Depois de procurar na prateleira de baixo, Thiago encontrou um par de tênis e os deu para Bárbara, achando que ela iria recusá-los. Pelo contrário, pegou o tênis nas mãos e procurou o mesmo banquinho da noite anterior e tentou calça-los.

O tamanho de Thiago comparado ao tamanho do closet, deixava o ambiente estreito, e isto a deixava nervosa. Além disso, seus dedos duros, faziam-na se atrapalhar com os cadarços.

Vendo que ela mantinha uma certa dificuldade com os dedos, Thiago soltou um palavrão em sinal de impaciência.

— Deixe que eu faço. — interveio abaixando a sua frente.

Bárbara prendeu a respiração, o coração batendo forte ao senti-lo tão perto. Geralmente ele era uma ameaça e na noite anterior havia provado ser bastante agressivo.

—Vamos. Já tomou boa parte do meu tempo.

E lá estava! Thiago estava novamente odioso. Era como se lamentasse o fato de ter cedido a ponto de ajudá-la com os cadarços.

Desceram as escadas e entraram na saleta ao lado da cozinha. Marietta já estava sentada à mesa, comendo um pedaço de pão fresquinho. Vestida toda de preto ela limitou-se a fazer um breve aceno de cabeça para Bárbara. Mas com Thiago foi diferente o tratamento.

Buon giorno, nipote.

Thiago a cumprimentou com um beijo na bochecha e iniciaram uma conversa sobre o que fariam naquele dia, ignorando Bárbara como no outro dia.

Ela ainda estava com sono e cansada do dia anterior, por isso limitou-se a tomar uma xícara de café puro, sorvendo em pequenos goles, enquanto sua mente ainda tentava acordar.

Alguns minutos depois, quando um pico de energia apareceu e ela ia pegar um pedaço de pão, Thiago a interrompeu.

— O momento de desjejum terminou, Bárbara.

Se sentindo um pouco tímida, guardou a mão, engolindo a vergonha com um certo orgulho. Levantou-se junto com eles e saiu para o ar fresco da manhã. O céu já tinha clareado bastante. Bárbara respirou fundo olhando o sol que subia dos montes, colorindo o céu inteiro. Não notou os olhos negros que a observavam com cáustico cinismo, sem se permitir sentir sentimentos mais suaves.

Um belo cavalo negro agitou-se quando Thiago se aproximou para acariciar o pescoço forte. Ele acariciou a crina do vigoroso animal de olhos inteligentes e Bárbara estranhamente sentia-se ligada e maravilhada com o animal em questão.

Hipnotizada, aproximou-se do cavalo e analisou seu porte, concluindo que deveria ser de alguma raça pura.

— Ele é lindo! Posso agradá-lo também? — Pediu, olhando maravilhada para o grande animal.

— Limite-se a fingir que gosta apenas de cachorro. — Thiago respondeu secamente e rude.

Com a resposta mal dada, se atreveu a olhá-lo com raiva. Estava prestes a rebater, mas foi salva de um tapa quando o grande cachorro da família veio correndo de algum lugar e saltou sobre ela, carinhoso. A força do animal a assustou um pouco, fazendo-a protestar de dor, mas rindo para o bicho, e afagando-o.

Foi quando de repente, o universo bem ali, diante dos olhos de Thiago o alertasse para algo que sequer havia cogitado. Seguindo o instinto, puxou o celular e mandou uma mensagem.

Subiu num grande Jeep e sentou-se ao lado do motorista, onde Marietta conduzia. Thiago ia a cavalo na frente, e seguiam-no. Ao chegarem perto de um grande monte revestido de plantações de uvas, decidiram parar e começar a grande inspeção dali em diante a pé. Caminharam por quase duas horas, com Bárbara remoendo por boa parte dela a forma como Thiago tinha dito para ela parar de fingir, e sobre as outras atitudes grosseiras e violentas.

A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Onde as histórias ganham vida. Descobre agora