Capitulo 5 - Aparições

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Sustive a respiração o que me pareceu uma eternidade, a Joanna deslocou-se para trás de mim enquanto me esmagava a mão com o medo. Fitei-o intensamente, sem pestanejar, enquanto muito lentamente fechava a porta que nos separava dele. Apressadamente descemos as escadas. O cão ladrava e atirava-se contra a porta violentamente. Olhei para a lavandaria à procura de vassouras ou esfregonas, algo que desse para o enxotar à distância e em segurança, lá estavam elas encostadas ao canto. Peguei numa e atirei outra a Joanna, cautelosamente saímos pela pequena porta da lavandaria e corremos para o portão. Com o coração nas mãos ali ficamos à espera que eles regressassem.

Sonya

Degradante! Era a única palavra que encontrava para descrever este lugar. Comecei a duvidar que ainda fosse uma bomba de gasolina tal era o estado de decomposição, foi exactamente quando me virei para o edifício que reparo num homem velho de longas barbas e bigode por aparar parado, encostado à porta, a olhar fixamente para nós. Quando dei conta a Cathy estava colada a mim e os rapazes a dirigirem-se para ele, havia gritado sem me aperceber.

- O empregado combina com o estabelecimento. - Sussurrei para Cathy.

- Que má! - Riu-se.

Quando os rapazes voltaram traziam os bidões cheios felizmente! Sem demora fizemo-nos ao caminho, queria sair dali o mais rápido possível, ainda olhei uma última vez para trás chocando com o olhar do homem que se cravava em nós. Durante todo o percurso não vimos um único carro passar na estrada, o que era bastante perturbador para mim. Se acontecesse alguma coisa ninguém saberia nem socorreria.

Quando chegamos deparamo-nos com elas sentadas no degrau do portão. Fiquei pasmada com o que nos contaram, não faltava realmente acontecer mais nada.

Bryan

- Tem cuidado! - Pediu a Cathy.

Juntamente com Ryan entrei em casa de vassoura erguida, como a Claudya dissera que tinham fechado a porta que dava para o andar de baixo, entramos pela porta da lavandaria, mas antes espreitamos pela janela da porta principal para confirmar se ainda continuaria nos andares superiores. Não o avistamos mas pelo menos não tínhamos nenhum buraco na porta, o que nos permitiu entrar à vontade. Encostamos o ouvido à porta quando chegamos ao topo daquela parte da escadaria, não ouvíamos o característico arfar dos cães mas não confiamos apenas nisso espreitando por baixo da porta, também não se via nenhuma sombra que indicasse que ele poderia estar ali parado. Com receio, abrimo-la e prolongando o pescoço tentei procura-lo no corredor e à entrada da cozinha. Procuramos em todas as divisões, espreitamos em todos os cantos e recantos, abrimos todas as portas, até debaixo das camas investigamos e não havia sinais do animal. Optamos por sair para as informar.

 - Lá dentro não está nenhum cão... - Declarei.

- Como não? Acho que o tínhamos visto se tivesse saído! - Disse a Claudya na defensiva.

- Não estamos a duvidar mas garanto-te que ele saiu e muito provavelmente pelo mesmo sitio por onde entrou, que logicamente só pode ter sido pelas traseiras. O muro é relativamente baixo para um cão daquele porte. - Comentou o Ryan.

- É plausível! - Concordou a Cathy.

Fartas de estar sentadas nos rijos paralelos da rua, levantaram-se e correram para dentro. Nós atiramos as vassouras para a fonte e pegando nos bidões enchemos os depósitos de gasóleo mas como tínhamos demorado bastante mais tempo que o previsto, já não havia tempo suficiente para encontrar o shopping aberto. Depois de tratar-mos dos carros, preparei-me para começar a fazer o jantar, não que houvesse muitas opções.

Cathy

Depois de jantar como a noite estava agradável, pelo menos não corria aquele vento gélido, decidimos tentar meter uma aparelhagem empoeirada a funcionar mas em vão, enquanto vasculhávamos a lavandaria encontramos um radio com alguns anos mas que funcionava, o que era deveras irónico! As colunas não davam muito alto mas ouvia-se o suficiente para dançar no terraço, não podemos escolher o que queríamos ouvir mas divertimo-nos bastante na mesma. Os rapazes encontraram fatos e acessórios de Carnaval na arrecadação, o Ryan colocou uma peruca azul com um vestido de princesa cor-de-rosa e o Bryan vestiu-se de chinesa, como eram apertados, tropeçaram vários vezes nos seus próprios pés fazendo umas figurinhas muito cómicas.

Rapidamente as horas passaram, quando os ponteiros se juntaram marcando a meia-noite, o radio deixou de transmitir como se de um canal infantil se tratasse. Com os risos e as brincadeiras constantes não demos conta do frio regressar por isso arrefecemos. Corremos para o calor das nossas camas, trancando todas as portas e janelas pelo caminho.

Sonya

BANG! Abri os olhos assustada sentando-me na cama, por momentos julguei ter imaginado até que o barulho, que pareciam portas a bater, se voltou a ouvir. Considerei deitar-me e simplesmente ignorar mas a curiosidade levou a melhor. Calcei os chinelos de quarto e aproximei-me do vão das escadas com a lanterna do meu telemóvel, apontei-a mas só consegui iluminar até ao terceiro degrau. Desci os dois primeiros, voltando a ouvir o barulho; um arrepio percorreu-me o corpo, virei-a para a porta e as sombras mexeram-se. Paralisei. De costas e de luz em riste subi os degraus, o meu pijama colou-se-me ao corpo, estava transpirado devido ao medo. Algo se estava a passar, arrisco-me mesmo a dizer que se encontra alguém no andar de baixo que não era nenhum de nós pois estavam todos nas devidas camas. Decidi acordar a Cathy porque sozinha não ia, de certeza, ao piso inferior.

- Cathy? - Sussurrei abanando-a ligeiramente.

Não reagiu, voltei a tentar de uma forma mais bruta, conseguindo apenas que se virasse de costas para mim. Desta vez abanei-a como se estivesse a sacudir tapetes resultando. Mas com o susto rodou sobre si própria e como a cama não tinha muito espaço, acabou por cair batendo com os joelhos violentamente no chão. Ajudei-a a levantar-se e contei-lhe o que tinha acontecido.

- Portanto queres ir confirmar se está alguém no andar de baixo, é isso? - Perguntou enquanto decidia se se tratava de uma boa ou má proposta.

- Sim, na primeira gaveta no lado direito na cozinha está uma lanterna, vamos busca-la e procuramos... - Respondi com algum receio.

Um bocado a contragosto a Cathy levantou-se, agarradas descemos as escadas, um degrau de cada vez num estado de alerta constante. Conforme tinha dito lá estava a lanterna, peguei nela e passei-a pela cozinha, nada de anormal. Começamos a procurar naquele patamar, não havia nada debaixo das escadas nem na casa de banho, como continuávamos sem conseguir abrir a porta em frente, descemos ao outro piso. Destrancamos a porta de acesso e lentamente pisamos os degraus, na lavandaria a porta permanecia trancada e não havia nada fora do lugar, na sala também se encontrava tudo em ordem.

- Não está aqui ninguém. - Disse a Cathy aliviada.

- Mas eu tenho a certeza que vi alguma coisa! - Protestei.  

- Acredito mas não encontramos nada! - Contra protestou a Cathy.

Sei que não estou maluca mas posso estar a exagerar, posso ter visto a sombra de alguma cortina... Ou provavelmente a minha mente pregou-me uma partida.

- Vamos voltar para a cama. - Rematei.

Mal acabei de falar voltou-se a ouvir o barulho mais prolongado, como se pressionassem a porta contra o chão deliberadamente, encostei-me a Cathy agarrando-lhe o braço.

- Parece que vem da cozinha. - Murmurou a Cathy.

Trancamos tudo o que havíamos destrancado e pé ante pé posicionamo-nos na porta da cozinha, apontei a lanterna e mais uma vez não vi nada. Entramos, a Cathy enroscada em mim. Só havia um sítio onde ainda não tínhamos procurado, no canto onde se encontrava a lareira, aproximei-me receosa com aquilo que poderia encontrar. Respiramos fundo algumas vezes, inclinamo-nos e apontamos a luz. Reprimi um grito e senti o meu sangue gelar, à nossa frente estava efectivamente uma pessoa, só lhe conseguíamos ver os brilhantes olhos verdes, parecia um felino. Ergui o olhar e reparei num objecto que reluzia perante a luz, uma lâmina do que parecia um machado. Em uníssono recuamos, com os olhos cravados naquela pessoa. Paramos à entrada com a nossa invasora à nossa frente, mas estava demasiado escuro para a tentar identificar, com as mãos tremulas tentei estabilizar a luz, pela silhueta parecia uma mulher trajada toda de preto e encapuçada de forma aos seus olhos verdes sobressaírem em conjunto com os seus lábios pintados de vermelho. Os meus olhos perscrutavam a mulher à minha frente quando reparam num brilho a vir na minha direcção, o machado já não se encontrava nas suas mãos. 

Desculpem ser um capitulo pequeno mas queria mesmo acabar assim :DD 
Que acham que vai acontecer? Onde vai acertar o machado?
Votem :D E os vossos comentarios deixariam-me MUITO FELIZ por isso comentem pf <3

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