Capítulo 21

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Angie

Na quinta-feira, por volta das catorze, eu estou trabalhando no Glad's. Os clientes habituais entram e saem sem parar, mas parece mais cansativo do que nunca sorrir para eles.

Estou muito desanimada, e ao fim não consigo mais fazê-lo. Isso faz com que eles comecem a me perguntar se está tudo bem, pois me conhecem por minha simpatia, então a desculpa que encontro é que estou me recuperando de um resfriado.

Quanto mais penso, pior me sinto por não ter atendido as chamadas de Evan, principalmente por que ela deixou de tentar ligar, e isso dói em meu peito, embora eu compreenda que é melhor assim.

Encaro o telemóvel como se ele tivesse vida própria cada vez que não tem cliente, com medo de entrar nas minhas redes sociais e me deparar com qualquer coisa relacionada à ela.

Normalmente, ela só partilha e posta coisas sobre academia, artes marciais, futebol, nada pessoal, mas de qualquer forma, estou melhor sem nenhum sinal dela.

Ou assim quero acreditar.

Quando dou por conta, estou na minha caixa de entrada relendo nossas conversas e sorrindo com lágrimas nos olhos. Só de ler suas mensagens eu consigo ouvir sua voz, e tenho que fazer um grande esforço para não chorar, enquanto as lágrimas escorrem pelo meu nariz.

Solto o telemóvel quando alguém entra na loja, e quando levanto os olhos minha boca se abre em descrença. Estou vendo direito?

Torço para que não, enquanto reparo no jovem que se posta do outro lado do balcão, me olhando com um sorriso, enquanto enfia as mãos nos bolsos do casaco jeans.

— Boa tarde, Angelíque.

A voz desagradável confirma sua presença indesejada, e eu quero sair gritando, mas prefiro acreditar que ele está aqui como um cliente, então me seguro.

— Boa tarde, posso ajudar?

— Oh, com certeza você pode, baby. — ele varre a loja com os olhos — Então você trabalha aqui.

— Você vai comprar alguma coisa, Noel?

Ele volta os olhos para mim, e se encosta mais ao balcão.

— Eu vim para conversar com você.

— Perdeu o seu tempo, não temos nada para conversar, e eu estou trabalhando, então se não se importa, eu agradeceria que fosse embora.

Suas sobrancelhas cheias e escuras se franzem.

— Sim, eu me importo, Angelíque. Não vou a lado nenhum até que você me ouça. Eu preciso explicar o que aconteceu ao certo. Eu não te traí.

Solto uma risada irônica.

— O quê? Eu vi com meus próprios olhos, peguei você transando com a minha colega de quarto, como se explica isso? Como um acidente?

— Foi um mal entendido. — diz ele, e eu começo a duvidar de sua sanidade — Ela me seduziu, não foi traição da minha parte, foi ela que...

— Cara, você é doente? — pergunto, seriamente preocupada — Eu peguei vocês no flagra, seria nobre se ao menos você admitisse, Noel.

— Eu não te traí, caralho, foi uma porra de um mal entendido. — ele grita, e eu não tenho mais dúvidas de que ele não está bem.

— Noel, vai embora. — peço apontando a porta, e repentinamente ele estica o braço para me alcançar, mas eu recuo e quase despenco na prateleira de lembrancinhas que está a minha trás.

Hands Of love [Romance Lésbico]Where stories live. Discover now