Epílogo

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Julia

"Julia Marie Savinnon!"

A multidão irrompeu em saudações generosas enquanto, com as pernas trêmulas, eu caminhava até o palco da cerimônia de formatura. O reitor da Faculdade de Administração, e em seguida o reitor da Universidade apertaram minha mão. Ambos estavam com caras de que queriam uma bebida forte – o que era compreensível, considerando a quantidade de formandos que haviam cumprimentado hoje. O reitor da Faculdade não encarou meus olhos – o que me fez indagar se ele lembrava que eu era a garota para quem Victor Herrera havia tentado arranjar uma bolsa de estudos cerca de um ano atrás.

A bela assistente do reitor entregou-me o diploma e sorriu para mim de forma indulgente, enquanto eu virava a borla do meu chapéu de formatura.

Eu estava oficialmente graduada.

Nada mais de estudantes, nada mais de livros, ou olharzinhos cínicos dos professores. Eu podia compreender do que Alice falava. A época de escola já era, e eu tinha me tornado uma adulta aceita e aprovada pela sociedade. Isso normalmente teria me assustado pra caralho, mas passei os olhos pelos estudantes e professores, localizei todos os familiares e eu sabia que jamais estaria sozinha.

Havia uma fila inteira dedicada a mim, todos eles me olhavam com orgulho e carinho. Alice e Nathan estavam em uma ponta da fileira, ele com o braço displicentemente jogado em torno dela, e ela que soluçava descontroladamente na camiseta dele. Eu não podia fazer outra coisa senão balançar a cabeça em exasperação. Ela havia se debulhado em lágrimas a cada passo dado em todas as nossas vidas, então eu estava longe de surpresa.

Logo ao lado deles, estavam Tonia e Christian, os dois assobiaram e uivaram ao som da chamada do meu nome. Juro por Deus, eles eram responsáveis por 90% do barulho da plateia. Ao lado de Christian, meu pai Charlie o encarava como se Chris fosse um caso de internação, algo totalmente previsível considerando que ele começou a gritar como se estivesse em uma partida de baseball ou algo do tipo. Mamãe encontrava-se numa situação emocional similar a de Alice, se agarrando ao meu pai e fungando. Gé-zuz. Qualquer um poderia imaginar que se tratava do meu funeral.

Angela estava sentada ao lado da minha mãe, parecendo incrivelmente desconfortável mesmo enquanto sorria amavelmente. Esta era uma de suas primeiras aparições públicas com os Herrera, e eu sabia que ela estava preocupada com a exposição. Ela havia decidido esperar até que seu filho tivesse idade suficiente para tomar uma decisão instruída antes de anunciar publicamente que ele era um Herrera, ou não. Surpreendentemente, Alejandra estava sentada ao lado de Angela, e mesmo daqui de longe eu podia ver que ela mantinha um braço terno sobre o antebraço de Angie. Alejandra também sorria afetadamente, com seus típicos trejeitos, enquanto sentava entre Victor e a mãe do filho caçula de Victor. Sacudi a cabeça de novo. Eu jamais entenderia o senso de humor de Alejandra – ou o de Christian, por tabela.

Victor estava completamente alheio a tudo isso, muito ocupado fazendo barrulhos para o bebê Ben, que sentava satisfeito nos braços do seu irmão favorito. Desde que Victor e Gustavo, sem mencionar o resto da família, haviam sentado para conversar e acertar suas diferenças (estou quase certa de que mais socos e pontapés foram registrados), não havia levado muito tempo para que todos eles se aproximassem da fofura que era o mais novo membro da família.

Gustavo posicionou Ben seguramente contra seu abdômen, cruzando suas mãos em torno da barriguinha redonda dele e descansando seu queixo sobre a cabeça da criança. Eu sentia meus ovários em pleno Carnaval só de ver aquela imagem de Gustavo e Ben, como de costume. Era como se alguém ligasse um interruptor para o modo Gustavo-me-engravide-agora-pelamordeDeus. Mas, mais importante do que meus ovários superativos era o olhar de Gustavo.

A SecretáriaWhere stories live. Discover now