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- Tony... Ainda te considero como irmão... Saia... - sussurro. Ele se afasta e me encara, em seguida, fecha os olhos. Me sento na cama. Ele se abaixa perto da parede e me encara.

- Se lembre... Por favor... - pisco vezes seguidas.

- Lembrar do quê?! O que é tão importante?! - pergunto.

- Se lembre de quem sou para você... Não entendo o porquê você apagou tudo... - ele parece perdido. - Não era para ser assim... Você tem que lembrar e vai fazer sentido o fato dos seus pais brincarem o tempo todo sobre a gente. - pisco perplexa.

- Como assim? - sussurro. De certa forma isso é arrepiante.

- Lembre-se... Não posso te ajudar. - olho para ele e me sinto em uma bolha de mistério.

- Quem sou eu de verdade? - pergunto. - O que éramos? O que eu esqueci? Que partes eu apaguei?! Eu achei que lembrava de tudo, menos do incidente... - ele nega.

- Você não lembra... Passei um tempo tentando te fazer lembrar, mas você carrega o olhar diferente desde aquele incidente. - engulo seco.

- Como assim?! - pergunto com a voz trêmula. - Como assim... - sussurro.

Isso está me deixando perturbada. Minha vida é cercada de mistério. Ele se levanta e abre a porta.

- Vou para a floresta. Preciso desestressar. - ele sai e me deixa sozinha. Levanto e caminho para o quarto onde Erick está. Levo a mão na cabeça e me curvo sentindo uma pontada na cabeça assim que chego a porta.

Ouço risadas e me vejo correndo.

- Pare Ayla! - a voz de criança, de Tony, soa divertida. Olho para trás rindo.

- Não! Você tem que me pegar. - sorrio.

- Você está ferida. - ele diz. Dou de ombros e corro pela mata.

- Vem! - grito. Gargalho e volto a correr. - Você tem que me pegar. - ele rosna.

- Para! - ele ordena sério e gargalho. Dou um grito quando ele pula sobre mim e abraço ele, ignorando as dores.

- Pronto... Passou. - sussurro e ele Aninha o rosto em meu pescoço. - Está tudo bem... Parei de fugir...

- Não vou te machucar. - sorrio. "Esse não é o lobo mal e eu sei disso!" Ele é meu protetor. Meu Anthony. Meu Salvador. E agora... Quando crescer... Meu amor.

Grito. Minha cabeça explode de dor e sinto uma tontura forte, mas me agarram e me tiram do chão.

- Rápido! Chamem o Anthony! Ela não está bem. - a voz de Philipe soa e sou levada para o mesmo quarto que estava. Olho ao redor e choramingo. A dor é insuportável. Ele me encara apavorado. - O que você tem? - choro.

- Dói... - ele parece alarmado e sai do quarto. Camille aparece e Helena também.

- O que ele te disse?

- Acabei de lembrar de algo... - sussurro. Ela parece chocada e sorri.

- Lembrou? - ela ri alto e sai do quarto.

- Calma, Tony vai estar aqui. - fecho os olhos absorvendo a dor aguda, parece que meu crâneo vai estourar. Não demora e Tony aparece. Ele me encara e se senta do meu lado segurando meu rosto.

- Vou te levar para o hospital. - a imagem dele faz a dor aumentar e grito. Sou puxada da cama.

- Quieta... - meu coração acelera.

- Ele vai nos achar... - sussurro.

- Não vai não... - ele diz e me encara. - Se ele achar você corre. - assinto. Ouço um uivo.

- Tony... - choramingo.

- Esta tudo bem, ele está longe. - ele diz e abraço Tony.

- Se ele nos achar eu vou chorar muito e não vou te deixar. Prefiro morrer a sair correndo, não vou te deixar. - repito. Ele acaricia minhas costas.

- Preciso garantir que seus pais te achem, então você precisa sair se ele aparecer, promete? - nego.

- Não! - grito. Ele me olha com pavor.

- Por que gritou?! - ele sussurra e me puxa para cima. Sou alavancada contra ele e ele começa a correr. Olho para a floresta escura e vejo uma sombra. Ouço um rosnando e vejo algo grande correndo em nossa direção. Grito.

- Ele está vindo! - choramingo.

- Vou pegar distância e te deixar, você corre e eu vou distraí-lo. - nego.

- Estamos sendo caçados! - grito. - Não vou te deixar! Se o caçador não te achar, essa fera vai te matar! Não saio sem você. - digo e ele corre mais depressa. A fera pula e pega impulso no Tronco de uma árvore. Ele uiva e engulo seco. Quero a mamãe... Meus olhinhos marejam. Quero a mamãe...

Depois de certo tempo, Tony pega distância e se abaixa no Tronco de uma árvore grande. Ele ofega e me coloca no chão.

- Corre Ayla... - nego. Ouço um assobio e meu coração acelera.

- O caçador. - sussurro. Ele canta a música da chapéuzinho.

- Sai daqui... - ele implora e nego.

- Vou te proteger... - sussurro. Ele segura meu rosto.

- Vamos morrer, os dois, se não fugir. - nego.

- Papai vai nos achar. - sussurro. Ele bufa e se esgueira pelas raízes da árvore e me puxa para debaixo dela, junto com ele. Ele me senta entre suas pernas e olho para suas mãos. As garras são enormes. O assobio aumenta e Tony coloca a mão na minha boca e sussurra perto do meu ouvido.

- Não faça barulho.

***

Acordo franzindo o cenho. A luz do ambiente é forte demais e quase me cega, aos poucos acostumo meus olhos. Vejo papai e Tony. Eles me encaram.

- Você está bem? - assinto e franzo o cenho. Eu estava na floresta? Com Tony? Tenho certeza de que foi naquela época.

- Eu lembrei de algumas coisas. - sussurro. Papai sorri e parece aliviado.

- Finalmente... Finalmente... - ele sussurra. - Você precisa lembrar do rosto dos assassinos... Eles estão interligados querida, agora que está lembrando, pode nos dizer como cada um era. - franzo o cenho.

- O quê? - Olho para Tony e ele desvia o olhar. Olho para papai. - Pai... - ele sorri. - Me deixe a sós com Tony. - peço e ele sai. Olho para Tony. Meus olhos marejam. - Os três assassinos estão interligados? - ele assente. Meu coração acelera. Lembro do caçador na floresta, da fera e de Tony... Mas não vi ninguém mais. Olho para ele sentindo pavor. - Eu estava na floresta, na parte que lembrei. Primeiro estávamos brincando e eu queria que você me pegasse. Você parecia nervoso e queria me abraçar, então me derrubou e eu permiti que me abraçasse, depois, eu estava na floresta com você e era noite... Acho que estão fora de ordem, mas dessa vez, tinha você, a fera e um caçador... Tony... Você é o terceiro serial killer?

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Resolvi postar dois capítulos esse domingo 🤗⭐
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Bjuuuuus

O conto do Lobo MauWhere stories live. Discover now