Capitulo 12 - Reviravolta

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Tudo o que vi foi um feixe luminoso e a Claudya a soltar um grito suprimido e perder todas as forças caindo progressivamente, batendo com os joelhos. Teria gritado se tivesse conseguido mas as minhas cordas vocais bloquearam. Quando tombou vimos onde o machado lhe acertara, era impossível não ver, nem com a queda se mexeu, continuava cravado no crânio dela de onde o sangue brotava manchando-lhe o cabelo e a blusa.

- Ela está-nos a caçar. E nós não o podemos permitir.

- O que sugeres? - Toda a emoção, todos os sentimentos, tudo o que nos distinguia dela gelou, esmoreceu; as nossas vozes exibiam raiva, rancor, chegando mesmo a roçar o ódio.

- Sim amor que pretendes fazer?

- Caça-la a ela. - As palavras queimaram-me a garganta.

- Vamos a isso.

- Estão malucas? A única coisa que vão conseguir é magoarem-se. - Não vendo reacção o Bryan continuou. - Além disso como o planeiam fazer? Ela está armada.

- Estava. - Desenterrei o machado e levantei-me para os fitar.

- E depois? Achas que ela o atiraria se isso significasse ficar desarmada?

- Bryan nós vamos fazê-lo! Podes juntar-te a nós ou continuar a fugir. - O sentimento na voz da Sonya era evidente - vingança.

- Mais uma vez, e depois o quê? Mesmo que a apanhem o que vão fazer?

- Matá-la. - Respondemos em uníssono.

Enquanto o Bryan andava de um lado para o outro claramente a pensar se nos daria um estalo a cada uma, o sangue da lâmina escorria-me pelas pernas.

- Sou o único a pensar aqui? Se o fizerem o que vos distingue dela?

- Nós temos um motivo, ela não. - A Sonya cuspiu as palavras.

- Muito provavelmente ela também pensa que o tem.

- O quê Bryan? Agora estás a defende-la? - Gritou a Sonya.

- Claro que não! Só acho que esta não é a melhor maneira de resolver as coisas.

- Matar ou morrer é o único lema aqui. - Tentei mostrar-lhe o meu ponto de vista.

O Bryan suspirou e levou as mãos à cabeça baralhando o cabelo mas acabou por desistir de "lutar" contra nós, o que me agradou imenso apesar de saber que havia razão nas suas palavras.

- Vou atrai-la e enquanto isso quero-vos escondidos, vou entretê-la e quero que a ataquem pelas costas e é para a imobilizar, dêem uso ao machado. E não recuem por absolutamente nada, percebido?

A Sonya acenou confiante, cega de vingança, em contrapartida o Bryan quis ripostar principalmente por ter compreendido exactamente cada palavra que eu pronunciara, coisa que duvidei ter ficado completamente claro para a Sonya.

***

- Annie! Estou aqui. - Gritei a plenos pulmões num tom desafiador.

O silêncio à minha volta era arrepiante e o vento assobiava marcando a sua posição. Andava em círculos percorrendo o olhar pelo sítio onde os sabia escondidos. Com o passar do tempo comecei a por em causa o sucesso do meu plano, estava ciente dos riscos que corria mas estava confiante que ela dialogasse comigo primeiro. Os primeiros raios de sol iluminavam pequenos pontos arrancando poder à escuridão e evidenciando as formas que se escondiam nas sombras.

- Que coragem! - Disse a Annie num tom fino e irónico. - Que aconteceu? Os teus amigos deram-te com os pés? Abandonaram-te foi?

- Sempre foi esse o teu objectivo, deixar-me sozinha. Por isso aqui me tens. - A neutralidade da minha voz não deixou transparecer nenhum dos sentimentos latentes.

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