Capítulo 41

138 35 43
                                    


Hoje faz pouco mais de duas semanas que Keenan deu entrada no processo de guarda compartilhada de Omar. Finalmente o dia da audiência chegou e consegui adiantar meus afazeres para acompanhá-lo. Neste período, Angelina não impediu que víssemos o menino, mas também não facilitou as coisas e teimou em tomar decisões relacionadas ao garoto unilateralmente, como se Kee ainda não tivesse conhecimento da paternidade da criança, nos dando certeza de que reclamar os direitos paternos judicialmente foi a melhor saída.

Melinda e Brian queriam nos acompanhar, mas precisaram ficar em seus postos de trabalho rendendo a mim e meu noivo, respectivamente. Os demais, tiveram compromissos profissionais inadiáveis e tiveram que se contentar em demonstrar apoio a distância e aguardar por notícias nossas.

Meu enteado nos cumprimentou com o mesmo carinho e amor de sempre, enquanto sua mãe se limitou a acenar com a cabeça. Fomos chamados e observei os trâmites em uma cadeira, enquanto os demais se sentaram à mesa diante do juiz. Apenas os advogados falaram, Angelina e Keenan ficaram em silêncio. Ao final do pronunciamento de ambas as partes, o senhor que comandou a audiência disse que menor não poderia participar das escolhas do processo, mas que gostaria de ouvi-lo.

- Olá, jovenzinho, tudo bem? – Omar mantinha um olhar curioso direcionado ao magistrado.

- Sim, senhor. Qual o seu nome? Vi os adultos segurarem o riso.

- Daniel Jules.

- Eu me chamo Omar Andre Brown-Johnson. Mas pode me chamar de Omar.

- Peça ajuda ao seu pai e venha até a mim.

Kee levantou-se, deu a volta na mesa e suspendeu o filho para que ele subisse no tablado onde o togado estava acomodado. Sem cerimônias, meu enteado sentou-se no colo do juiz e começou a responder suas perguntas.

- Você está feliz em conhecer o seu papai?

- Muito, ele é bonzinho para mim. A tia também. – Ele aponta para mim e me derreto.

- Eles te tratam bem? Fito Angie que trinca o maxilar, talvez com raiva por constatar que fazemos bem ao seu menino e ele não só repara, como afirma isso espontaneamente.

- Gostaria de ficar mais tempo com o papai e a tia?

Ele franze o cenho por um instante.

- Sim, mas não quero também deixar a mamãe sozinha, moço! Eu quero ficar com todo mundo!

Meu coração aperta. Mesmo que meu enteado seja muito esperto para sua idade, ele não domina a comunicação em todos os aspectos e ainda assim entendi que o que ele quer é poder ter tempo para a mãe, o pai e eu, sem que haja desarmonia.

Uma pena que Angie não concorde com isso, do contrário, nem precisaríamos buscar a justiça.

Omar deu um abraço no magistrado e tornou a voltar para a companhia de Angelina.

Gregory, o advogado da empresa em que meu noivo trabalha e que foi cedido pelo seu patrão para representá-lo, articulou a guarda compartilhada e a convivência alternada, para que as medidas pertinentes ao garoto sejam decididas de forma conjunta entre pai e mãe, bem como o convívio seja equilibrado. Isso quer dizer que o menino ficará conosco em dias pré-determinados e que isso deve ser respeitado. Greg finaliza a fala e o togado questiona se Angie tem algo a reclamar. Com uma voz seca ela diz que não, talvez remoendo a exigência que fizemos quando ela tentou agarrar meu noivo.

Ficou acertado que receberemos Omar em fins de semana alternados, a começar pelo próximo, que começaria no dia seguinte à audiência, e feriados alternados. Para a mãe ou Kee viajarem com o menininho, também deveria haver concordância de ambos. A escolha de escolas, cursos e afins seriam feitas em concordância e que Keenan deveria arcar com a metade dos custos fixos da educação, alimentação e saúde do filho.

Hora de superarWhere stories live. Discover now