Capítulo 47

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Natal

Sempre amei o Natal. É uma das, se não a minha data festiva favorita em todo o calendário. E este ano, eu tinha três motivos mais que especiais para comemorar: Estou noiva do homem que amo; Em breve minha sobrinha nascerá; Meu enteado passará o dia conosco. Há quase cinco meses Omar entrou em nossas vidas e rapidamente conquistou nossos corações.

Já sua mãe... Bem, aprontou poucas e boas e apenas depois de Keenan ter entrado na justiça para conseguir a guarda compartilhada e a convivência alternada o nosso relacionamento com ela ficou um pouco menos conturbada, mas não mais fácil. Após a rápida conversa que tivemos em sua casa, no feriado de ação de graças, que não vi a maldade habitual de Angelina. Vi mágoa, saudade e solidão. Seria o primeiro Natal dela sem sua mãe e, ainda que por direito, ceder Omar para nós justamente neste dia estava fazendo com que ela se sentisse mal. Eu tinha — talvez tenha — razões de sobra para tripudiar sobre sua dor ou minimamente não me importar. Porém, não conseguiria. Meu coração dizia, ou melhor, gritava para não fazer isso. Foi então que decidi convidá-la para jantar conosco. Angie não confirmara presença, entretanto, estava consciente de que fiz minha parte.

Estava distraída, pensando nos últimos acontecimentos, quando fui despertada dos meus devaneios por uma figura natalina:

- Que tal estou, pequena? Indaga Kee vestido de Papai Noel.

- Um bom velhinho bem gostoso! Levanto do sofá e lhe dou um selinho.

Eram seis horas da manhã do dia 25 e aguardava meu bombom se aprontar para seguirmos para a casa de Angie. Keenan acordaria o filho para ajudá-lo a abrir os presentes que recebeu e nossas expectativas eram altas, pois seria a primeira experiência dele no gênero. Poderíamos ter pedido para um dos nossos amigos ou meu irmão para vestir o personagem, mas meu noivo achou importante que um Papai Noel negro fosse visitar o garoto. Sem falar que, desta forma, ele também experimentaria fazer algo diferente pelo nosso menino.

- Hum... — Ele me abraça, espalmando as mãos em meu traseiro, meu puxando para mais perto, apertando-me contra sua falsa barriga, provocando meu riso. — Se você for uma boa garota, posso te dar um presentão quando todos forem embora...

Meu noivo beija meu pescoço e uma notificação em seu celular interrompe o que quer que fosse acontecer.

"Aconselho que não demorem! Omar foi dormir ansioso para encontrar o Papai Noel e é capaz de acordar mais cedo que o normal. Angie."

Meu bombom lê em voz alta e decidimos não postergar mais nossa saída. Com uma mochila a tira colo com uma muda de roupas e devidamente fantasiado, Keenan saiu comigo de táxi pelas ruas do Brooklyn. Chegando ao nosso destino final, batemos na porta ao invés de tocarmos a campainha para não despertar meu enteado.

- Podem entrar. Ele ainda está dormindo. - Cochichou Angelina.

Entramos de pé em pé, cautelosamente e Kee se preparou para a encenação. Colocou a bolsa com os trajes com os quais iria embora no banheiro e ficou a postos na sala. Angelina se encaminhou para o quarto de Omar e fiquei encostada no batente do cômodo enquanto a mãe acordava seu filho.

- Oi tia! — Meu enteado abriu um sorriso preguiçoso quando me viu, após abraçar apertado Angie. — Cadê o papai?

- Está vindo ainda! — Ele se levanta e abraça minhas pernas.

Repentinamente, cessa o abraço e arregala os olhos, ao ouvir um barulho não tão distante.

- Papai Noel! — Rimos e menino saiu em disparada.

Saquei o celular do bolso da calça e comecei a gravar. A criança estava encantada com a presença daquele que representara o bom velhinho. Keenan tentava disfarçar a voz e eu segurava meu riso para não dar bandeira da sua real identidade. Mas quem disse que algo passa por Omar?

Hora de superarHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin