Capitulo 8 - Revelações

344 39 13
                                    

Uma onda de choque percorreu-nos o corpo ao ver aquele feixe de luz cada vez mais intenso, corremos pelo corredor o mais rápido que conseguimos saindo pela passagem do armário fechando-a depois de passarmos, mas tínhamos deixado a luz ligada denunciando que alguém ali estivera.

- Alô! Nós somos seis e ela apenas uma, podemos dar cabo dela. - Propôs o Ryan.

- Ela tem um machado lembras-te? - Enquanto a Sonya falou ouviu-se ladrar. - E um Rottweiler.

- A cozinha deve estar cheia de facas! - Refutou o Bryan.

- Nós podemos ser seis mas ela é uma assassina e nós não! - Gritei farta de ouvir parvoíces.

- Calma... Assassina? - Interrogaram todos em coro.

- Quem é ela? - Sondou a Sonya.

- A Annie, a minha melhor amiga durante seis anos.

Os pontos de interrogação que se lhes formaram nas expressões eram palpáveis à distância. Não queria mas sabia que lhes devia uma explicação embora soubesse que isso apenas os assustaria mais.

- Muito bem... Tudo começou quando tínhamos seis anos, estávamos no jardim dela a brincar com o Knut, o seu coelho castanho claro de olhos pretos quando a Lya, a irmã mais nova dela, apareceu pedindo para brincar também. Os olhos da Annie ficaram baços e a sua expressão mudou completamente, então ela apertou a garganta de Knut e o som que se seguiu foi assustador. Pegou e atirou o corpo inanimado do coelho à irmã. - Fiz uma pausa para respirar, aquela cena ainda hoje me enjoava. - Se para uma criança de seis anos aquilo foi horrível, não consigo imaginar para uma de três. A minha reacção foi pegar nela ao colo e correr para dentro de casa. Mais tarde confrontei-a perguntando-lhe porque o tinha feito e a sua resposta foi perturbadora - "Porque tudo em que ela toca morre!".

- Que horror...! - Exclamou a Joanna.

- Nesse Natal a mãe ofereceu a Lya uma boneca de trapos, aquela que vimos no armário, e a Annie achou-a "boa" demais para a irmã então arrancou-a-lhe das mãos, a miúda apenas se encolheu.

- E os pais não fizeram nada? - Perguntou a Sonya indignada.

- Tudo o que a Annie lhe fazia não era na presença dos pais e a Lya nunca se queixou e quando eu falei com a mãe delas recebi uma resposta do género " É da idade, é normal." por isso nunca mais o fiz. No dia seguinte ao natal convidei-a para minha casa e ela trouxe a boneca então eu fiz-lhe o mesmo que ela tinha feito à irmã e castiguei-a.

- O que lhe fizeste?! - Ouvi o Bryan perguntar.

- Não interessa o que lhe fiz, o que interessa é que não foi o suficiente. - Cuspi irritada.

- O que queres dizer com isso? - O pânico começou a tomar conta de Claudya.

- Depois destes acontecimentos separamo-nos mas continuamos a encontrar-mo- nos de vez em quando mas eu passava mais tempo a brincar com a Lya do que com ela. Passado dois anos recebemos a noticia que a Lya tinha... morrido enquanto brincava no escorrega à hora de almoço no jardim infantil. - A minha expressão encontrava-se moldada pela raiva. - O medico relatou que ela tinha um braço partido e... e... ao cair fracturou o crânio tendo morte imediata.

- Tu não estas a insinuar que...

- Tenho certeza. - Disse interrompendo a Sonya que me olhava assustada. - Foi a Annie que a matou.

- Mas isso aconteceu na escola como poderia ter sido ela? - O dedo indicador de Joanna sangrava de ela tanto roer a unha.

- Porque uma criança de cinco anos não caía de um escorrega sozinha principalmente a criança em questão. A Annie ia ter com a irmã à hora de almoço levar-lhe a lancheira. Não sei porquê mas nesse dia empurrou-a do cimo do escorrega. - Os meus punhos estavam brancos devido a força com que os apertava.

Keep OutWhere stories live. Discover now