Um mês depois, a convivência com Thiago tinha se tornado quase que insuportável. Era fato que cada dia mais ficava difícil para ela conviver com as maldades e humilhações com que ele a tratava e principalmente agora, que vez ou outra a olhava estranho.

Um dia, depois de se aprontarem para dormir e de terem passado por um dia bastante cansativo, Thiago simplesmente decidiu que ela não dormiria mais na cama. Ela estava cansada e ele sabia, com dor nas costas e tudo o que almejava era estirar-se.

Mas quando escutou Thiago dizer que ela estava proibida de se deitar naquela noite na mesma cama que ele, engoliu o constrangimento e respirou fundo. Levantou a cabeça e olhou nos olhos dele e perguntou:

— Por que de repente isso? — Ele somente a olhou de forma desconfiada, e vendo que ele não lhe dava nenhuma resposta, indagou: — Então aonde sugere que eu durma?

— O chão vai lhe servir bem.

Ela não acreditou no que havia escutado. Abriu a boca e fechou em seguida. Ficou furiosa, pois, de tudo que já passara durante o dia, aquilo estava sendo o ápice.

— Qualquer lugar, é melhor que a seu lado, Thiago.

Ele ainda a olhou diabolicamente antes de virar para o lado e apagar as luzes e deixar o quarto no escuro. Com ódio, Bárbara marchou até o lado da cama para pegar um travesseiro, quando a voz potente soou:

— Não lhe dei permissão para pegar nada.

Com os olhos ardendo, deitou-se no chão, usando o braço como apoio da cabeça. Naquela noite o frio que sentiu pouco deixou que dormisse. O carpete despertava nela coriza e coceiras pelo corpo. Foi uma das piores noites de sua vida.

Na manhã do dia seguinte, Thiago havia imposto uma nova regra na rotina de Júlia. A partir daquele dia, a criança não teria mais permissão para acompanhá-los quando saíssem pelas manhãs e ficaria aos cuidados da babá.

A decisão foi o fim para Bárbara, que infelizmente aceitou por medo do que Thiago pudesse fazer com ela caso se negasse a aceitar. Mas era tudo muito estranho... de alguma forma ele parecia privá-la e mantê-la longe dele mesmo e da própria filha!

Sentindo isso, Bárbara fez questão de aprontar a filhinha e dar-lhe o café da manhã. Depois disto, não conseguira disfarçar que precisaria sair e não a levaria. O tempo inteiro tinha dito e repetido que ia apenas sair com o papai e que voltaria logo, mas Júlia tinha chorado muito. Finalmente depois de um tempo a criança a deixou ir, mas ainda era visível os vestígios de choro, já que o corpinho ainda estava sacudido por soluços.

Aquilo machucou o coração de Bárbara, já Thiago, observou tudo silenciosamente, não se comovendo em nenhum momento. O choro de Júlia ainda ecoava em seus ouvidos e ela se afundava em remorso. Achava uma crueldade sem sentido privar a criança da presença dela, já que era a mãe.

Agora, estavam indo para algum lugar que ela não fazia ideia de onde era, apesar de estar olhando pela janela. Ela realmente não conseguia enxergar nada devido ao tamanho de sua revolta.

Ao parar o carro na frente do grande prédio espelhado saltou do carro e saiu andando na frente, louca para chegar logo aquela sala sem vida e ficar ali as horas que tinha que ficar. Cumpriria o martírio com ódio naquele dia. Escutou a porta do carro ser batida com certa força e andou mais depressa, ansiosa com o que aquilo significava. Sentiu o braço ser pego bruscamente e bateu com o corpo em Thiago ao voltar-se.

— Não me toque! — Ela sibilou parecendo uma leoa ferida. — Você é horrível! Eu aceito que você me puna com as suas cretinices, mas como pode sacrificar tanto sua própria filha?! Se quiser usar algo para me ferir diretamente, pode usar, mas não use minha filha!

Thiago mantinha o semblante frio e indolente. Mas o escárnio no tom de voz foi inevitável quando ele disse:

— Nos seis meses depois que os gêmeos nasceram você nem olhava para eles. Sentia nojo ao amamentá-los... — Saber daquelas informações a magoou mais do que o episódio com a filha minutos atrás e aquilo a desestabilizou. — Não posso negar que a Júlia ama você, e nem que você demonstra amor por ela, e isso é de fato uma mudança que somente uma troca de personalidade explicaria... — Confusa com o que ele dizia, ela tentava acompanhar o raciocínio. Mas até que fique claro, continuo te odiando, e não acreditando em nada que venha de você.

Confusa e atormentada pelas palavras sem piedade dele, olhou bem no rosto de Thiago. Aquele belo homem, tinha se transformado na forma do monstro que a assolava, que a deixava depressiva e magoada a cada dia com tantas perguntas sem resposta. Ele achava impossível ela amar os próprios filhos, entretanto, o espectro do filho desaparecido a atormentava e dizia que ele estava mais que certo.

De olhos marejados, cabeça confusa e extremamente angustiada e triste, Bárbara sacudia a cabeça negativamente para Thiago, que inclinou-se e tentou tocá-la. Com medo, achou que era mais uma de suas violências desmedidas, e bateu sua mão na mão dele, afastando-a para o lado, completamente perturbada pela memória assombrosa dos acontecimentos anteriores.

— Falei para não tocar em mim!

Gritou nervosa, fechando os olhos por um momento e abrindo os em seguida. Num relâmpago, Thiago a agarrou pelo braço, e a puxou para um canto meio escondido.

— Toco em você a hora que bem entender, me ouviu? — A balançou com brusquidão.

— Por favor, está me machucando!

— Não volte a falar comigo desta maneira e muito menos na frente dos meus homens, ou te jogo dentro de um poço e a deixo lá por um mês! — De repente largou-a como se fosse um objeto que desistisse de comprar. — E não me vire as costas nunca mais. Esteja avisada que sou eu quem anda na frente. — disse de maneira arrogante e com ar de superioridade.

Saiu caminhando, a deixando onde estava. Sem saber que prendia a respiração, soltou-a enquanto passava as mãos no rosto, exasperada. Sua paz não durou muito, logo escutou a voz dele a chamando e de modo meio atrapalhada e apressada saiu de encontro a ele.

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Até breve! ♥️

A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Where stories live. Discover now