— Não ouse d-

— Dizer o que, Kairós? Você e Jungkook foram literalmente as únicas alegrias que tive nessa existência. Eu viveria tão bem quanto sendo um humano comum e tendo vocês comigo. Eu não preciso da divindade, nunca a quis. Mas ele... O nosso filho está morrendo! — provavelmente aquela era a primeira vez que chamava Jungkook de filho em voz alta, eu não tinha muita certeza agora — Ele precisa disso. É a única chance dele, por favor.

Ela ficou em silêncio, talvez por um minuto, talvez uma hora, o tempo não importava mais.

— Eu não quero perder você — as lágrimas escorriam de seus olhos e ela tentava desesperadamente secá-las — Eu quero Jungkook de volta, mas eu não quero perder você. T-Tem que ter outro jeito, se... se talvez falarmos com outros deuses e... — ela soluçou alto, deixando algumas lágrimas escaparem e eu tinha certeza que um mês se passou naquele segundo. Ela cobriu o rosto com os braços, tentando evitar a bagunça no tempo.

Dei a volta na mesa, me aproximando dela e passando os braços a sua volta. Ela apertou o rosto contra meu peito, enquanto os braços me seguravam com força.

— Eu vou voltar — afaguei seus cabelos — Quando o universo veio até nós... quando ajudamos Jimin e Yoongi. Ele me mostrou meu destino. Eu vou voltar, vou ter uma família humana. E eu vou ver você de novo — ela ergueu os olhos para mim e sorri por ver a esperança neles — Tem um supermercado em Seul. O maior da cidade. Eu vou estar lá, no dia do aniversário do Jungkook e vou encontrar você. Não é muito romântico, mas infelizmente a gente não escolhe o destino... — ela grunhiu da minha tentativa de fazer piada.

— Eu irei até lá, todos os anos. Em todos os aniversários, até você voltar.

— Vou ser o cara bonitão, com um terno caríssimo, comprando macadâmias.

— Macadâmias?

— Essa parte em acabei de inventar, mas é uma palavra legal — ela riu, antes de me acertar um tapa no peito — Cuide bem da nossa criança até eu voltar. Tudo bem? — Kairós não respondeu de imediato, deixei que chorasse com o rosto pressionado em meu peito, sem deixar que suas lágrimas escorressem, mas sem privá-la do sentimento.

— Eu te amo...

— É... o tempo certo para isso? — perguntei, uma última vez.

— É o tempo perfeito.

(...)

Os fios de ouro me ligaram a Jungkook pela última vez, eu estava deitado na mesma plataforma de mármore onde Hyun esteve, anos atrás, para se sacrificar também. Eu esperava encontrá-lo em minha nova vida, sempre gostei muito dele. Podíamos ser melhores amigos. Kairós estava terminando as ligações, preparando Jungkook. Taehyung foi avisado e foi quase impossível segurar o impulso dele de ver Jeon, mas por fim entendeu que aquele momento não pertencia a ele.

— Feito — ela disse, e um segundo depois os fios começaram a brilhar, conforme a energia divina fluía de mim para ele, Kairós ajoelhou-se do meu lado, mexendo no meu cabelo num movimento tão calmo que estava me dando sono.

— Eu... espero ser bonito na próxima vida. Igual eu sou agora.

— Será se você vai ser menos convencido? — ela sorriu um pouco, os dedos finos descendo e subindo pelo meu rosto.

— Eu só estou falando a verdade. Mas se eu for feio, ainda vai ter que me amar mesmo assim — suspirei, sentindo-me fraco, meus olhos pesando de repente — Eu amo você, Kairós... Eu, Hansol, amo você — busquei a mão dela, tocando sua mão e depois tocando em seus olhos, para que pudesse ver também. O fio vermelho ligava a ponta do meu dedo mindinho até o dela. Almas gêmeas. Seus olhos dobraram de tamanho.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOWhere stories live. Discover now