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Estou evitando ver Tony nos últimos dias. Ele tem respeitado isso e estou me sentindo realmente mal.

Não sei porquê, mas me sinto realmente apavorada com o fato de que machuquei ele. De todas às vezes que vi ele, acabei encarando ele de longe, tenho evitado descer para tomar café e geralmente espero sentada na escada, que ele saia, sabe o pior? Ele é radical e nem sequer bom dia eu recebo. Parte meu coração saber que as coisas estão dessa forma. Papai diversas vezes, essa semana, me chamou a atenção, dizendo que eu deveria tentar conviver com tudo, já que agora sei da história. Uma história pior do que realmente achei que fosse.

É terrível imaginar que sou uma peça dentro desse tabuleiro louco.

Fui a peça que matou todos os peões.

Por vezes, tenho parado para analisar quem Anthony é. Eu não consigo entender o porquê alguém tão bom tem que receber toda a raiva sempre... Porque ele, de todos, tem que sofrer?

O mundo é tão injusto.

Quer dizer, existe realmente pessoas ruins por aí se escondendo nas sombras enquanto manipula os outros para continuar encobertas... Eu, fui uma das manipuladoras, fui uma das pessoas que usou alguém bom, para me divertir.

Estou sentada na cozinha, jantando. Já é nove e alguma coisa. Fiz macarronada para eu e Amélie.

- Você parece suspeita... - digo e ela continua comendo e me encarando com certa malícia.

- Você terá uma surpresa já já. - ela afirma e sorrio.

- O que é? - ela dá de ombros. Senhor Port veio comer da macarronada também e logo foi dormir, Amélie e ele passam o tempo que conseguem, próximos, mas a situação só vai melhorar quando a temporada de caça acabar, que é daqui um mês.

A porta da frente se abre.

- Filha? Amélie? Tony? - sorrio. Papai sempre chama assim que entra.

- Cozinha! - digo e logo ele surge na porta.

- Como estão? - dou de ombros.

- Bem... - aliás, troquei de turno, Oscar me trocou, porque está preocupado. Então, agora, cubro o turno de Erick, que é de tarde. É melhor, na verdade. Aponto a cadeira do meu lado - Sente-se. Fiz macarronada. - digo e ele caminha para a mesa e se senta ao meu lado. Recebo um beijo casto na bochecha.

- Obrigado querida... Vou comer e ir descansar, estou morto.

- Se lembra não é Tenente Silver? - Amélie interrompe e ele ri.

- Lembro, não se preocupe, nem se o apocalipse chegar, será capaz de me acordar. - ele diz e se serve. Olho para os dois.

- O que estão aprontando? - pergunto desconfiada.

- Uma injeção de ânimo. - papai diz e sorrio.

- Injeção de ânimo? Hum... - finjo entende e termino de comer, papai também e lavo a louça suja. Coloco a panela sobre o fogão e tampo. Meu coração aperta. Sinto uma mão em meu ombro e olho para trás.

- Ele vai comer, não se preocupe, basta dizer que você fez. - assinto e ele beija minha testa. - Boa noite querida.

- Boa noite pai. - ele se afasta e olho enquanto se distancia. Amélie me encara com pesar e faço uma careta. - Não me olhe assim.

- Você anda muito para baixo. - sorrio fracamente.

- Descobri muita coisa Amélie, coisas pesadas. - digo e ela se levanta.

- Vamos subir? Quero que vista aquele pijama de cetim preto, amo o shorts dele e você fica linda. Combina com esse seu cabelo louco. - rio.

- Nem vou falar nada. - digo e ela revira os olhos. - Aliás, porque tenho que ficar linda para dormir? - ela dá de ombros.

O conto do Lobo MauWhere stories live. Discover now