Capítulo 5, Parte I

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Os anos se passaram, e com eles, mudanças chegaram. Eu e Harry - agora com dezesseis anos - continuávamos amigos, mas é claro que ele começou a ter namoradas (ou ficantes, se preferirem). Várias delas. Contudo, todos esses relacionamentos não passavam de uma semana, raramente um mês.

O motivo?

Ciúmes.

Elas não gostavam da minha amizade com o Harry e achavam que ele deveria se distanciar de mim.

Obvio que isso não aconteceu.

Harry prezava nossa amizade e a colocava acima que qualquer namoro.

Eu, por outro lado, não tive nenhum relacionamento amoroso. Meu foco eram os estudos e por não ser de uma família que teria o luxo de pagar uma faculdade como Oxford, por exemplo, minha única saída seria tentar ganhar uma bolsa. Como? Estudando até meu cérebro explodir e virar mingau de gatos alienígenas.

Sempre tirava algum tempo pra sair com meus amigos - principalmente meu melhor amigo. Harry entrou para o time de futebol da escola e sempre que acontecia algum jogo, eu estava na primeira fila, torcendo pelo time. Devido a alguns problemas, precisava sair um pouco mais cedo, o que o deixava chateado, então encomendávamos uma pizza, íamos para minha casa e assistíamos algum filme que servia de consolo. Crianças, hã?

Ele não entendia o que acontecia, e se depender de mim, nunca irá entender. Mudanças estavam acontecendo. Não quero dizer fisicamente, mas psicologicamente. Não tenho tempo para explicar agora.

Tinha várias amigas, em especial, uma garota chamada Jhennifer, que era a chefe das líderes de torcida. Era um pouco menor que eu - como quase todo mundo -, mas sua beleza poderia encantar qualquer um. Seu cabelo castanho ondulado sempre cheirava a shampoo de groselha; seus olhos opacos de tão negros faziam as pessoas se hipnotizarem. Ela podia pedir um raio de sol que a pessoa morreria queimada e voltaria como espírito para lhe entregar. No entanto, isso tudo era muito falso. Sua beleza dependia da maquiagem. Em sua casa havia um quarto apenas para produtos de beleza e essas coisas. Dizia que seu sonho era se tornar uma modelo tão famosa e rica quanto a Victoria Beckham e eu falava que ela tinha muitas chances mesmo, apesar de não chegar nem perto de ter sequer o nariz da Queen Victoria.

Nos conhecemos aos quatorze anos e logo nos tornamos amigas. Grande amigas. O que era estranho pra mim já que Harry sempre fora meu melhor amigo.

Ela era a clássica popular, o que não se encaixava uma garota conhecida pela escola inteira sendo amiga de uma menina "comum" e considerada a nerd da sala, mas desde que nos conhecemos, ela sempre esteve ao meu lado.

Sempre íamos ao shopping juntas, trocávamos presentes e em especial um pingente de coração que dividíamos - a parte dela dizia "Melhores amigas" e o meu finalizava com o "Para sempre".

Jhennifer me fazia sentir especial e dizia que não importava o que os outros dissessem, eu era uma pessoa maravilhosa.

Logo, nos tornamos inseparáveis. Ela tinha outras amigas que a seguiam algumas vezes, mas passava a maior parte do tempo comigo tanto na escola - quando tínhamos aulas juntas ou no intervalo - como fora dela.

Eu realmente acreditava nela.

E como eu estava errada.

Certo dia, Jhennifer pediu para voltar comigo depois da escola com o objetivo de passar a tarde em minha casa. Disse que precisava contar uma coisa. A conhecendo por tanto tempo, deduzi que fosse alguma fofoca sobre alguém da escola. Chegando lá, minha mãe já esperava com o almoço pronto. Ela não gostava muito de Jhennifer - podia ver isso em seus olhos - e dizia que não confiava nela, mas isso nunca a impediu de tratá-la muito bem. Apesar de estar morrendo de fome, disse para mamãe guardar nossa comida que depois a esquentaríamos e comeríamos. Já em me quarto, Jhennifer fechou a porta e abriu a janela, o que achei um pouco estranho, mas ignorei.

the best song ever.Where stories live. Discover now