Capítulo 10

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Angie

No final da tarde de sexta-feira, minha mente está uma bagunça. Eu estou trabalhando e tentando me focar só nisso, mas os pensamentos não me dão uma trégua.

Eu só consigo pensar no que houve ontem, isso parece estar causando curto circuito na minha mente.

Como se não bastasse, Sr. Glads está especialmente rabugento hoje. Realmente não funciona fazer uma limpeza em sua area de serviço com seu patrão ao lado. Ele me faz limpar mais do que uma empregada doméstica. Eu não posso pular os lugares habituais e não sou permitida a parar até que todas as estantes estejam brilhando como diamantes.

O senhor precisa arranjar uma mulher.

Estou a ponto de dizer, quando ele decide se virar e desaparecer. Aperto os punhos e solto alguns palavrões no ar. Eu não sei por que não procuro outro emprego.

Bem, eu acho que sei. É por que Sr. Glads é apenas um homem solitário e não tão ruim quanto eu faço parecer. No fundo, eu tenho afecto por ele.

Meu celular apita. É Maribeth me chamando para comer uma pizza, e isso faz meu dia.

Às cinco, vou me encontrar com ela no shopping onde a gente marcou, mas meu sorriso some quando descubro que não é uma saída de amigas. Ela está com Marshall, o cara que conhecemos outro dia na boate, com quem ela está saindo. Eu acabei não gostando muito dele. Ele é um cara desagradável e impessoal, além de extremamente machista, mas Maribeth está amarrada nele. Minha amiga tem uma queda por babacas.

— Hey, Angie. — ela me aperta num abraço de urso, enquanto eu sorrio como um jacaré.

— Hey... — murmuro com desânimo. Pegar vela não é exatamente o meu passatempo preferido.

— Hey, gatinha, bom ver você de novo.

— Olá, Marshall. — me volto para ele com um sorriso apertado.

Ele não acha inconveniente chamar de "gatinha" a amiga da garota com quem ele está ficando? Quando Maribeth continua sorrindo, percebo que eu sou a única que acha.

Perfeito, eu sou a única com valores antigos aqui. Acho que minha alma deve ter uns cem anos.

— Marsh estava aqui duvidando, ele não acredita que você é ruiva natural. — diz minha amiga, e ele franze o nariz.

— Desnecessário falar isso para ela, né Beth!

Oh, eles já têm apelidos e tudo, isso vai bem!

— Eu sou. — respondo dando de ombros.

— Sabe o que falam das ruivas? — ele me dá um olhar safado, e eu cruzo os braços, não muito certa de querer saber.

— Não, o quê?

— Que são fogosas.

Eu fico boquiaberta, enquanto Maribeth olha para ele e ri como uma galinha. Esse cara é muito sem noção, e minha amiga acha a maior graça.

Ele também ri, e eu sei que devo estar fazendo uma cara monumental. Eu não acredito que estou ouvindo isso.

— Quem disse uma coisa dessas? Que bobagem! — acabo por soltar.

— Então você não é? — Marshall me olha de baixo para cima, e eu tenho vontade de bater na sua cara.

Olho para Maribeth desesperada, mas ela está levando tudo na brincadeira.

— Com certeza ela não é, você está falando com a Madre Teresa. Anda, vamos comer que eu estou morrendo de fome. — ela intervem por fim, enrolando o braço no dele e com um sorriso safado o loiro se deixa ser levado.

Hands Of love [Romance Lésbico]Where stories live. Discover now