— Não para o cachorro infernal? — desafiei, nem sabia porque disse isso.

— Dou preferência aos meus filhotes. — Sua mão subiu para o meu pescoço, apertando levemente. — Você é bonito demais para ser devorado, então fale a verdade.

— Eu. Sou. Humano — disse pausadamente cada palavra. — Eu não ligo para o seu mundo, nunca liguei e não faço parte dele. — Seu rosto chegou mais perto, os olhos estreitaram enquanto olhava fixamente nos meus, tentando perceber uma mentira, possivelmente. Prendi a respiração por instinto, até ele parar e a expressão suavizou. Chegou um pouco mais perto. Por um momento achei que ele fosse me beijar.

— Não parece que está mentindo — ele afastou, soltando-me. — Desculpe por isso. Mas se eu descobrir que está armando alguma coisa...

— Vou virar comida para o Holly. Ou para os tubarões — alisei o pescoço enquanto ele seguia na frente, não foi um aperto muito forte, mas não gostei da sensação. Se ele fosse um mortal eu socaria sua cara, mas sendo um deus eu teria sorte se no máximo quebrasse a mão na tentativa. — Ou qualquer ser bizarro que vocês tenham escondido.

— Não duvide disso — parou na frente das portas do elevador, de costas para mim.

— Claro, claro — As portas se abriram, Taehyung olhou para trás antes de sair do caminho para que eu entrasse primeiro. — Ah, e nunca mais me toque daquela forma de novo.

Ele assentiu algumas vezes.

— Se é o que você quer.

(...)

— Preciso falar com Jimin e Yoongi, a sós. Também Calisto, Latona e Nix. Não posso excluir Seokjin e Taehyung...

Eu precisava de muita ajuda. Eu ainda não podia descartar a possibilidade de Hoseok e Jongin terem feito, afinal a mãe deles foi banida por Zeus. Entretanto, o álibi deles foi confirmado pela emissora. Eles até me enviaram o episódio gravado, que acabou não indo ao ar depois do anúncio do falecimento de Namjoon. Havia a vantagem - para mim, e desvantagem deles - das limitações humanas, do tipo não poder se teletransportar então até que algo novo surgisse eu tinha os cortado da minha lista.

— Jackson — recitei o nome enquanto escrevia no quadro. — Você tem de saber alguma coisa.

Taehyung e Seokjin não tinham um álibi muito convincente. Pelo relato de Seokjin, ele estava dormindo quando Taehyung foi até seu quarto avisar sobre a morte. O corpo estava no rio, o escritório de Taehyung fica no rio e a casa dele tem um acesso direto à margem. Ele conseguiria cometer o crime e voltar a tempo de parecer inocente. Seria esse o motivo dele estar me ajudando? Para desviar a atenção de si próprio enquanto caço um assassino que está ao meu lado o tempo todo?

Quão dissimulado Taehyung poderia ser? Eu tinha de entregar um culpado, e essa pessoa morreria... Ele mataria outro deus apenas para livrar a própria pele? Eu precisava de provas. Algum indício a respeito de alguém. Olhei de para minha sala vazia, fungando com o cheiro do mofo impregnado nas paredes. Nem o deus da água conseguiria tirar o mofo e infiltração daquela sala, aquilo permaneceria ali pelas próximas eras, o mundo se explodiria numa hecatombe nuclear e sobraria apenas as baratas e aquela parede manchada.

Manchas.

— Manchas...

Eu finalmente tinha algo para procurar.

+++

— Eu quero dar uma olhada na sua casa. — Fazia uns três anos desde que liguei realmente para alguém. Odiava ligações. Preferia ir até Busan ver meus pais do que ligar para eles, mas Kim Taehyung me obrigou a telefoná-lo já que ele não veio até mim em nenhum momento depois da visita a Yoongi.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOWhere stories live. Discover now