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Ele me olha e franze o cenho.

- Você acha que eu sou um deles? - ele pergunta incrédulo. Quero acreditar que não, mas ele estava lá e além de mim, tinha três. Não havia outra pessoa, e se os assassinos estão interligados... Quer dizer que ele pode ser um deles.

- Não minta... Por que quer que eu me lembre? Por que agora? - pergunto com a voz trêmula e ele sorri com descrença. Ele cruza a sala com a mão na cabeça e ri com desgosto.

- Você acha mesmo que sou eu? - ele aponta o dedo para si. - Eu? - ele ri com deboche e passa a língua sobre os lábios. - Você precisa se lembrar de muita coisa ainda. - ele diz com desdém. - E não. Não sou um deles, mas talvez, chapéuzinho, você deseje desde sempre que eu seja um deles. Era divertido para você, certo? - pisco perplexa. Divertido? Me sinto ferida com a acusação.

- Você acha que eu me divirto com as mortes alheias?! Você é louco? - pergunto com descrença. Ele ri com desgosto.

- Eles estão atrás de você agora, eles te acharam, sei que você acha divertido ser caçada, mas tenho uma novidade, não somos mais crianças. A brincadeira acabou Ayla... - ele diz e caminha para a porta. Ele sai e pisco perplexa. Eu não me divirto com isso, isso me assombra... Não sei o que eu fiz ou o que aconteceu, mas eu estava assombrada.

Não gosto de ser caçada. Sinto lágrimas em meus olhos. Cubro meu rosto e choro sentido. Não gosto nada do rumo que as coisas estão indo.

Soluço.

Eu não quero ser o alvo de ninguém, só quero descansar, quero que isso acabe. Soluço. Meu telefone toca e atendo.

- Alô... - ouço a respiração pesada do outro lado da linha.

- Ayla... - a voz de Amélie soa. - Onde está? Preciso de colo amiga... - fecho os olhos e soluço.

- Sinto muito Amélie... Eu realmente sinto tanto... - digo com a voz falha. - Estou no hospital, creio que é o central. Estou bem tá, pegue um táxi e venha. - a ligação é finalizada e olho para as paredes brancas. Choro. Isso tudo é uma droga! Eu não quero continuar vivendo esse pesadelo.

As horas seguem e acabo almoçando no hospital. O dia está cinza para mim. Tudo parece estar acontecendo depressa e parece que a cada momento eu recebo uma injeção de adrenalina me confirmando o quanto as coisas estão piorando. Parece que estou sendo testada para ver quanto tempo resisto a tantas emoções. Amélie entra no quarto e salta sobre a cama me abraçando. Retribuo e fecho os olhos.

- Calma... - ela soluça e chora alto.

- Foi um deles! Me disseram que ele desossou minha mãe... Um deles chegou até minha casa Ayla... Eu perdi minha mãe... - ela chora e me sinto culpada. Ele deixou uma mensagem para mim. Ele matou a mãe da minha amiga. Tony tem razão em uma coisa, estou sendo caçada, por três assassinos e nem sei porquê. Aperto Amélie.

- Sinto muito... Eu sinto muito... - sussurro.

Ela permanece chorando e depois de algum tempo se acalma. Ela se afasta com o rosto inchado e me olha com o olhar vazio.

- O que vai acontecer agora Ayla... - ela sussurra. - Papai disse que eles estão atrás de você e agora te encontraram... - seus olhos marejam. - Eles vão te matar também? - ela pergunta com a voz trêmula e dou de ombros.

- Eu não sei... - digo e ela volta a me abraçar.

- Isso é perturbador. - ela afirma e retribuo o abraço.

- Você tinha razão... - digo com indiferença. - Tony não me vê como irmã. - digo com frieza - Acho que fiz algo muito errado quando pequena e não lembro o que foi, mas prometi a ele alguma coisa e ele escondeu todos esses anos o que sentia, não sei o que foi ou como aconteceu, ou o que aconteceu... - digo. Ela acaricia minhas costas.

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora