Capítulo 11: Controle

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Julia

Eu não iria mais perder essa batalha de egos.

Porque era exatamente isso o que era, também. Um desafio. Uma lição de controle.

Quando Nathan e Christian apareceram para jantar lá em casa, eu expliquei o que havia acontecido entre Gustavo e eu para os quatro; Alice e Tonia também ouviram tudo. Eles romantizaram a coisa toda, dizendo que era tudo tão doce e que estavam felizes que meu plano havia funcionado.

Se qualquer um deles tivesse compreendido a tensão que foi se escalando entre eu e Gustavo, eles não estariam chamando tudo isso de "doce".

Era uma diária e dupla batalha de ímpetos, um cabo de guerra, a tensão de dois polos magnéticos opostos, um intenso e borbulhante inferno confinado num espaço limitado.

Gustavo havia me beijado pela primeira vez na segunda-feira da semana passada, e agora, na quarta-feira da semana seguinte, nós já havíamos nos beijado um total de quinze vezes. Não me levem a mal, eu provavelmente teria contado de qualquer forma, mas a razão pela qual eu tinha um número tão preciso dos nossos amassos era porque cada um de nossos beijos havia acontecido no elevador – um beijo na chegada ao trabalho, enquanto o elevador subia, e outro beijo na descida, antes de seguirmos para o carro dele no final do expediente.

O pretexto que usamos para nos beijar já havia sido esquecido. Durando os primeiros dias, Gustavo me provocou um pouco, dizendo que ele estava se cerificando que eu não ficasse assustada, e eu respondia às indiretas e malícias tanto quanto me era possível. Então, todos os dias, antes de irmos embora, ficávamos esperando feito dois bobos, para que Gustavo me arrebatasse em seus braços no segundo em que aquelas postas se fechassem.

Não demorou muito para que toda essa impetuosidade virasse uma impaciência abrasadora. Eu percebi que Gustavo começou a dirigir mais rápido para o trabalho, começou a abrir a porta do carro com mais agilidade, me segurando pelo antebraço e praticamente me arrastando até o elevador. No final do dia, ele esperava ao lado da minha mesa, quase curvando seu corpo em antecipação, enquanto eu corria para guardar minhas coisas na bolsa sob seus olhos atentos.

Ele me empurrava e puxava no segundo em que as portas se fechavam, me grudando no corpo dele enquanto simultaneamente me empurrava atá a parede de nosso confinamento. A boca dele não saía da minha durante todo o trajeto, subindo ou descendo.

Gustavo parou de me provocar sobre o meu pânico no elevador mais ou menos no mesmo dia em que descobriu que se ele segurasse o botão de fechar as portas, nós teríamos alguns minutos a mais para permanecermos enrolados um no outro. Claramente, isso não tinha nada a ver com uma tentativa de me distrair de algum tipo de fobia quando ele propositadamente prolongava nossos momentos juntos.

Agora, quando Gustavo esteve prestes a iniciar nosso beijo, número quinze na descida do escritório na noite de quarta-feira, eu sabia que teria que dar o primeiro passo. Todas as outras vezes havia sido Gustavo quem me beijou primeiro, e consequentemente era ele quem direcionava nossos amassos. Eu ainda tinha um arraigado medo de rejeição que me impedia de tomar o comando.

Mas, agora, eu sabia que tinha que mostrar a ele que eu podia fazer isso. Não porque eu não gostasse absurdos de sentir o corpo dele contra o meu, aplicando todas as suas habilidades perversas e pecaminosas comigo. Eu adorava. Mas, eu só precisava deixar ele ciente de que eu podia fazê-lo comer na minha mão do jeito que ele fazia comigo todos os dias, se essa fosse minha vontade. E realmente era, realmente era.

Então, quando Gustavo me pressionou contra a parede naquela quarta à noite, minha bolsa já descartada no chão sem qualquer cuidado, eu desviei meu rosto de seus lábios ansiosos. Eu fiquei momentaneamente detida de meus planos de comandar aquele pedaço-de-mau-caminho quando percebi a dor da rejeição e a expressão confusa que tomaram o rosto dele pela minha atitude. Claro que não podia ser minha simples esquivada a causadora daquilo. Eu provavelmente já estava imaginando coisas com a intensidade das minhas emoções correndo à toda.

A SecretáriaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt