Capítulo 24

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Sophia 

Boa parte da minha vida eu passei tentando superar coisas. A morte prematura dos meus pais, a aposta que fizeram me envolvendo na escola, um vídeo intimo meu vazado. Todos os dias eu tento me erguer, ser a mulher "forte" que todos imaginam. Mal sabem eles, que eu sou frágil, quebro facilmente, estou tão remendada com as quedas que levei na vida, que algo muito simples é capaz de me quebrar. E eu vou tentar me erguer mais uma vez colar mais uma vez cada um dos caquinhos.

Enquanto o Leon, me tocava, me machucava, a única coisa que vinha na minha mente era o Aron chegando, tirando ele de cima de mim, não permitindo que aquele monstro me destruísse mais uma vez. Mas, ele invés disso ajudou. Sua atitude doeu ainda mais do que a violência física e sexual do Leon

Século XXI, e ainda as mulheres são culpadas. Se em alguma situação se encontra um homem e uma mulher, e tudo indicar que a mulher é a vítima, ainda sim, vão encontrar maneiras de jogar a culpa de todo sobre ela. Quando o Leon espalhou um vídeo intimo para toda escola, tiveram pessoas que disseram que eu "abrir as pernas porque quis" que eu que "tinha filmado e espalhado o vídeo". Essas acusações doem ainda mais quando veem de outras mulheres. Pois, uma parcela da nossa sociedade ainda é baseada na submissão e competição feminina e na dominação masculina.  

Quando o Aron me expulsou do escritório aos gritos, sem me dar o direito de falar, enquanto o Leon destilava todos eu veneno sem ser interrompido. Me taxar de vadia, é muito mais fácil do que me ouvir.

E não é ciúmes, é falta de confiança mesmo. E eu achava que entre nós dois crescia um sentimento novo, que ele me amava, como eu o amo. Mas, não Aron Miller só ama a si mesmo. Porque se fosse amor, ele me ouviria. Quem ama escuta e eu afirmo isso com toda a convicção, pois, quando todos apontavam os dedos para mim por causa do vídeo, os meus amigos e dinda me ouviram, e o mais importante acreditaram em cada palavra que eu disse, porque eles me amavam, simples assim.

Tudo aconteceu a algumas horas atrás, e meu peito doí, as lagrimas ainda molham meu rosto, a sensação que eu tenho é que mais uma dessas rasteiras do destino, eu quebro de vez, e não me ergo mais.

Sou tirada dos meus pensamentos, quando vejo a porta do meu quarto sendo aberta, e meu pequeno anjo entrando, segurando sua boneca inseparável, que foi presente do Aron. A Kathy me transmite paz, apenas por existir. 

_Você está tiste? _ Ela caminha até cama subindo com dificuldade e me abraça. _ Posso chamar o Alon, ele sempre te deixa com os olhinhos igual estelas, bem brilhantes. _Ela segura me rosto me olhando sorrindo.

Como eu vou dizer a ela eu o Aron, é o responsável pela minha tristeza? Como vou desmanchar o sonho dela de família, que sei que ela idealizou com nós dois?

_Eu não estou triste, apenas com saudade de você anjinho! _Dou o meu melhor sorriso, abraçando-a apertado sentindo seu cheirinho de bebê. _ Sabia que é a filhinha mais linda do mundo? _Olho para ela sorrindo, enchendo-a de beijos.

_É a mamãe mais linda também, sempre quis uma mamãe igualzinha você. Não aquela que me batia todo dia, e gritava comigo. _ Ela diz na sua inocência. E nesse instante eu seria capaz de matar essa mulher com as minhas próprias mãos. Como alguém pode fazer mal a Kathy?

Quando abro a boca para perguntar mais sobre o passado dela, ouço a companhia tocando. Estranho, o porteiro não interfonou. Deve ser a Mel ou talvez o Luke ou o Dylan.

_Vamos ver quem é a nossa visita?_ Levanto animada com a Kathy nos braços, correndo até a porta. E assusto ao ver três homens na minha porta._ Pois não?_ Falo desconfiada, sentindo um calafrio percorrer todo o meu corpo.

_Delegado Muniz, é Sophia Lopez?_ O homem diz de modo seria e eu apenas confirmo com a cabeça incapaz de falar qualquer coisa, sem entender o que a polícia quer comigo. _ A senhorita está presa, pelo sequestro da menor Katherine Adams, tem o direito de permanecer calada, e tudo o que disser  poderá e será usado contra a senhorita no tribunal.

Vejo os policias entrem no meu apartamento, e sinto todo meu corpo gelar e a Kathy se agarra a mim com toda força.

_Mamãe eu to com medo! _Ouço a voz assustada da Kathy. MÃE, ele me chamou de mãe, e é isso que eu sou, mãe dela. Sinto uma força crescendo em mim e dos alguns passos para trás.

_Eu não sequestrei ninguém! Vocês não vão tirar a Kathy daqui. _Aperto o corpo da Kathy contra o meu, tentando controlar o medo que nos duas compartilhamos nesse momento.

_É melhor a senhorita cooperar, não queremos usar de força _ O tal delegado diz fazendo sinal para os outros dois policias, que se aproximam de mim arrancando a Kathy dos meus braços.

_MAMÃE! ME SOLTA! CHAMA O ALON... MAMÃE NÃO DEIXA! _ A Kathy grita se debatendo nos braços do policial, e eu sinto meu coração se partindo de vez.

A dor me consoem por completo, tento trazer ela de volta para os meus braços, mas o outro policial me segura. Eu me debato, grito, tento trazer Kathy de volta para a proteção dos meus braços. Mas, tudo passa em câmera lenta, não ouço o que os policias dizem, apenas ouço os gritos da minha filha sendo levada de mim, e as algemas me impedindo de lutar por ela.

_ME SOLTA!!! KAYHY!!! _Uso toda a minha força mas, sou arrastada pelo policial, sinto lagrimas molhando meu rosto, quando eles me levam para fora do meu prédio.

Uma multidão se forma, ao nosso redor, minha pequena anjo não para de lutar, ela grita por mim e eu por ela. Mas, não somos ouvidas por ninguém. Vejo a colocarem em outro carro e sou levado a uma viatura. Não ouço o que o delegado diz, não ouço nada além do choro da minha filha, que vai diminuindo conforme a levam para longe de mim.

Sou jogada no banco de trás da viatura. Aron! Ele pode resolver isso. Ele ama a Kathy, sei disso, nunca vai deixá-la parar em um orfanato. Ele sabe que eu não sequestrei ela. Eu engulo todo o meu orgulho e procuro por ele, tudo para não ver a minha anjinha sozinha e assustada. Quando chegar a delegacia vou ligar para ele. Sinto meu coração se acalmar um pouco com a certeza de que o Aron vai ajudar. Ele tem que ajudar.

Olho para janela e ouço os policias conversando.

_ O Miller tinha razão, ela ensinou a menina, chamar ela de mãe. _O policial que algemou diz anotando algo em um caderninho.

_Devemos uma ao Aron aquela mensagem dando a localização dela, foi essencial depois da denúncia anônima. _ O delegado Muniz, diz mais algumas coisas ao policial e os dois entram na viatura. Porém, eu sou incapaz de ouvir mais qualquer palavra.

O Aron me denunciou? Sinto a ultima linha se arrebentar e eu me quebro de vez. Meu corpo perde as forças e as lagrimas banham meu rosto, sem que eu possa conte-las, enquanto uma dor dilacerante atrevesse meu peito, me fazendo perder o ar.  

Esse foi um dos capítulos mais difíceis de escrever. Meu coração esta partido! 💔

COMETEM E VOTEM, QUEREMOS SABER A OPINIÃO DE VOCÊS.

Já já temos capitulo no livro da Mel. 

Boa noite! Ate o próximo. ❤❤❤



Meu Advogado Miller-Série Chefes (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora