What I Learned With Me

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Todos se encontravam presentes. Eu podia vê-los de cá de cima. Parecem tristes, e talvez não seja para menos, afinal, eu morri. Ouço tantas palavras carinhosas a meu respeito. Ouço choros e alguns lamentos. As cores fúnebres que as pessoas usam assombram o local. Ali estou eu... bem, a parte exterior. Não durará muito. Entretanto irei-me decompôr e ficarei irreconhecível.

Foco-me no que as pessoas dizem... «Era um rapaz incrível!», «Não merecia ter ido, era uma boa pessoa», «Partilhamos grandes momentos.». Sabem o que acho irónico? Nunca ouvi nada semelhante enquanto estava entre eles. Se eles soubessem o quão destruído eu estava, talvez teria sido tudo diferente. Ou talvez não, porque eu tentei, mas a verdade é que ninguém o quis ouvir... chego à conclusão que as pessoas são temporárias e os lamentos não passam de palavras não sentidas! Tudo para ficar bem numa fotografia que nem existe. Eu estava desfeito. Eu não sentia vontade de viver. Eu não dormia porque o choro ocupava esse tempo. Eu não aguentei mais, então morri. E depois deste espetáculo, só enalteço a hipocrisia do ser humano, mas quem sou eu para me preocupar com isso? Não passo agora de uma simples 'estrela' que eles dizem estar no céu a olhar por eles. Nem aqui eles conseguem descolar-se da ideia de não fazerem parte do momento.

Estão todos a prestar atenção à frase cravada na lápide: «Onde quer que esteja, estará feliz.». Eu não estava feliz... por isso é que morri. Ser triste matou-me. E agora querem disfarçar tudo isto, camuflando toda a dor deles numa felicidade imaginária. Por quê? Não tem explicação...

Entretanto, algumas pessoas começam a dispersar. Está na hora de voltar a viver a vida e esquecer tudo o que ali se passou. Elas estão a dirigir-se para os seus caminhos e, com isto, acabou para mim. Deixarei de existir para estas pessoas. Adeus, foi um prazer enquanto durou...

Será que a morte me salvou? Ainda aqui estou, a lamentar-me do que não consegui viver, será que isto irá passar? Ou será que continuarei a sofrer? Bom, não quero pensar muito nisso, possa ser que, entretanto, reencarne numa pessoa mais feliz do que a que sou agora. Só o tempo o dirá...