Thiago olhou com desprezo as lágrimas que lavavam o rosto ferido e disforme, e sequer se comoveu com a cena.

— Desta vez vai me prestar contas de tudo o que fez. Entendeu? E não existe lágrima que me convença do contrário!

— Não! Não entendi! — Ela sentiu algo nefasto nas palavras dele e isso lhe deu forças. — Não entendo e nem acredito nessas coisas horríveis que estão me dizendo. Posso não lembrar quem sou, mas sei que não sou sua mulher, e sem dúvidas, você deve ser um péssimo pai se nem consegue reconhecer a mãe de seus filhos, porque olhe para mim! Eu não sou ela!

Falou por entre os dentes, depressa, ansiosa para se livrar dos arames que prendiam seu queixo para poder gritar. Mas não teve muito tempo para processar aquela vontade, logo Thiago chegava mais perto e numa velocidade impressionante, deu-lhe um sonoro tapa. A mão, que havia batido em seu rosto, se voltou e agarrou-lhe o maxilar fazendo com que Bárbara sentisse imediatamente o gosto de sangue na boca. Estava chocada!

— Você ainda não viu sua cara, garota. Sua própria mãe não seria capaz de reconhecê-la, se tivesse a infelicidade de ainda estar viva. Mas você é a minha mulher, sim. Infelizmente, isso é bastante evidente — Ele enfiou a outra mão no bolso da calça e tirou um bracelete de ouro que sacudiu diante do rosto dela. — Estava usando isso aqui quando chegou ao hospital. Lembra? Era de sua avó! Ela deu a você de presente.

Ela pegou o objeto que batera em seu rosto e caíra em seu colo e o colocou bem perto do rosto, para enxergar bem. Automaticamente a cabeça doeu com o esforço. Era incapaz de se lembrar e sentia um latente sentimento de falha. De repente, fechou os olhos pela dor que sentia ao mesmo tempo esgotada.

— Claro que se lembra. — Disse o homem duro e cheio de escárnio, soltando seu rosto com brusquidão — Você cometeu um erro gravíssimo ao voltar para cá sem o Pedro. Este bracelete pertence à sua família há mais de duzentos anos. Eu mandei verificar se era legítimo, porque vindo de você, falsificações não são nada... E, além disso, tem o seu passaporte. Tudo bem registrado. Inclusive o fato de ser casada comigo...

Ela pegou o passaporte que ele lhe atirou com brutalidade, e o levantou na altura do rosto. A tinta estava borrada, a fotografia danificada, mas ainda assim, tudo o que ele dissera estava perfeitamente legível.

— É seu e não há a menor dúvida — Ele disse assumindo a máscara da frieza, totalmente diferente do homem encolerizado de minutos atrás. — Portanto, não adianta fingir. Você o usou, partindo do Brasil na véspera do acidente, junto com Júlia e acompanhada de Dominic Lang, e não há dúvidas possíveis: você estava viajando com ele. E na porra de um voo comercial, colocando em risco a segurança da minha filha! — Pausou a fala com o peito subindo e descendo na tentativa de controlar o ódio que sentia. — Onde é que andou por esses anos? Passei todos eles vasculhando cada parte desse planeta, mas não pude encontrá-los.

Instintivamente, ela sabia que ele a procurou só por causa das crianças. Tentou enfrentar aquele olhar penetrante até certo ponto, mas a vergonha de toda aquela situação a fez baixar as pálpebras.

— Não vai dizer nada?! — Se aproximou novamente revoltado, a fazendo temer um novo tapa. — Você vai falar nem que eu tenha que arrancar as palavras com um murro na sua boca! Onde está o Lang agora? Ele está com o Pedro? Eu sei que você não trouxe o menino com você... por quê? Ele está doente? Morto? Eu juro, Bárbara, que eu te enterro viva caso tenha deixado algo de ruim acontecer a meu filho.

— Não posso responder nenhuma dessas perguntas — Ela murmurou indefesa, se sentindo assustada e quebrada por dentro. — Só posso lhe dizer que não sou sua mulher!

— Você é, sem dúvidas alguma, a putinha da minha mulherzinha, e existem muitos homens neste planeta que poderiam atestar isso, se tivessem oportunidade de ver sua boceta. — Ele riu, brutalmente quando viu os olhos dela arregalar. — Mas não desta vez! Você não vai a lugar nenhum, não vai ver ninguém se eu não estiver a seu lado. Não vai poder se mexer, não vai poder respirar sem eu ficar sabendo. Está claro?

— Pelo amor de Deus, Thiago... — O protesto morreu nos lábios do médico diante do olhar feroz que se voltou para ele.

— Ficarei grudado em você até não aguentar mais me ver. E depois que desistir do jogo que está planejando, seja ele qual for, será um alívio para eu matá-la. Mas enquanto não tiver o meu filho de volta, você terá o tratamento que merece.

O olhar que ele lançava era cheio de promessas. A raiva dele a esgotou por completo, e Thiago não fazia o menor esforço para evitar o insulto de suas palavras.

Quando ele saiu do quarto, o médico o acompanhou, conversando baixinho com o rosto sério. Bárbara fechou os olhos e mergulhou num sono profundo, apesar da confusão que reinava em sua cabeça.




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A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Where stories live. Discover now