"Uma rapariga caminhava pelas ruas da Síria. Do que restava delas. Sentia-se desamparada, perdida, assustada. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, mesmo que ela as tentasse evitar. O seu desespero era visível à distância. Apenas 6 anos tinha a pequena que ali estava. Um senhor, com as suas roupas rasgadas, aproximou-se dela. Na situação em que viviam, aquela imagem parecia ser algo familiar para aquele indivíduo. Antes que pudesse falar com a menina, um estrondo se ouviu. Uma bomba que explodiu. Nisto, a criança chorou mais. Ela berrava, se pudesse, mas já não tinha mais voz para tal. O medo já se apoderava dela. O homem não disse nada, a sua expressão facial demonstrava preocupação, receio pelo futuro daquela rapariga. Isto é, se ela tivesse um. Abraçou-a intensamente. Aquele senhor era o pai da menina. Após alguns segundos, murmurou um "Vai ficar tudo bem." Ele queria acreditar que sim. Ele tinha de a fazer acreditar que sim.
O que aconteceu a seguir foi demasiado rápido. O pai pegou na filha e, quando estava para entrar dentro de um edifício, onde ele sabia que se podiam proteger, um tiro soou. A rapariga caiu de seus braços. Antes de perder as forças, o homem ordenou a menina a entrar. Ela não queria, mas não tinha opção. Ela tinha de viver. Ela chorou e a voz voltou. O seu grito profundo ecoou naquela rua sombria. A porta transparente permitia-a ver o corpo do homem que lhe deu a vida. Já não se mexia. Ela não entendia o porquê. Ainda era uma criança inocente, não sabia o que era a morte. Mas iria descobrir, na própria pele. Minutos depois, a porta de vidro estilhaçou com o tiro que atingiu a pequena menina. O seu choro parou, assim como o batimento do seu coração. E assim foram dois anjos para o céu, no meio de muitos."
Isto acontece todos os dias, a muita gente. Isto é o que a guerra traz. Morte de inocentes. Até quando vamos deixar que isto aconteça? Até quando vamos deixar pessoas inocentes sofram por atos de outros?
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What I Learned With Me
Non-FictionNão me sinto capaz de caracterizar este livro. Posso apenas dizer que são pensamentos de um indivíduo quase adulto com demasiadas opiniões que, por algum motivo, são partilhadas para serem lidas por quem queira identificar-se ou apenas ler e critica...
