Capitulo 9 - Primeira morte

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A Joanna gritou tombando para a frente, todos olhamos na sua direcção. O machado enterrado na sua perna impediu-a de se levantar e num piscar de olhos a Annie aterrou em cima dela, desenterrando a sua arma e dando-lhe um pontapé rodou-a de forma a puder vislumbrar-lhe as feições para presenciar a ausência de brilho nos seus olhos quando lhe cortou a garganta e ali ficou a esquarteja-la apesar de ser notório que Joanna morrera com o primeiro golpe. Agora quem gritava era eu, felizmente os outros encontravam-se mais longe não testemunhando de perto aquela crueldade.

- Isto é por tua causa! - Berrou enquanto recolhia o corpo inanimado de Joanna para dentro de casa.

Corri até não puder mais e vomitei todo o conteúdo do meu estômago. Olhei para trás pela primeira vez desde que iniciara a corrida, a casa não passava de um ponto minúsculo. A minha respiração abrandou e consegui erguer-me, tirando as mãos dos joelhos, que até ali me sustentavam o peso. Os meus braços exibiam cortes superficiais devido à velocidade com que afastara os ramos que se encontravam no meu caminho; já os das pernas tinham um aspecto ligeiramente pior tendo tingindo o pouco que sobrava das minhas meias pretas, de vermelho. Quando senti alguém tocar-me no ombro, assustei-me. Deparei-me com o Bryan que me puxou para si, de forma que eu pudesse enterrar a cabeça no seu peito. Encarei de novo o mundo, demorando uns segundos a compreender a paisagem à minha volta, os meus olhos chocaram com a expressão aterrorizada da Claudya, a sua cor rosada havia-se evaporado dando lugar a um branco desconcertante, os seus olhos fitavam o chão onde os seus pés se agitavam; sentada naquele tronco toda encolhida até parecia uma miúda pequena. A Sonya agarrava o Ryan com todas as suas forças, repuxando-lhe a parte de trás da camisola, este afagava-lhe o cabelo na esperança de a sossegar, pelo movimento de ombros dela diria que estava a chorar. Olhei para o Bryan procurando algum tipo de emoção nos seus olhos mas a sua expressão encontrava-se imperscrutável.

Frustrada por, mais uma vez, não ter sido capaz de impedir a Annie, deixei-me cair no chão, rasgando ainda mais as meias, aproveitei para examinar as minhas novas aquisições, na parte traseira da barriga da perna tinha um espinho enterrado provavelmente oriundo das silvas que por ali abundavam. Sem pensar duas vezes puxei-o, o que me provocou alguma dor, que apenas se reflectiu numa careta.

Ficamos imobilizados a fitar o vazio o que me pareceu uma eternidade até que no silêncio ecoou a voz de Bryan devolvendo-nos a realidade.

- Não podemos ficar aqui, não tarda a escurecer. Vamos tentar encontrar a estrada.

Ninguém se opôs porque, na realidade, nenhum de nós sabia o que fazer, limitando-nos a andar seguindo-o como se fossemos filhotes e ele o progenitor. Andamos em linha recta na tentativa de sair do denso mato em vez de nos embrenharmos mais por andar em círculos. Parecia que andávamos no centro de espelhos dada a semelhança que o nosso lado esquerdo tinha com o direito. A escuridão ameaçava cair sobre nós a qualquer momento e não havia nenhum sinal de civilização no horizonte, não podíamos fazer mais nada a não ser procurar um sítio minimamente escondido para passarmos a noite antes da pouca luminosidade desaparecer de vez.

- Aquilo vai ter de servir. - Declarou o Ryan apontando para uma abertura semi-iluminada pelo luar. - Bryan e Cathy recolham alguns paus para fazermos uma fogueira.

- Uma fogueira? Enlouqueceram? Ainda pegamos fogo a isto tudo! - Guinchou a Claudya surpreendendo-nos a todos.

- A temperatura vai descer bastante e a roupa que temos vestida não vai chegar. - Explicou o Bryan calmamente.

Fiz um esforço para me manter atenta à conversa mas os tons de voz calmos dos rapazes faziam-me alguma confusão, pelo que optei por começar a tarefa que me foi pedida enquanto eles continuavam.

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