Capítulo 5

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- Sim. – Angelina guarda o celular após nos mostrar a foto de Omar e torna a nos olhar, confirmando as suspeitas de Keenan. – Ele é seu filho.

- É brincadeira? Pegadinha ou algo assim, não é? Kee olhava os lados, talvez procurando câmeras de um programa de humor de péssimo gosto.

- Eu não brincaria dessa forma! O tom de Angie era de ultraje.

- Desculpe-me se te ofendi, mas quem deveria se ofender aqui sou eu, porque se isso for verdade, é pior que se estivesse mentindo. Porque isso significaria que você omitiu algo que não tinha o direito de omitir.

A mão do meu noivo, que antes espalmava minha cintura, foi fechada, como se ele estivesse tentando controlar sua raiva. Ele fez menção a se levantar e dei o espaço necessário para isso. A mulher engoliu seco e disse sentir muito. Keenan pediu licença a nós duas e cochichou em meu ouvido, informando que precisava de ar e que já voltaria. Angelina, por sua vez, se acomodou no banco alto que estava a sua frente e ficou olhando para as bebidas atrás do balcão.

- Você tem certeza que é dele? Quebrei o silêncio.

- Claro. Quando o conheci, eu realmente não tinha apego a ninguém. Era independente, solteira e maior de idade. Tinha direito de sair com quem eu quisesse e não preciso que me julgue por isso. Mais uma vez, parecia se sentir ultrajada.

Acabei de beber meu drinque e pedi outro ao barman.

- Eu não estou te julgando por você ter saído com quantos quis, vivemos no século 21. Keenan também curtiu bastante sua vida de solteiro e não é porque é uma mulher e ele um homem que eu te taxaria do que quer fosse. A questão é que você sumiu por anos e não te conheço o suficiente para ter certeza de que está falando a verdade.

- Entendo. Perdão se fui arisca, mas é que quando se é mãe solteira, a gente se acostuma a ser julgada o tempo inteiro. Alguns acham que não sabemos quem são os pais e isso é constrangedor. Mas pressuponho que está me questionando por estar preocupada com ele e não tiro sua razão. Podemos fazer um DNA se quiserem.

- Podemos e faremos. Não importa com quantos você dormiu, não tenho a ver com isso, o que nos interessa é saber se Kee é realmente pai do seu filho. E se for, esteja certa de que ele irá assumir a criança, como é sua obrigação. E garanto que não serei um empecilho para a proximidade deles dois.

Eu estava sendo sincera. Não teria coragem de privar Omar de ter um pai e meu noivo de ter um filho, caso o exame confirmasse a paternidade. Até porque, ainda que eu quisesse cometer essa estupidez, Angelina já havia feito um bom trabalho em afastá-los.

- Tudo bem, por mim, fazemos amanhã mesmo. Terei uma nova entrevista de emprego amanhã e, no horário do almoço já estarei livre.

- Vou falar com Keenan e entraremos em contato. – Beberiquei meu novo Manhattan.

- Hazel, não o procurei antes porque, como pôde ver, a gravidez não foi planejada e ficamos tão pouco tempo juntos...

- Eu sei, ficaram apenas duas vezes. Da última vez, rolou sexo.

- Ele te contou? Indagou mostrando surpresa.

- Óbvio. Não temos segredos um para o outro, Angie. – Meu Deus, será que saiu tão debochado quanto como sai quando estou sozinha com meu noivo?

Ela franziu o cenho. É, acho que fui debochada, melhor para com o álcool.

- Enfim, queria criar Omar sozinha. Achava que devia. Quando ele nasceu, voltei a viver com mamãe até que ela faleceu. Ela sempre cobrava que eu contasse ao pai do meu filho sobre sua existência.

Hora de superarWhere stories live. Discover now