EVIE: Das Más Escolhas Nasceu A Maturidade

Capítulo 47→"Sem saber que era você quem precisava."

— Tânia, estás bem? — perguntei caminhando ao seu lado pela rua estreita que nos levaria até a clínica.

Minha amiga me ignorou e continuou a cantar. Faziam exactas duas horas que eu tinha me encontrado com ela e de certeza não estava nos seus melhores dias.

—"This is for my father, from the older brother of your children made of three
(Isto é para meu pai, do irmão mais velho de suas crianças feitas de três)

Yeah you’ve been so good to us and showed us how to live and taught us to be free
(Sim,você tem sido tão bom para nós e nos mostrou como viver e nos ensinou a sermos livres)

But when mother told you that she didn’t love you all these bridges hit the sea
(Mas quando mãe lhe disse que ela não ti amava todas essas pontes caíram no oceano)

So you built another one and helped us cross it even though you were in need
(Então você construiu uma outra e nos ajudou a atravessar sem saber que era você quem precisava)

Now I say
Dear Father, how you’ve come so far?
(Agora eu digo,
Querido pai,como chegou tão longe?)

Your love has fixed all of our broken hearts
(Teu amor tem concertado todos nossos corações partidos)

I hope you’re proud, father, of what you’ve done
(Espero que esteja orgulhoso,pai,pelo que tem feito)

It’s a lifelong lesson and I’m not pretending when I say
(É uma longa lição de vida e não estou a fingir quando digo)

You cleared up my scars
(Você limpou minhas cicatrizes)"

Sua voz não era das melhores, mas isso não me importava tanto quanto sua expressão séria e triste ao mesmo tempo.

— Teus pais discutiram de novo? — tornei meus passos lentos e ela me acompanhou.

— Na verdade sim, mas eu não me importo muito. Só que não é uma boa coisa para minha irmã mais nova viver num ambiente em que há sempre discussões.

— Porque você não diz isso para eles, Tânia?

— Não vou dizer nada! Isso devia partir deles como pais. Eu acho melhor que eles se separem, não que eu realmente queira isso mas depois de tanto tempo nessa situação toda, você acaba por desistir de acreditar que um dia tudo vai se resolver.

— Pelo mesmo motivo?

— Sim. Parece que meu pai não suporta a ideia de que minha mãe não gosta mais dele e isso faz com que qualquer coisa seja motivo de discussão. Com qualquer coisa quero dizer qualquer coisa. Ele não percebe que oque ele tem feito, faz com que minha mãe desenvolva uma espécie de ódio ou rancor...Sei lá... — respirou fundo e olhou para baixo.

Eu não sabia oque dizer, então puxei para um abraço desajeitado e também olhei para baixo quando nos fazíamos próximas da clínica.

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Pela segunda vez eu estava sentada de frente para a Dra. e com minha amiga do meu lado, naquela sala fria. Meus pés batiam de forma frenética no chão, oque denunciava que eu estava extremamente nervosa.

— Bom dia para as duas meninas. — sorriu simpática como sempre fazia, com alguns papéis em mãos.

— Bom dia! — respondemos em uníssono e a voz de Tânia era arrastada pelo desânimo.

— Como estão? Sua mãe avisou que ela não poderia vir e que você viria com sua amiga. Como se chama?

— Tânia. — respondeu e forçou um sorriso.

— Prazer e sinta-se a vontade.

— Obrigada.

— Então, minha gestante, como têm sido as coisas da última consulta para cá?

— Bem,...— esfreguei as palmas das mãos no tecido jeans das minhas calças —...quase tudo manteve, os enjoos, tonturas, desejos estranhos, frequência urinária aumentou e ontem passei mal, excepto pelo facto da minha barriga estar a crescer tão rápido. — Ergui meus óculos até a ponta do nariz com a ajuda do meu polegar.

— Oque sentiu ontem? — cruzou seus dedos sob o seu queixo.

— Tonturas e falta de ar. Fiquei algum tempo tentando regular a respiração e desmaiei assim que senti meu coração bater muito rápido. Depois me lembro de ter acordado com um pouco de dor na região pélvica. — ouviu oque eu dizia atentamente e ficou alguns segundos em silêncio antes de perguntar.

— Está com quanto tempo de gravidez?

— Três meses e três dias, quase.

— Pois, eu avisei numa das consultas que os sintomas intensificariam, assim como surgiriam outros. Isso já está a acontecer. Geralmente a queda de pressão e a falta de ar iniciam nesse período. Pode ter sido também por meia influência da mudança climática brusca.

— Minha mãe me disse isso, também.

— É isso mesmo. Então sempre que isso acontecer, procura repousar o máximo que puder. Vou te dar um guião que os médicos e obstetras criaram para ajudar as gestantes com suas gestações. Lá tem tudo sobre como lidar com alguns sintomas, tem as causas dos mesmos, entre outras coisas. Acredito que boa parte das tuas dúvidas serão esclarecidas.

Eu olhava atenta para ela e o tempo parecia passar devagar e rápido ao mesmo tempo. Minha amiga também estava atenta em suas palavras e tinha seus braços cruzados. Não sabia se era o frio do lugar ou a ansiedade que criava arrepios constantes em mim, só sabia que estava com o mesmo medo que senti na última consulta.

— Então,... — se endireitou na cadeira —...vamos à oque te trouxe aqui? Hoje é dia do teu segundo ultrassom.

Respirei fundo na tentativa de livrar meu corpo da tensão.

— Sim.