Capitulo 13 - Missão de Resgate

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Joanna, Ryan e Claudya alinhados como se fossem troféus foi tudo o que consegui ver antes da escuridão.

- Acorda.

Primeiro não passou de um sussurro distante até se intensificar numa voz agressiva, irritante e perfeitamente conhecida. Pouco a pouco lembrei-me de onde estava, com pouca vontade pisquei os olhos encarando uma luz amarelada proveniente de um candeeiro de pé; respirar tornara-se uma tarefa complicada devido ao estado de decomposição dos corpos, que apesar de pouca espalhava um cheiro nauseabundo pelo espaço.

Apercebi-me que estava presa a uma cadeira com cintos a prender-me as mãos aos braços da cadeira e os pés presos com cordas às pernas.

- Annie... O que estás a fazer? Para quê isto tudo?

- Fazer-te sofrer exactamente como fizeste comigo. - Fez uma pausa e olhou para mim. - Quantas vezes tenho de te explicar? Honestamente julguei-te mais inteligente!

A voz dela zumbiu nos meus ouvidos de uma forma distante como se estivesse debaixo de água. Não fazia sentido nenhum. Rodei a cabeça tentando perceber se havia algo à minha volta. Tudo estava igual mas à medida que me movia sentia uma dor forte da nuca e em resposta senti escorrer algo - sangue.

- Porque não me matas de uma vez por todas?

- Não sei talvez seja uma pena demasiada leve para ti. - Riu enquanto se aproximava de mim com uma faca na mão.

Passou-me a faca pela cara como se me tivesse a acariciar, depois traçou a linha do braço rasgando a manga da camisola e tocando levemente na minha pele.

- Esta é por me teres abandonado. - Disse enquanto me espetou a faca no ombro.

Gritei e esperneei mas ela continuou.

- Vamos ver, esta pode ser por preferires a minha irmã!

Desta vez foi na coxa, voltei a gritar ainda mais alto, infelizmente ela não estava disposta a parar.

Sonya

De um momento para o outro tudo mudou, perdemos o elemento surpresa e a pequena vantagem que adquirimos. Fui assolada por todas as emoções possíveis: raiva, adrenalina, ódio, saudade e no fim verdadeiro terror. Encostei-me a uma árvore e deixei-me escorregar, com as emoções ao rubro preparei-me para chorar mas talvez por desidratação tal fenómeno não aconteceu, em consequência fitei o vazio revivendo os últimos acontecimentos, todas as mortes. Não tínhamos hipóteses contra ela, apesar da vantagem numérica, a Annie ganhava em planeamento.

- Nós temos de salva-la. - Sussurrou o Bryan. - Eu tenho...

- E como planeias fazê-lo? Já tentamos uma vez e falhamos. - Relatei desmotivada.

- Não sei nem vou perder tempo a imaginar um plano, quando lá chegarmos improvisamos.

- Nem com um plano de mestre teríamos chances e tu queres simplesmente bater à porta?! - A irritação sentia-se no ar, queria tanto salva-la como ele e também não tinha nenhuma ideia magnífica mas aquilo soava absurdo. - Quero resgata-la tanto quanto tu mas precisamos de uma estratégia no mínimo!

- Pensamos numa pelo caminho. Pela direcção que ela tomou só pode ter voltado para a casa.

Pegou nas mochilas que havia camuflado, bebemos o pouco que havia e fizemos o caminho em silêncio, enfrentando a dolorosa realidade em que nos encontrávamos. Obriguei-o a parar durante a noite para descansar, reflectir e estruturar um bom plano.

- Alguma ideia? - Perguntei enquanto me aquecia na minúscula fogueira.

- Uma. Esperemos que seja exequível. A ideia é apedrejar a casa como manobra de diversão, enquanto isso escondeste nas traseiras e quando ela sair por aquela minúscula porta lateral tu entras pela porta principal e trazes a Cathy, eu estarei a distraí-la.

- E como vais distrair uma lunática psicopata antes que ela te mate?

- Insultando-a? No momento improviso.

- Bem, é o melhor que temos de momento.

***

Quando os primeiros raios de sol penetraram na densa camada de árvores recomeçamos a nossa missão de resgate chegando à casa quando o sol se encontrava no auge. Recolhemos algumas pedras e antes de as atirar o Bryan pegou em mim as cavalitas e ajudou-me a ultrapassar a vedação metálica.

Cathy

O meu corpo implorava por descanso, gritava por um apagão mas por alguma razão a minha mente mantinha-se consciente vagueando, por vezes, em memórias antigas livrando-me de risos malvados, de irritações e principalmente daquela maldita e nojenta voz.

- De quem é esta casa realmente? - Articulei.

- A casa pertencia ao dono do posto de abastecimento - que aqui entre nós está morto - mas quem vocês viram é um dos meus tios que assumiu os encargos deste fim do mundo.

- Quantas pessoas... Já mataste? - Perguntei arrastando a voz.

- Algumas... - Foi tudo o que ouvi.

Ia a meio do escorrega quando fui arrancada de volta à realidade por barulhos continuados, que chamaram a atenção da Annie. Por entre aquela luz intensa consegui vê-la sair sem fechar a porta e ouvi, ao longe, passos vindos da direcção oposta. Forcei o meu corpo a colaborar comigo, abanei-me e derrubei a cadeira mergulhando de bom grado na escuridão.

- Cathy?

Levou algum tempo até o meu cérebro processar aquele murmúrio e perceber de quem era. O alívio foi imediato.

- O que estás aqui a fazer?

- O que achas? A resgatar-te!

Partiu a cadeira ao pontapé para me livrar dos cintos e carregando metade do meu peso tirou-me daquele submundo.

- Onde está o Bryan? - A voz falhava-me devido à secura da boca.

- A distrai-la.

- E como vamos sair daqui agora? Consigo ouvi-los na parte da frente.

- Sinceramente o plano consistia em entrar não pensamos realmente em como sair. - Disse com surpresa.

- Boa! - Afirmei sarcasticamente.

Nenhuma de nós fazia ideia de como sair dali e o som de vozes desapareceu. Correr. Era a palavra que brilhava na minha cabeça como um placar de néon. Ignorei todas as dores e fiz um esforço para me manter consciente e ambas corremos em direcção ao portão que felizmente por dentro abria sem chave (não estando trancado). Parei atrás de um dos carros mesmo a tempo de sentir o chão fugir-me debaixo dos pés e a luz me abandonar.

Bryan

Entretê-la não se mostrara uma actividade fácil, primeiro adoptei uma postura de ataque, depois tive de passar para a defensiva até que acabei por fugir de uma faca voadora. Felizmente consegui distrai-la o tempo suficiente para a Sonya resgatar a Cathy. Levou meia dúzia de segundos até os gritos frustrados da Annie eclodirem. Estremeci e procurei por elas, estavam atrás de um carro que não era nenhum dos nossos, o que me intrigou.

- Sonya de onde apareceu este carro? - Perguntei baixinho enquanto me aproximava.

Só quando cheguei mesmo à beira delas é que reparei, a Cathy não estava agachada, estava caída. O meu cérebro bloqueou interditando uma possível razão para a falta de consciência da minha namorada. Em três passos lentos cheguei próximo dela.

- Está só desmaiada. - Constatei aliviado quando senti a sua pulsação.

- Respondendo à tua pergunta, acho que o carro é da Annie, deve tê-lo trazido depois de nos afugentar. - Afirmou a Sonya.

- Então o carro deve estar em condições, presumo que ela não tenha sabotado o próprio carro. - À medida que a minha mente processava a informação o meu cérebro construía um plano. - Tenho uma ideia de como sair daqui.

Contei-lhe o meu plano que se baseava em roubar-lhe o carro mas para isso eram precisas as chaves que estariam, quase de certeza, com ela. Essa revelou-se a parte complicada, senão mesmo impossível do plano. Como lhe tirar as chaves? A pergunta flutuava na minha cabeça. E teria de arranjar uma solução brevemente.

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