Capítulo 19: Hábitos de dormir

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Julia

Depois de nossa escapada logo quando chegamos – me refiro mais especificamente ao Gustavo versão verborragia sacana e à Julia louca da espanhola – ficamos cansados demais para fazer qualquer outra coisa que não fosse dormir. Gustavo acertou o despertador do seu blackberry para que nos acordasse pouco antes do jantar.

Para o bem dos bons costumes, ele fez o esforço de vestir novamente suas boxers, embora também tenha se esforçado para tirar a camiseta preta, me entregando a peça para que eu pudesse vesti-la.

Algo a ver com, e eu cito entre aspas: "marcar o território dele."

Eu sugeri que Gustavo urinasse ao redor de mim e resolvesse essa questão de uma vez por todas, mas ele respondeu que não faria isso naquele momento porque estava muito cansado, e que faria uma tentativa assim que acordasse da nossa soneca.

Eu não podia me apaixonar por caras normais, tímidos e tediosos, claro – eu tinha que me apaixonar pelo filho da mãe loquaz e espertinho.

Já era perto das seis da tarde agora, e eu estava analisando o jeito que Gustavo dormia de um modo que somente uma garota psicótica e perseguidora faria. O que eu tinha descoberto até então era encorajador.

Quando ele primeiro se encolheu sob as cobertas, há mais de duas horas atrás, Gustavo me puxou para seu corpo de forma que ficamos de conchinha, com todo meu corpo curvado no espaço entre o pescoço dele e quadris.

A cabeça dele estava tão fortemente enterrada no meu cabelo que eu me preocupei com a possibilidade de Gustavo ficar asfixiado, mas ele simplesmente riu meio sonolento e disse que seria minha culpa se isso acontecesse, por usar um shampoo de aroma de morangos, um cheiro fantástico.

Eu o chamei de Sr. Super-Olfato em resposta.

Um de seus braços circulava meu quadril, deixando a mão sob meu corpo enquanto a outra pressionava firmemente os meus seios. Eu chamei a atenção de Gustavo quando ele inocentemente me apalpou, e ele disse que estava apenas protegendo seus mais novos bens favoritos.

Homens.

Acordei vinte minutos antes do alarme de Gustavo, e nossas posições estavam completamente diferentes. Eu estava com as costas bem esticadas sobre a cama e de pernas abertas. Gustavo havia conseguido, de alguma forma, desprezar três quartos da cama para se instalar em cima de mim.

Ele tinha descido um pouco sobre o colchão, revirando os lençóis ao nosso redor, de modo que sua cabeça repousava na pele exposta da minha barriga, onde a minha camiseta – bem, a dele – havia subido. Uma das mãos de Gustavo estava espalmada no vão entre os meus seios, próximo da pulsação do meu coração. A outra mão estava curvada debaixo da minha coxa esquerda, como se estivesse erguendo minha perna, que repousava sobre o ombro dele.

Isso era encorajador, certo? Mesmo no seu subconsciente, este homem ainda havia se certificado de estar sobre meu corpo, me deixando em volta dele como um papel de embrulho.

Assim que acordei, minhas mãos, que estavam acomodadas debaixo do travesseiro, desceram para brincar com os tufos bronze do cabelo de Gustavo. Eu curvava os fios mais longos em volta dos meus dedos, fazia cafuné no couro cabeludo e corria os dedos desde a testa, para alisar aquele trecho; depois fazia o caminho inverso, vindo da nuca, fazendo alguns trechos do cabelo dele ficar de pé.

Fiquei prestando atenção à respiração nivelada de Gustavo enquanto trabalhava minhas mãos em seus cabelos, deliciando-me com o fato de poder satisfazer minha fascinação de tocar aquele cabelo lindo e incomum sem ele saber. Gustavo provavelmente já achava que eu era meio louca de qualquer jeito.

A SecretáriaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora