— Em casa. Com Seokjin e Holly.

— O cachorro do inferno?

— Não fale assim dele, isso fere os sentimentos. — Algo nele, talvez sua atitude cínica, me fazia duvidar de cada palavra. A melhor maneira de tirar suas palavras a limpo seria perguntando para Seokjin. Talvez até pra Holly, depois de tudo a possibilidade de ser um cachorro falante não era das menores. — Seu escritório sempre foi tão vazio?

A não ser pelo quadro, um banquinho de apoio para os papéis, a cadeira de Taehyung e ele mesmo, não havia mais nada no meu escritório que anteriormente era o depósito de provas antes das paredes terem infiltração e tudo guardado começar a mofar. Em quanto tempo eu morreria ali dentro era uma pergunta para ser feita no futuro.

— É novo.

— Dá para notar — olhou para a parede meio esverdeada de infiltração. — Eu posso consertar isso, água é meu lance.

— Não, tudo bem. — O mofo seria minha companhia. Peguei meu gravador e verifiquei o coldre com a arma mesmo que não valesse de muita coisa. Se um deus me atacasse o que eu poderia fazer? Talvez torcer para ter uma morte rápida.

— Jungkook?

— Sim.

— Você não é um investigador de verdade, é?

— Sou um policial e tudo o que tem para achar o assassino do seu irmão. — Taehyung não pareceu gostar da resposta, entretanto nada que eu dissesse iria fazê-lo gostar mais de mim. Comecei a considerar se ele me mataria logo depois que tudo aquilo acabasse. "Talvez eu vire comida para o Kraken em lugar de ser petisco do cachorro do inferno. "

— Então... você vai ser meu parceiro?

— Eu prefiro pensar o oposto. Um deus não pode ser parceiro de um mortal. — "Será que ele era assim desde a época que era um homem grego branco fedendo a peixe? "

— Eu ouvi isso. — Meu coração falhou uma batida.

— Todos vocês leem mentes? — ele riu um pouco.

— Não, eu estava brincando. Mas seu olhar de ódio foi óbvio demais. Vamos, eu te dou uma carona até minha casa. Aposto que não te deram uma viatura — ele levantou e pude reparar enfim em sua cadeira. Que era feita de água. E que voltou para dentro da parede.

"Ele usou a água infiltrada como uma cadeira..."

Eu não devia estar tão surpreso com isso, mas... puta merda isso era bizarro! Como as pessoas se acostumaram tão rápido? Nem mesmo em oitenta anos eu conseguiria aceitar pessoas chorando ouro ou manipulando água de dentro das paredes.

— Ei! Você não vem? — ouvi Taehyung chamar.

— Claro. Estou indo.

+++

Kim Taehyung era um diabo narcisista.

Assim como o templo de Zeus, a casa de Taehyung parecia uma grande galeria de arte. Mas a arte exibida era ele mesmo. E era ridículo. Havia uma estátua dele com o tridente na mão de pelo menos dois metros de altura, olhando para baixo como um deus vingador. Havia uma pintura dele com ondas se chocando nas pedras. Uma foto gigantesca do período da segunda guerra mundial quando ele e Namjoon salvaram duas cidades japonesas de bombas nucleares. Um herói de guerra, rodeado por pessoas o idolatrando.

— Holly? — chamou pelo cachorro do inferno quando eu já tinha me sentido ameaçado o suficiente por sua estátua gigante. — Ele tem que saber que você não é comida.

— Ah... — Foi o melhor que pude dizer.

— Holly! — Haviam duas escadas em cada canto do cômodo e um corredor bem no meio no andar de baixo, foi por onde ele seguiu. — Não venha para cá, é meu corredor de nus artísticos — ele disse como se a informação não tivesse nenhuma importância, afinal quem não tem uma exposição de si mesmo nu, não é mesmo?

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOWhere stories live. Discover now