Capitulo 11 - Perseguição

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A minha pele perdeu toda a cor. Como nos íamos safar disto?! Olhei para o Bryan e procurei uma resposta nos seus olhos mas apenas vi reflectida a minha expressão, uma expressão de terror, de puro medo. Passei os olhos pelos outros, a Sonya estava agarrada ao Ryan, agarrada como se a vida dela depende-se disso tais eram as manchas brancas nos nós dos dedos. A Claudya encontrava-se paralisada com uma expressão de choque, parecia que ia desmaiar a qualquer momento.

Desesperadamente olhei em redor procurando por algo que lhe pudesse atirar, por entre paus e folhas avistei uma pedra mais ou menos do tamanho do meu pé. Fiz sinal ao Bryan sem chamar a atenção do animal ou pelo menos assim tentei mas a posição de ataque que o animal adquirira dificultara as coisas, assobiando em conjunto os rapazes desviaram a atenção do animal que girou a cabeça na direcção deles dando dois passos em frente virando-me o dorso. Num movimento extremamente rápido e fluido peguei nela e atirei-lha com toda a força; enquanto o animal agitava a cabeça posemo-nos em fuga.

Corremos o mais rápido que a nossa respiração permitia, batendo em galhos que nos apareciam pela frente sem nos dar tempo para os afastar e tropeçando em raízes e pedras por não ter-mos tempo de vislumbrar onde colocávamos os pés. Não olhei para trás momento algum nem mesmo para verificar se o animal nos seguia até ouvir um grito seguido de um estrondo. Saltei e gelei antes de me virar, soltando a respiração ao ver o que realmente tinha acontecido, o que se tornou numa visão bastante melhor. A Sonya estava caída agarrada à perna esquerda de onde duas linhas escarlate brotavam manchando as suas justas calças de ganga. A poucos milímetros do pé da Sonya encontrava-se um buraco de dimensões anormais, que não podia ter sido feito pela mãe natureza, como tal restava apenas uma opção: era uma armadilha. Aproximei-me do grande vazio enquanto os outros ajudavam a Sonya; se soubesse o que iria ver optava por não espreitar, no fundo erguiam-se umas estacas nas quais o coiote se enterrara, uma delas perfurara-lhe um olho e as outras duas o dorso.

Ouvi a Claudya gritar ao ver tal cenário e a Sonya respirar de alívio.

Sonya

A minha respiração não colaborava comigo, pelo menos não da forma que eu pretendia, à medida que eu avançava uma dor acumulava-se na zona dos pulmões transmitindo uma dor igualmente desconfortável ao nível do lobo frontal que emitia o comando aos meus olhos para se desgovernarem; como consequência o caminho tornou-se mais turvo e sinuoso fazendo-me tropeçar numa raiz levantada. Fiz um esforço sobre-humano para amparar a queda com as mãos no sentido de proteger a cabeça; tentei levantar-me de imediato apesar das dores crescentes, cambaleei ainda com as mãos no chão quando sinto uma grande pressão da coxa esquerda que me provoca uma dor superior a todas as outras forçando-me a abrir as goelas para gritar, um grito oco e seco que ecoou pela mata alertando todos para o sucedido. Mal consegui vislumbrar o coiote agarrado à minha perna devido ao buraco que se abrira no local onde ele se encontrava, do seu ataque apenas restava um dente cravado e uma poça pegajosa avermelhada que colava o tecido à pele. Ao ver que o perigo iminente passara e ao sentir os braços quentes e seguros de Ryan suspirei permitindo-me ceder ao chamamento egoísta da escuridão.

Cathy

- Sonya! - Ouvi o Ryan gritar enquanto carregava uma Sonya inconsciente para longe do buraco.

Pousou-a num sítio minimamente confortável e examinou-lhe a perna.

- Álcool por favor. - Pedi tomando as rédeas da situação.

Desinfectei os buracos deixados pelos dentes tirando o que lá ficou com demasiado cuidado. Não pude deixar de fazer má cara perante o aspecto que aparentava, os rasgões eram profundos e vermelhos vivos. Não comentei. Passei o bocado de calças que arranquei ao Ryan e deixei a tarefa de a despertar para ele.

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