2K 966 84
                                    




Com enorme velocidade um carro se precipitou, bateu na cerca de ferro que separava do profundo despenhadeiro e mergulhou para o abismo. Depois, chamas crepitando e ameaçando chegar cada vez mais perto, o calor queimava e ardia a pele, o fogo brilhava como os reflexos do inferno ameaçando devorar ela e a menininha. Bárbara chorou aterrorizada tentando se debater e acordar daquele pesadelo horrível. Voltou a si com o barulho de seu próprio grito.

Abriu os olhos e viu Thiago encurvado sob ela. A expressão dele era uma mistura de incredulidade e confusão, mas o pavor que ela sentia era um sentimento muito pior ali entre eles. Sem raciocinar direito, se levantou de uma vez só e o abraçou afundando a cabeça na curva do ombro másculo, que exalava um cheiro maravilhosamente bom. Esqueceu-se de tudo por um momento.

Bárbara tremia, em completo terror, por vivenciar aquilo novamente, e ao mesmo tempo tentava acalmar a respiração, inspirando fundo. Sentia o coração bater forte e desregular sob sua face no peito dele. Estava agarrada a aquele calor reconfortante dos braços fortes, apesar de senti-lo rígido, o que a fez ficar completamente embaraçada e se afastar, murmurando um pedido de desculpas.

— O que fez você agir assim, Bárbara?

Ela estremeceu, subitamente consciente da presença dele. Endireitou o corpo e passou as mãos no rosto.

— Eu... ah me desculpe. — disse, pálida, mexendo a cabeça de um lado para o outro, inquieta. — Que bobagem a minha, eu não costumo desmaiar com tanta facilidade...

— Como sabe? E por que desmaiou desta vez? — A fria determinação da voz grave dele, exigia uma resposta.

Engoliu em seco, enxugou o suor do rosto e arranjou o vestido que havia subido até mais da metade das coxas no corpo.

— Não sei. Mas acho que não desmaio assim tão fácil — ela informou, com calma e dignidade.

Tornou a olhar para o homem vigilante e convenceu-se que a preocupação que julgara ver nele ao recobrar os sentidos, era mera imaginação. Tentou apagar o desejo de ser olhada com preocupação outra vez.

— Olhei para o precipício e vi o carro avançar e mergulhar penhasco a baixo. Também vi muito fogo! A ponto de sentir o calor que emanava das chamas ameaçando a mim e a garotinha... — ela disse perturbada.

Thiago se pôs de pé,  e Bárbara também o fez, sem ajuda. Uma vez de pé, ele a interceptou e fez com que se virasse para tornar a olhar para baixo.

— Você e Júlia foram encontradas naquela plataforma lá embaixo. — Ele indicou o local muito abaixo da borda do abismo. — O carro onde estavam foi encontrado inteiramente queimado... O psiquiatra me preveniu que você poderia ter alguma reação diante do local do acidente, portanto, me advertiu dizendo que não deveria trazê-la. —Adquirindo a feição de puro desdenho, completou. — Mas quis testá-la e saber até onde você é capaz de aguentar com este joguinho. Caso morresse, seria apenas uma consequência.

Completamente chocada com a maldade dele, Bárbara rapidamente desvencilhou-se. Aquilo não passava de um teste! Havia acabado de sair do hospital, enfrentado momentos difíceis, mas ainda assim, ele preferira não respeitar sua recuperação e logo a colocar naquela situação propositalmente em nome de um "experimento" idiota!

Não medindo a raiva que sentia, levantou a mão e acertou o lado esquerdo do rosto dele.

— Cretino! — Bradou em alto e bom tom voltando-se indo em direção ao carro.

Mas antes que chegasse, sentiu seu braço ser pego com força e ser puxado para trás. Bárbara sentiu o corpo bater de encontro ao torso de Thiago, que com violência, a virou de volta e a levou até a beirada do abismo.

A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Onde as histórias ganham vida. Descobre agora