Estou numa situação complicada. Decerto que não sou a única pessoa no mundo a viver esta realidade. Ter uma vida longe do lugar que se habita é, de todo, esgotante. Sei que existem populações em situações ainda piores que a minha. Comecei este texto por pensar em escrever sobre o quão difícil é o meu quotidiano. Porém, agora que reflito sobre isto, estou demasiado bem, comparado às situações que me vêm à cabeça. Os caminhos que percorro para estudar são incomparáveis aos que algumas pessoas têm de fazer para beber um simples copo de água. Até que ponto temos de chegar para percebermos que o rumo que tomamos até atualmente não está correto?
Pessoas morrem com fome. Todos os dias. Já é algo habitual que nos chega aos ouvidos. Todos sabemos de "os meninos de África" que lutavam para comer aquela sobra que deixamos de lado no prato. Todos sabemos de "os refugiados" que davam tudo por um pequeno conjunto de telhas, só para não dormirem ao relento. Eu até poderia enumerar imensos problemas, mas é inútil. Listar problemas não traz soluções.
Apesar de tudo, sinto que é demasiado fácil falar. Quem está à parte do assunto nunca irá sentir a dor, a revolta, o sacrifício, que estas pessoas fazem para estarem cá. Estamos tão acomodados a uma realidade fictícia que temos medos de atravessar as fronteiras e descobrir o quão aterrorizante é o mundo real. Enquanto estas barreiras não forem quebradas, nunca poderemos pensar que sabemos de um assunto sobre o qual não temos qualquer conhecimento. Estamos aqui, a balbuciar sobre problemas que não nos interessa resolver. Porque não são nossos. Porque não os vivemos. Porque sabemos que a probabilidade de os viver são muito reduzidas.
Contra mim falo. Tenho uma idade relativamente reduzida, não atingi a idade adulta e debato-me sobre estes problemas. Procuro soluções, umas demasiado recorrentes, outras mirabolantes. Mas não passam de ideias. Ideias essas que, espero eu, sejam realidade um dia. Mas, para já, não são. Por isso, o que adianta discutir uma problemática, quando não tenho poder para a solucionar? É assim que funciona, mais ou menos, a mente de pessoas que realmente têm o poder de solucionar os problemas. O que muda é o interesse pessoal desses indivíduos. Penso que nem adianta entrar nesta vertente. A maioria das pessoas já conhece toda a mentalidade de grande parte das pessoas que têm capacidade para fazer a diferença. Exceções existem, com certeza. É pena que não seja ao contrário. Assim vivemos.
De facto, este livro vai ser intrigante, até para mim. Se, em apenas um texto, consegui deambular sobre os caminhos dos meus pensamentos, como será daqui para a frente? Não temo que me contradiga. Não seria bom, nem para mim nem para quem me rodeia, se a minha mente não fosse aberta a novas sugestões, ideias ou opiniões. Também faz parte do crescimento individual. E eu nem atingi a idade adulta...
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What I Learned With Me
Non-FictionNão me sinto capaz de caracterizar este livro. Posso apenas dizer que são pensamentos de um indivíduo quase adulto com demasiadas opiniões que, por algum motivo, são partilhadas para serem lidas por quem queira identificar-se ou apenas ler e critica...
