Seu filho não merecia morrer. Meu coração dói em mortes no mar e acredite em mim que tentei evitá-la.

Existe um deus acima de todos nós, o chamamos de Moros, porém os humanos o chamam de Destino.

Destino nos dá o caminho que devemos seguir e nem mesmo temos o direito de saber para onde estamos indo. Infelizmente seu filho estava destinado a morrer naquele dia. Parece injusto com tudo que o rapaz estava começando a construir, porém a morte faz parte do ciclo natural de toda criatura viva.

A maioria dos destinos são infelizes.

É injusto ele ser tão jovem, injusto vocês não poderem se despedir, injusto que o irmão tenha essa última lembrança traumática. Eu não o vi quando fui lhes visitar, mas espero que o garoto esteja bem. Diga-o que tem a minha bênção e que se um dia quiser, me procure, gostaria de saber como ele está. Lembre-o sempre que não foi sua culpa e quando achar que ele compreendeu isso, lembre-o um pouco mais. Espero que o garoto tenha uma vida longa e feliz, apesar de tudo.

Espero também vê-la novamente, saber que com o tempo, sua família ficou em paz e seu luto, apesar de longo e necessário, um dia terá fim, pois nenhuma dor permanece para sempre.

Fiquem juntos, fiquem a salvo.

Taehyung.

Foi estranho de ler e em parte, sentia que não foi o certo a se fazer. Me perguntava agora se Taehyung sabia sobre mim, talvez de alguma forma tenha me visto ou soubesse que era eu desde o começo. Na carta ele dizia me dar sua benção, talvez eu tivesse uma marca ou isso me fizesse diferente de alguma forma. Mas se eu era diferente por algo que ele mesmo fez, Taehyung deveria saber. Seria possível que ele estava fingindo o tempo todo? Ele se lembrava de Hyun? Sabia que eu era o irmão dele? Mas ele nunca indicou nada ou ao menos nunca percebi.

Quanto mais pensava sobre isso, menos conseguia entender.

Estava me sentindo sufocado em minhas próprias dúvidas. Eles - os deuses num geral - sempre pareciam hábeis em mentir e eu não era capaz de distinguir nada de errado em seus discursos. Não hesitavam, não gaguejavam, não demonstravam culpa. Era bem provável que Taehyung soubesse sobre mim e escondeu a sua antiga relação com minha família. Talvez acreditasse que eu teria mais raiva dele ou a informação interferiria diretamente na imparcialidade da investigação.

— Pai? — chamei, ele emitiu um resmungo. — Está dormindo?

— Vem logo, garoto — segui até o quarto dele, meu pai estava sentado jogando sudoku. Em meus 23 anos de vida eu não conseguia jogar aquela porcaria nem se minha vida dependesse disso. — O que quer perguntar? — sentei no chão, perto da porta. Ele não desviou os olhos da revista.

— Já tinha lido isso? — indiquei a carta.

— Não. Poseidon escreveu para sua mãe. E de qualquer forma não quero as desculpas dele. Não quero nada de deuses estranhos, acredito num único Deus.

— Eles não pedem a fé de ninguém.

— Eu sei. Sei também que eles fizeram grandes coisas, salvar as cidades do Japão na Segunda Guerra, interferir no Norte, todos sabem que foi importante. Mas todo o resto sobre eles, esses costumes de...

— Se relacionarem entre si? Homens viverem juntos, como Namjoon e Seokjin? — aproveitei a fala dita pelo espírito, meu pai assentiu.

— Eu não vou julgá-los. Quer dizer, na cidade falam que Eros é apaixonado pelo deus da morte, aquele demoniozinho cantando sobre o quão incrível é e como comanda os sete infernos — deu mais um de seus resmungos. — Como vocês jovens ouvem essas coisas? — Na verdade eu não ouvia, nunca tinha buscado os raps de Yoongi ou as apresentações de dança de Jongin e Hoseok, apesar de que ultimamente comecei a reparar muito mais neles. — E se querem ficar juntos que fiquem, eu só não tenho de aceitar esse tipo de coisa.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora