Capítulo 36: Sem rumo

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Gustavo

Julia Savinnon ia me matar.

Eu estivera abusando da sorte por algumas semanas, provocando-a incessantemente sobre ter pedido ajuda aos meus irmãos para me seduzir (coisa que ainda me deixava vertiginosamente satisfeito cada vez que eu pensava sobre isso).

Mas agora eu estava certo de que ela ia realmente me matar.

Antonieta, Alice, Nathan, Christian e eu estávamos ali, parados em um canto da "festa de despedida" da Julia, e eu estava me sentindo ousado e livre após nossa rapidinha na dispensa. Assim, eu tinha pedido a eles alguns desafios adicionais, amando a reação que eu causava nas pessoas ao rir histericamente das respostas "masculinas" ou "femininas" que elas me davam. Estava tudo indo bem, até que eu, como um idiota, abri minha grande boca, e mencionei que havia pedido Julia em casamento.

Nathan e Christian não pareceram muito surpresos com aquela informação. Antonieta e Alice, entretanto, eram um caso à parte. Antonieta parecia estar a ponto de saltar sobre a minha jugular e Alice como se eu a tivesse golpeado na cabeça com uma bigorna.

E para piorar ainda mais a situação, Julia escolheu aquele momento para gritar em alto e bom som, me perguntando se eu me lembrava daquilo. Cristo, eu não sei o quão bêbado ela achava que eu estava, mas eu nunca poderia me esquecer de ter pedido que ela fosse minha para o resto da vida.

Tudo o que eu fui capaz de gaguejar na hora foi "Um... sim?"

Minha resposta eloquente enfureceu Julia ainda mais e ela soltou um "nós conversaremos depois da festa", em minha direção, e marchou, como o diabo, para fora.

A raiva dela era totalmente compreensível. Nós estávamos vivendo em uma bolha só nossa por duas semanas, bloqueando todas as coisas ruins que faziam parte do nosso futuro próximo. Como um covarde, eu estava hesitante em quebrar aquela aura de felicidade e, estupidamente, não voltei a mencionar meu pedido.

Eram três horas da manhã, a festa já havia acabado, e eu estava esperando que Julia saísse do banheiro. Assim que o último convidado saiu (Alice, que fora embora dando olhares descaradamente duros para Julia) eu tinha perguntado se ela queria conversar, mas ela me cortou bruscamente, "Vou tomar um banho primeiro."

Eu tinha simplesmente tirado minha camisa e lançado minha calça jeans sobre a beirada da cama, o que me deixava aqui, sentado em minhas boxers, encarando a porta do banheiro.

Eu estava me sentindo particularmente nervoso, apertando minhas mãos em torno da oferta de paz que eu tinha comigo, perguntando se ela estaria lá dentro afiando uma faca e preparando as lonas de plástico onde iria embrulhar o meu corpo.

Apesar do meu possível (provável) assassinato, eu tinha decidido o que eu tinha que fazer a seguir, o que ela merecia, e parecia que meu estômago estava repleto de pequenas criaturas vibrantes, enquanto eu esperava a mulher irritada que estava prestes a me encarar.

Eventualmente Julia saiu do banheiro, vestindo uma de minhas camisas velhas da escola de Forks, que iam até seu joelho. Seu cabelo estava para cima, preso um coque feito às pressas e embora eu soubesse que ela iria rir de mim, por pensar isso, ela nunca me parecera mais bonita; usando minhas roupas, sem nenhum traço de maquiagem e como se estivesse prestes a chutar minhas bolas.

Sua beleza sobrenatural simplesmente solidificou meu próximo passo.

"Julia, amor." Eu comecei depressa, meus olhos fixos em seus rosados e atraentes minúsculos dedos dos pés, de modo a não me perder. "Você, por favor, poderia se sentar?"

A SecretáriaWhere stories live. Discover now