Capítulo 38: Embarcando?

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Julia

"Então ... o que dizer sobre esse tempo, hã?" Christian perguntou, rompendo o silêncio desconfortável.

Alice, Tonia, Nathan e eu nos viramos para encará-lo. Nós deveríamos estar tendo um jantar de despedida na casa de Nathan. Mas, na verdade, estávamos sentados em sua sala de estar, com comida nos pratos, olhando uns para os outros em um silêncio constrangedor.

Eram 20h30 da segunda-feira e em uma hora eu estaria partindo rumo ao aeroporto.

Eu não tinha falado com Gustavo desde sexta-feira quando ele me disse, "Por favor, fique com o meu... Por favor, fique com o anel. Por favor." e se escondeu no banheiro do escritório.

Quando ele fechou aquela porta atrás de si, eu permaneci ali, em choque, como se metade de mim esperasse que ele fosse voltar e me dizer que era tudo mentira e que ele estava disposto a implorar o meu perdão.

Mas ele não voltou. Eu devo ter esperado por uns cinco minutos antes de me dar conta que ele não voltaria enquanto eu estivesse ali.

Enquanto minhas lágrimas escorriam, eu sentia meu corpo tremendo, em fúria. Como ele ousava? Como ele ousava menosprezar aqueles que tinham sido os meses mais felizes da minha vida, com suas palavras duras e afiadas?

Assim, eu fiz o que qualquer mulher desprezada faria. Peguei minha calcinha fio-dental que estava jogada no chão e, furiosa arranquei um pedaço de papel que estava em sua mesa, escrevendo com minha caneta preta:

"Gustavo - uma pequena recordação do nosso tempo juntos. Eu posso ver agora o que realmente importava para você - Julia."

E então eu tinha dobrado o meu fio-dental bem dobradinho, sobre o bilhete, a deixando ali, assim como minha aliança de noivado. Eu esperava que minha mensagem fosse clara - que eu sabia que ele lamentava o pedido de casamento feito na noite anterior; quanto à calcinha... bem, ela insinuava que ele não queria nada mais do que uma transa. Um golpe de mestre na vingança feminina. Uma mulher desprezada e tudo mais.

Christian interrompeu minhas lembranças com um ofegar irritado. "Bem foda-se, mas eu não vou ficar aqui sentado como um idiota, ignorando o imenso elefante rosa na sala."

"Christian!" Tonia rosnou, jogando no chão sua fatia, intocada, de pizza. "Nós podemos, apenas, ter um jantar agradável, por favor?"

Eu nunca tinha visto Tonia e Christian brigando antes e lamentei fervorosamente que eu fosse a causa de qualquer discórdia entre eles. Eu sabia que Alice e Nathan vinham discutindo também.

Desde que eu tinha voltado do escritório de Gustavo na sexta-feira, eu estava ficando com Alice e Nathan. Ele estava atrasado para o trabalho, então estava lá quando Alice e Tonia chegaram com minhas malas e praticamente me carregando. Ele deu uma rápida olhada em minha cara de choro e correu para o escritório.

Eu sabia que ele tinha ido checar Gustavo, e eu não tive forças para pará-lo. De que adiantaria dizer para o Nathan que Gustavo, provavelmente, já estava fazendo a fila andar novamente? Na verdade, eu sabia que a fila já tinha andado ou que ele já estava agilizando para que ela andasse o mais depressa possível.

Eu sabia por que ele tinha ligado para a casa de Nathan no sábado à noite. Nathan e Alice tinham saído para comprar comida chinesa, tentando me dar o máximo de espaço possível. Quando eu vi o seu número no identificador de chamadas, eu gelei, com a mão no ar, sem saber se atendia ou não.

Eu ainda estava indecisa quando a ligação caiu na secretária eletrônica e a voz de Gustavo repentinamente, preencheu o cômodo silencioso. "Naaaaate..." ele falou, soando completamente bêbado. Eu podia ouvir a batida pesada de música e vozes ao fundo. Ele estava obviamente em um bar, boate ou algo assim.

A SecretáriaWhere stories live. Discover now