Capitulo 10 - Perdidos

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Estanquei na porta da bomba. Fechada. Não posso crer! A realidade voltou a abater-se sobre mim, desesperadamente agitei a porta, apesar do aspecto frágil não se mexeu. Vi o Bryan pegar numa pedra e atirá-la ao vidro, num ato tão rápido, não dando hipótese a nenhum de nós de reagir.

O vidro estilhaçou-se em mil pedaços tendo alguns acertado no braço esquerdo da Claudya enquanto protegia a cara, já o Bryan tinha algumas lacerações nos braços e na testa. Felizmente o resto estava afastado o suficiente não se magoando. Pelo buraco criado no vidro o Bryan entrou com um cuidado extremo devido aos bocados afiados que não se tinham espalhado pelo chão. Fiz menção de o seguir mas ele abanou a cabeça num sinal de desaprovação, indicando ao Ryan que o seguisse.

Ligeiramente irritada larguei a porta e dirigi-me para junto da Claudya onde já se encontrava a Sonya que lhe limpava os pequenos arranhões com gazes e água.

- Nada! Não tem sinal! - Gritou o Bryan de dentro da loja.

- Era de esperar. - Disse a Sonya.

- E agora que vamos fazer? Continuar a andar? - Resmungou a Claudya.

- Sim até chegar-mos a algum sítio onde possamos pedir ajuda. - Declarei.

- É a única coisa que podemos fazer. - Confirmou o Ryan quando saiu da loja.

O Bryan saiu atrás dele com algumas coisas nas mãos - garrafas de água. Desviei os olhos das mãos e reparei nos braços, mais propriamente no direito onde um bocado de vidro se alojou manchando-lhe a zona à volta de sangue que produziu uns fiozinhos que desciam para o pulso, a minha vontade era gritar, alerta-lo mas em vez disso deixei-o aproximar-se e enquanto guardava as garrafas na mochila esgueirei-me para dentro da loja.

As prateleiras estavam quase todas vazias, apenas se viam alguns pacotes de batatas fritas, cerveja e água. Por curiosidade peguei num e tal como preverá o prazo passara há anos. Não via o que procurava em lado nenhum por isso decidi entrar na zona reservada aos funcionários, as portas rangeram e quando o ar me tocou na cara trouxe um cheiro nauseabundo consigo. Há medida que percorria aquele corredor o cheiro intensificou-se provocando-me náuseas e com ele um rasto de moscas. Todos os meus sentidos me diziam para sair dali mas a minha determinação para encontrar a "farmácia" levou a melhor. Inspirei fundo e avancei um pouco mais avistando uma cruz vermelha num armário de vidro na parede, corri para lá. Para minha sorte tinha desinfestantes e alguns medicamentos, agarrei no que consegui e preparei-me para ir embora mas quando me virei paralisei, uma poça de sangue seco incrustado no chão estendia-se à minha frente, sobre ela um cadáver jazia, que aparentava ter bastante tempo. Teria gritado se os meus pulmões me tivessem deixado mas em vez disso fiquei a contemplar aquilo. Quando finalmente consegui obrigar-me a andar, corri aos tropeções para fora da loja, cortando a mão no vidro ao sair.

- Cathy! - Guinchou a Sonya perante a minha lividez.

Sentia que o meu sangue gelara.

- O que aconteceu? - Quis saber o Bryan.

- O homem que nos deu a gasolina não era o dono da bomba porque esse está morto há alguns anos. - Desbobinei.

- O quê? - Balbuciou a Claudya.

- Foi o que ouviram! - Atirei o que trazia para a mochila. - Vamos embora daqui, tratamos das feridas mais à frente.

Ninguém protestou porque não lhes dei hipótese dado que peguei na mochila e comecei a andar, primeiro caminhamos na estrada na esperança que alguém passasse, como tal não aconteceu metemo-nos no bosque novamente, onde paramos para comer e para descansar. Só quando passei a água à Sonya me lembrei do corte que tinha feito ao sentir uma dor ligeira.

- Dá-me a tua mão já! - Ordenou a Sonya.

Vasculhou na mochila e analisou o que poderia usar. Pegou num desinfestante e com gaze limpou-me o corte, o que me provocou uma mudança de expressão repentina. Colocou-me uma ligadura e sorriu.

- Obrigada. - Sorri de volta. - Bryan anda aqui, temos de ver o teu braço.

- Porquê?

- Olha!

- Não tinha dado conta. - Disse retirando o vidro com as mãos.

A Sonya abriu a boca e eu revirei os olhos. Contrariado sentou-se para que a Sonya lhe desinfestasse o "buraco" deixado pelo pedaço de vidro.

***

Estávamos de tal forma cansados e doridos que andamos apenas mais uns metros até encontrar uma zona minimamente relvada onde nos pudéssemos deitar.

Atirei-me para o chão mal tive oportunidade, as minhas pernas não aguentariam com o meu peso muito mais tempo.

- Ainda acham que a Annie anda atrás de nós? - Perguntou a Claudya receosa com a possível confirmação.

- Não posso afirmar com 100% de certeza mas sei que ela não irá desistir tão facilmente.

Nesse momento passaram-me duas perguntas pela cabeça. Quem era o homem na bomba? E quem teria morto o verdadeiro dono? Tentei concentrar-me noutras coisas mas não consegui acabando por adormecer num sono perturbador, visualizando o cadáver e a Annie debruçada sobre ele.

Abri os olhos e vi o Bryan encostado a mim a afagar-me a cabeça. Reconfortada voltei a adormecer. 

Comecei a ouvir barulhos ao longe de uma forma quase imperceptível que aos poucos se foi intensificando, ao princípio achei que estava a imaginar mas tornou-se demasiado perto e demasiado real. Sobressaltada abri os olhos que foram ao encontro de outros mas estes eram diferentes, as pupilas dilatadas e a sua cor preta, à minha frente estava um coiote esfomeado.

Desculpem pela demora mas os exames ocupam imenso tempo e mesmo assim a segunda fase espera por mim :s

Espero que gostem <3 

Votem e comentem pleaseeeeee :3

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