— Ah! Obrigado.

— Boa sorte com a investigação — assenti uma porção de vezes ainda meio aéreo. Continuei parado no mesmo lugar vendo-o ir embora e o porteiro fazer uma reverência a mim e a ao rapaz antes que saísse.

— Bom dia, senhor Jeon.

— Bom dia, senhor Lee — resmunguei, voltando a subir as escadas. Eu não iria ler nada até dormir por pelo menos vinte horas seguidas.

Voltar para o meu pequeno cubículo depois de tanta confusão me deu uma sensação boa de lar que nunca tive antes, como se nada de ruim fosse me alcançar ali, mas bem sabia que isso não era verdade. O espírito disfarçado como meu pai era prova o suficiente. Segui para meu quarto, depois de chutar meus sapatos para a longe, sentei na borda da cama e coloquei a caixa no chão aos meus pés.

— Vamos lá — comecei a girar o pulso. — God Killer? God Killer.... Vamos lá amigo, aparece. — Eu me sentia meio idiota falando assim, mas não tinha ideia melhor, de qualquer forma, nem estava funcionando. — Pensa, Jungkook. God Killer. Espada. Feminino. — Resolvi mudar a forma de tratamento. — Vamos lá, garota? Somos parceiros, não somos? — A sensação incômoda percorreu meu braço antes dos meus dedos se fecharam em volta do punho da espada. Sorri. — Uma garota, certo? — A lâmina emitiu um brilho dourado que me deixou meio desconfortável, como se o objeto pudesse me entender, porém depois de tanta loucura, a espada interagir comigo era o mínimo. A coloquei sobre a tampa da caixa, era a única proteção que poderia dar ao conteúdo caso um espírito tentasse alcançá-lo — Somos amigos agora?

Obviamente a espada não respondeu e dei graças aos céus por isso.

— Boa menina — resmunguei baixo antes de me largar no colchão, do jeito que estava mesmo porque não tinha condições físicas nem de trocar de roupa, demorando apenas alguns segundos para adormecer.

"— É o lugar mais seguro que conheço, podemos ficar bem aqui.

Meus olhos demoraram a se adaptar a luz excessiva, o sopro marítimo jogava o cabelo em meu rosto e a água molhava meus pés. Apertei os dedos na areia úmida, a sensação era boa. Eu ainda não tinha me virado para ver quem falava, mas não precisei, ele parou ao meu lado, segurando minha mão. Ergui os olhos para Taehyung, eu nunca tinha visto sua expressão tão gentil, nem mesmo nas lembranças de Namjoon.

— Eu sinto falta deles. Não foi justo — falei, mas eu não sabia do que conversávamos.

— Não pense nisso, não havia nada que pudéssemos fazer. Pense que o universo conseguiu se ajustar, ele sempre consegue, e o resto de nós ficará a salvo — assenti.

— Tantos morreram, se eu...

— Kookie-ah. Não. Não quero voltar nisso, por favor. Não existe motivo para continuar revirando a mesma dor todas às vezes, nada vai mudar. — Se colocou na minha frente, segurando meu rosto entre as mãos — Olhe para mim, nós vamos ficar bem — fechou os olhos tocando sua testa na minha e afastou em seguida. — Vamos ficar velhos juntos.

— Só eu envelhecerei — disse e soltei uma risada amarga.

— Posso parecer mais velho se quiser. Se te deixar feliz — estendi a mão até seu rosto perfeito. Aquilo estava me angustiando, numa tristeza estranha que eu não sabia de onde estava vindo. Não poderia ser real. Taehyung nunca agiria daquela forma comigo sob nenhuma circunstância, mas assim como foi no penhasco ele me deixou sem ação ao pressionar nossos lábios levemente. — Eu te amo, Jungkook. "

Acordar do sonho foi ainda pior dessa vez, levantei tentando afastar a sensação horrível de ter o peito comprimido. Estava doendo, me sufocando. Literalmente. Apertei os lábios tentando massagear o peito, mas continuava a doer. Busquei por God Killer, mas ela continuou exatamente onde eu a tinha deixado. Voltei a deitar, procurando o telefone nos bolsos, mas antes que eu sequer o alcançasse, a dor se foi, por completo. Respirei devagar, recobrando a calma, tendo certeza que a agonia tinha se dissipado. "Tudo bem, está tudo bem..." Acabei voltando a dormir, por ainda estar exausto demais, sem sonhar com mais nada.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOWo Geschichten leben. Entdecke jetzt