Capítulo 32

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Angie

Do outro lado da tenda, Evan não tira os olhos de mim. Isso me faz um pouco desconfortável, por que me pergunto o que está a passar-se na mente dela,  mas lhe atiro um sorriso, um beijinho ou tiro a língua fora cada vez que não estou servindo ninguém. Nós estamos num evento de caridade da Comunidade LGBT de San Francisco, como voluntárias para servir pessoas desabrigadas, e tanto quanto isso parece generoso, é gratificante.

Soubemos desse evento através do Facebook há uma semana, e Evan tomou a iniciativa de nos inscrever, mas obviamente concordei. Nós trouxemos donativosalimentícios, roupas e brinquedos para as crianças, ajudamos a cozinhar, e agora estamos servindo. Somos mais de vinte pessoas servindo, só nessa tenda, e como não podemos ficar grudadas Evan foi escalada para a outra ponta e nós só podemos trocar olhares enquanto os desabrigados se aproximam e pedem a comida que eles querem.

Estou a servir creme de camarão, enquanto Evan serve puré, e os nossos demais companheiros se encarregam dos molhos e outros. Já passou do meio dia e estamos aqui desde as seis, então os meus pés estão começando a doer, mas o olhar de gratidão no rosto de todas essas pessoas para nós me impede de reclamar e anestesia qualquer desconforto. Eu sempre quis fazer isso. Todos estamos vestindo as cores da bandeira LGBT e suas variantes, e também pintamos  nossos rostos com riscas coloridas. 

— O creme está a acabar, vou buscar mais. — aviso num momento para a pessoa que está do meu lado, servindo carne. 


Uma moça alta e magra, de cabelo loiro curto, usando um colete sobre uma camisa branca, de estilo masculino. Ela se chama Brittany, abreviado para Britt, e é lésbica, como disse mais cedo quando nos apresentamos todos. Eu me simpatizei logo com ela, ao contrário de Evan que ficou ciumenta, principalmente quando nos escalaram para ficar lado a lado. Eu achei engraçado e descobri que eu gosto de provocar ciúmes na minha namorada.

— Ok, pode deixar que eu fico de olho na sua panela por enquanto. — diz Britt com um sorriso gentil, então eu vou, olhando para Evan que tem um olhar semicerrado para mim. 


Estou na cozinha pegando mais creme da enorme panela quando ouço passos, e meu coração acelera ao ver que é a minha namorada. Evan pega uma panela de reserva igual à minha, e eu percebo que ela também veio buscar mais puré, ou talvez seja só um pretexto para me seguir. Eu acho mais legal acreditar na segunda opção. ~


— E aí, grandona, como vai isso? — brinco. 


— Cansativo, eu acho que os meus pés estão criando bolhas... — ela diz olhando para seus coturnos, antes de sorrir — Mas está sendo muito legal. E do seu lado, pequenina?

— O mesmo. Mas adoro a felicidade no rosto dessas pessoas, e é legal conhecer outras pessoas como nós, LGBT, nos faz sentir menos solitários, menos sozinhos no mundo. — digo sinceramente.

— Você está se referindo à sua nova amiguinha de estilo à "Ellen DeGeneres"? — ela pergunta, enquanto eu reparo o quanto ela fica fofa com avental, e aprecio as riscas coloridas de tinta em sua bochecha.

— O quê? — eu estouro a rir — Ela não parece nada com a Ellen. E que ciúmes são esses, hein?

— Ela gostou de ti. — quando eu bufo, Evan fica séria — É sério, ela tem aquela cara de sonsa mas -à mim não me engana. Ela te quer.

— O quê? — repito, quase derrubando a panela. Eu não consigo parar de rir, e isso parece deixar Evan mais irritada, mas nossa conversa logo é interrompida por algumas pessoas entrando na cozinha, e o dever nos chamando — Bem, é melhor eu levar isso antes que esfrie.

Hands Of love [Romance Lésbico]Where stories live. Discover now