Capítulo 19

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Sabem aqueles filmes policiais em a mocinha é sequestrada pelo bandido malvado que só queria o amor dela, aí aparece o mocinho que dá uma surra em todos os criminosos, salva a mocinha e manda o bandido pra prisão? Então, na vida real é um pouco diferente. Sempre imaginei as delegacias sendo lugares horríveis, fedendo a suor, testosterona e olhares intimidadores. Pensei que a Maddie estaria morrendo de medo, encolhida em algum canto da sua cela com alguma mulher enorme querendo acabar com ela e talvez a ameaçando de morte caso não a empreste seu shampoo; contudo, não imaginei a encontrar sentada em um banco  jogando poker com o delegado enquanto outros cinco homens musculosos faziam uma espécie de torcida para que ela ganhasse.

Um doce aroma de café com canela emanava dos arredores, e reparei que havia, realmente, algumas canecas - tanto cheias quanto vazias - espalhadas por cima das mesas, cadeiras e mãos dos homens. Aquela simples cena foi responsável por fazer brotar um grande sorriso em meu rosto. Afinal, nada mais normal do que encontrar sua melhor amiga jogando cartas com um delegado e tendo um bando de líderes de torcida que assaltam bancos.

Após observar a cena por algum tempo, me escorei em uma mesinha, que - para a minha pior sorte - estava quebrada. E despencou no chão. Com as canecas de café. E eu.

Acho que quebrei minha bunda.

Levantei com muito cuidado e tentei colocar a mesa de volta no lugar, mas resbalei no líquido derramado e caí de novo.

É, agora eu definitivamente quebrei minha bunda.

Xinguei a mesinha e o café, prometendo que tomaria apenas chá dali em diante, até perceber vários olhos me encarando. Maddie logo correu pra me ajudar, mas ela meio que riu mais do que ajudou. Sempre que oferecia a mão e eu falava que estava me sentindo um boneco ventríloquo que tinha sido jogado no vaso sanitário, ela ria e soltava.

Besta.

Passada essa cena constrangedora e dolorosa, perguntei ao delegado se tinha alguma chance de ele liberar a Maddie ou ao menos contar o que havia acontecido, e eis o que me respondeu:

- Georgia, não tenho o poder de libertar a sua amiga. Ela é suspeita de um crime ocorrido nesta manhã, cujo qual não posso lhe revelar detalhes. - ele falou, soando MUITO com um carinha do CSI, e então, cochichou: - Bem, eu não posso, mas não vou impedir a Maddie de lhe contar nada.

Entrei na cela em que Maddie estava e todos os outros caras saíram. Ela estava sentada com baralho nas mãos. Vestia o uniforme da escola e o colar que lhe dei brilhava em seu pescoço.

- Hey - eu disse ao ficar em sua frente.

- Hey! - Maddie respondeu, entusiasmada - Vem, senta aqui do meu lado.

Fiz o que ela pediu e pude notar que estava muito tranquila. Tranquila demais para uma garota que nunca esteve sendo acusada de assassinato.

- Então, quer me contar o que aconteceu? - perguntei, fazendo com que olhasse diretamente em meus olhos, abaixando a cabeça e encarando seus pés logo após.

- Ouvi alguns caras falando sobre isso. - ela começou - Eles disseram que um garoto foi assassinado e teve seu corpo escondido nessa madrugada. A polícia local já está investigando e eles esperam não envolver os federais nisso.

- Ok, a parte do assassinato eu sei, mas por que eles acham que foi você? - questionei.

Ela suspirou, tirou a franja dos olhos e pude perceber uma lágrima escorrer pela sua bochecha; e então, respondeu algo que me deixou completamente aterrorizada:

the best song ever.Where stories live. Discover now