Capítulo 12

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Evan

— Como foi que a senhora percebeu o que estava acontecendo?

Olho para o policial que me pergunta, enquanto corro os dedos pelo cabelo numa tentativa de me acalmar.

Eu ainda estou em transe com tudo isso, e não imagino ela. Eu quero estar perto dela. Um maluco simplesmente invadiu sua casa e quase a esfaqueou, ela podia estar morta se eu não chegasse a tempo de impedir.

Ele toma apontamentos enquanto eu conto meu ponto de vista, com meus olhos inquietos ao redor. O sujeito, agora acordado e algemado, treme e chora amargamente, enquanto passa sendo carregado por dois policiais, até um dos carros estacionados diante da casa de Angie, assim como um grupinho de vizinhos que se reuniu do lado de fora da cerca e estão olhando curiosos, tentando entender o que se passa.

— Eu sou inocente… eu sou… eu sou inocente. — o desgraçado grita, antes de ser obrigado a entrar no banco traseiro, e quando insiste em meter a cabeça fora uma policial a empurra e tranca a porta.

Angie está sentada no alpendre olhando o mesmo, encolhida numa manta e pressionando nervosamente o celular contra o ouvido, enquanto chora e mal
consegue falar com quem quer que seja que está do outro lado.

Eu quero cruzar a distância e fechá-la nos meus braços, por mais irracional que isso seja, e me custa muito continuar a falar com o policial, mas tem que ser.

Isso é necessário para o relatório que vai decidir o destino do cidadão.

A policial vai até Angie em seguida e fala um pouco com ela, que fica ligeiramente mais calma. Então quando o policial decide me liberar, eu finalmente vou lá. A policial se afasta, enquanto eu chego e ouço ela falando ao celular:

— Uma vizinha me salvou. Não um vizinho, mãe, uma vizinha. Eu estou bem. Eu… eu estou bem.

Fico em pé esperando que ela termine de falar, mas ela não diz mais nada e tira o celular do ouvido, seus olhos verdes cheios de lágrimas se levantando para me olhar.

Deus, será que se eu simplesmente der um abraço nela é muito estranho?

Eu me contenho, por que é. A gente não tem essa confiança.

— Parece que eles conhecem o cara. Eles disseram que ele fugiu da psiquiatria e estava sendo procurado há dois dias.

Essa informação me pega de surpresa, e olho para os carros de polícia irem, antes de conseguir dizer alguma coisa.

— Isso explica tudo…

— Eles vão confirmar, caso não seja ele pode ser preso… eles vão ligar. — ela se ergue, com a manta ao redor, e funga — Como você percebeu o que estava acontecendo?

— Eu ouvi os barulhos, os estrondos, e ouvi você gritando. — digo reparando em seu olho esquerdo que está começando a inchar, e engulo em seco agonizada de lembrar o meu pânico — Eu ainda não estava dormindo. Na verdade, estava escovando os dentes.

— Se você não chegasse a tempo… ele iria… — ela começa a soluçar e seus olhos se enchem de lágrimas — Se você não… eu… eu não sei o que dizer. Eu desprezo você, ofendo, destrato… e o que você faz? Você salva minha vida.

Engulo em seco e aperto os punhos. Eu tenho muita vontade de abraçá-la e custa muito me segurar. Ver ela chorando me incomoda muito.

— Hey, não é hora de ficar se condenando… — repreendo, reparando em seu olho machucado — Você tem que ir ao hospital.

— Não precisa, eu vou colocar gelo e já passa. — ela passa a mão nas lágrimas e olha para a casa, arrasada — Eu só não sei se posso entrar ali agora…

Hands Of love [Romance Lésbico]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora