Sou uma pessoa inconstante. Penso em muitas coisas ao mesmo tempo. Escrevo, apago, volto a escrever e volto a apagar. Nada me soa bem. Nenhum assunto atual me atrai. Os meus pensamentos sentem-se enjaulados. São eles ou eu?
O que habita em mim é dúvida. Incerteza. Relatividade. Dizem que estou na idade. Mas eu nunca fui assim. Desde pequeno que sempre era o melhor em tudo o que fazia. O meu futuro estava traçado, não porque os outros me impunham, mas sim porque eu o desenhei à risca, sem falhas. Mal eu sabia que isso era impossível. Atualmente, todos os planos se foram. Muitos obstáculos. Aquilo que imaginei não vai passar de isso, imaginação. Os objetivos que tenho mantém-se, mas parece que o caminho terá de outro. Há algum problema nisso? Normalmente responderia que não, mas como estou num momento de reflexão, a minha resposta é "depende". Depende dos meios que utilizemos para chegar aos fins. Porque não, o fim não justifica os meios. Poderia começar um debate comigo próprio sobre isso, mas deixo para uma outra altura.
Voltando ao assunto... Não estou habituado a não dominar algo. Isso frustra-me, porque não consigo lidar com o facto de não ser o melhor. Talvez seja algo negativo, acredito que sim. Mas não o evito, porque sei que a ambição é uma das minhas melhores qualidades. Não receio que seja desmedida. Aprendi valores suficientes para não atravessar caminhos tiranos e perversos. Parece que afinal ainda habitam certezas em mim. Podem não ser relevantes, mas já são qualquer coisa. De grão a grão, chega-se a um milhão. Não me julguem. Sei que alterei um provérbio, mas soou-me melhor assim! Podem criticar-me...
Às vezes penso até que ponto são as minhas dúvidas benéficas para mim. Sinto necessidade de me questionar sobre tudo, mas, e quando não tenho resposta? Aí, o sentimento de inconstância aumenta. Frustração, diria. A minha vida depende de mim, e, neste momento, não me sinto capaz de lidar com isso. Acho que não sou adulto o suficiente para tal. Aliás, nem sou adulto ainda. Como já posso ter tantas preocupações? Se não consigo guiar-me agora, como será no futuro? Terei um que gostarei? Conseguirei fazer por isso? Tantas dúvidas. Gostava de não duvidar. Não pensar. Ser apenas eu. Com tudo que há em mim. Menos o pensamento. Ser inconsciente. E ser consciente dessa inconsciência. E saber que sou feliz assim. Sinto-me Fernando Pessoa, agora... Devo-me preocupar?
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What I Learned With Me
Non-FictionNão me sinto capaz de caracterizar este livro. Posso apenas dizer que são pensamentos de um indivíduo quase adulto com demasiadas opiniões que, por algum motivo, são partilhadas para serem lidas por quem queira identificar-se ou apenas ler e critica...
