— Mas... alguém absorveu veneno por mim?

— Sim. Taehyung. Ele nunca comentou? — neguei, ele nunca sequer mencionou o assunto.

— Mas... daquela vez você falou sobre extração e dano neurológico e... — tinha de admitir que a informação sobre Taehyung me pegou de surpresa.

— Eu sei, só que a extração é de um ser vivo para outro. Saiu do seu corpo para o dele, mas não precisa se preocupar, não causou nenhum dano ao Taehyung — assenti, ainda sem reação, ela deu um sorriso muito parecido com o de Jeongy quando tentava me constranger a respeito de Taehyung — Sempre desconfiei que tinha algo acontecendo entre vocês desde aquela época, e tinha a rosa amarela também, mas ninguém nunca me dizia nada e...

Sun ainda estava falando, porém eu não ouvia mais. Puxando da memória eu lembrava de Taehyung e Hoseok conversando, falando sobre a retirada do veneno do meu corpo e logo em seguida, Hobi perguntou se Taehyung estava bem. Na época o questionamento não me chamou atenção, mas agora fazia total sentido.

Era como um quebra-cabeças com peças faltando que eu nem sabia que haviam "sumido" até surgirem agora.

Apesar de tudo, Taehyung ter feito algo para me salvar me deu uma sensação boa no peito. Um tipo de felicidade idiota por ele decidir fazer algo por mim, mesmo quando eu não merecia tanto sua consideração. Naquela época eu o tinha ofendido logo depois do espírito disfarçado como meu pai me importunar.

Os deuses foram entrando um a um conforme Hoseok e Jongin os chamavam, permanecendo lá dentro. Quando todos haviam entrado e me vi sozinho, pois até mesmo Sun foi chamada para ajudar, comecei a tentar relembrar tudo de importante que poderia ter deixado passar. Mesmo uma frase simples, num contexto anterior, ganhou uma nova dimensão naquele momento. Infelizmente não consegui recordar de nada útil.

Já as questões sobre venenos ainda me eram uma incógnita.

Até mesmo Sun entendia bastante do assunto enquanto eu mal sabia o básico. Não era o primeiro ataque, começou comigo, depois Jeongy, agora Shownu e Jackson. Talvez fosse interessante colocar meu sonho junto. Eu podia não me lembrar de tudo, mas a duplicata dizendo que deuses não deveriam existir ainda se repetia em minha mente, como um mantra bizarro.

Eu precisaria fazer novas perguntas, em breve.

(...)

— Tio Tae te esqueceu aqui?

Jeongy sentou-se na cadeira do meu lado esquerdo, o hospital estava praticamente vazio, só havíamos nós dois na recepção, e mais um, o tal Jongdae, mas ele estava meio que dormindo em pé encostado na parede. Quando olhei o relógio no celular, marcava 11:47 da manhã, mas as luzes brancas eram tão fortes que a noção de passagem de tempo se perdia.

Vários deuses já haviam saído e ido embora, Seokjin me deu um aceno antes de ir sem nem me dar a chance de lhe dizer nada. Jimin me perguntou como eu estava, bagunçou meu cabelo como se eu fosse uma criança e correu de volta para Yoongi, que me deu um aceno também, caindo de tanto sono - bem mais sonolento do que Jongdae estava naquele momento - com olheiras enormes e foram embora juntos. Ver os dois me deixava feliz, ao mesmo tempo que me trazia um sentimento doloroso, mas é claro que isso podia ter significado nenhum e fosse só a angústia a respeito da cerimônia tão próxima. Os deuses que eu não conhecia apenas passavam por mim, me olhando estranho, como se eu fosse algo para se ter medo.

Talvez fosse mesmo. Eu era o "Assassino de deuses", afinal.

— Quanto tempo mais vai demorar? — perguntei a garota, eu não tinha dormido muito, me sentia exausto ainda mais com as horas que passei esperando por qualquer informação, esta que não veio, o que era um pouco pior.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOn viuen les histories. Descobreix ara