Capítulo 52

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O tempo é o correio da vida, pois ele sempre traz aquilo que está destinado a nós. Minha mãe sempre me disse isso, mas nunca tive a oportunidade real de vivenciar essa citação até receber a notícia de que Angelina teria sofrido um grave acidente no final desta noite. Angie não era a mesma que infernizou meu noivado, e do fundo do meu coração, torcia para que o destino não cobrasse caro pelo o que ela já havia feito, afinal, acreditava que estava melhorando enquanto pessoa.

De longe, não era algo que me deixava feliz. E Keenan estava abalado por vários motivos, um deles em especial estava ligado ao seu próprio passado.

- Pequena, isso não pode acontecer com o nosso menino! Eu não sei se vou conseguir dar o suporte que ele merece, justamente por saber exatamente como o garoto vai se sentir. – Disse, com a cabeça erguida, encostada na parede da sala de espera, onde, sentados, aguardávamos por notícias da operação pela qual a mãe do meu enteado estava sendo submetida.

Os pais de Kee haviam morrido em um acidente de carro. Um automóvel dirigido por um motorista embriagado atingiu em cheio o veículo do casal, provocando a morte instantânea do pai do meu noivo, e o falecimento da sua mãe na mesa de cirurgia. O condutor que vitimou sua ex não chegava a estar bêbado, como no caso dos meus sogros, porém, tinha um índice considerável de álcool no sangue, o suficiente para influenciar os seus reflexos e tirar seu tempo de resposta aos perigos do asfalto molhado.

- Amor, vamos esperar pelo melhor! – Segurei sua mão, repousada em sua coxa. – Ela é uma mulher forte, e vai superar isso.

Eu não tinha mais o que dizer. Qualquer palavra parecia insignificante diante da dor da espera e da incerteza.

De repente, dois homens saem feito um raio do centro cirúrgico. Ambos estavam vestidos como se participassem do corpo médico. A tensão entre eles era palpável.

- Vocês não tem o direito de me tirar de lá, Kevin!

- Temos e estamos fazendo isso, Malik! Sabe que não pode participar do procedimento e demostrou que não tem estabilidade emocional para acompanhar da sala de observação.

Espera, é ele?! O mesmo que Angelina teria se interessado e estava a sua procura? Quais as chances?

- Se soubesse o quanto esperei para encontrá-la novamente e o medo que estou sentindo de perdê-la, me entendia.

É ELE!, gritei mentalmente.

- Meu amigo, – o outro rapaz colocou a mão no seu ombro – tente ficar calmo. Ela está em boas mãos, só permita que nós trabalhemos. Logo, trago notícias.

Aproveitando o término da discussão, levantei-me da cadeira e decidi confirmar minha suspeita.

- Com licença, – Antes de costas, se virou com meu toque em seu ombro – você é Malik Jackson?

- Sim. Desculpa, nos conhecemos? Indagou de cenho franzido.

- Estou aqui pela Angelina. – Seus olhos se arregalaram em surpresa. – Ela me falou sobre você na noite passada, antes de decidir procurá-lo.

Nesta altura, meu noivo percebeu que estava conversando com quem, até então, era desconhecido para ele.

- São da família dela? Seu olhar era de curiosidade.

- Somos. – É, diante da situação, me considerei uma familiar. – Eu me chamo Hazel Scott, e este é Keenan Johnson.

- Malik Jackson. – Nos falamos por telefone, quando demos entrada no hospital. Disse, apertando a mão de Kee. – Ainda na ambulância, ela pediu que eu te ligasse. São irmãos?

Hora de superarOnde histórias criam vida. Descubra agora